terça-feira, 19 de agosto de 2008

Tempo de mudanças.Hoje ou eternamente amanhã

www.vidasmarranas.blogspot

Creio que as reais possibilidades de mudança estão porvir e levado a pensar no que precisamos encarar como tarefas inadiáveis.Projetos coletivos,de esperanças e sonhos de uma sociedade sem discriminações,sem exclusões,plurais,democráticas e sustentáveis.

É claro que tarefas assim são para mais de um mero ano,implicam largo prazo,décadas,gerações,etc.Mas primeira e fundamental tarefa é imaginar grandes processos e mudanças para fortalecer a vontade de agir no aqui e agora e incidir nas relações sociais e nos processos concretos,capazes de desencadear lógicas estruturantes do novo.Segundo é avaliar bem as circunstâncias sociais e históricas,os riscos e desafios que podem se interpor no caminho e como encará-los. A democracia aponta um ideal que é, na verdade, um processo virtuoso de construção de sociedades mais livres,igualitárias,mais valorizadoras da diversidade intrínseca,solidárias e mais participativas ,mas dá também o método,ou seja,implica em se engajar, disputar e cooperar, sob a luz de tais princípios e valores,nos quais os fins não justificam os meios e sim os qualificam,gerando um processo incerto de avanços e recuos,de rupturas e de compromissos possíveis.Assim fixados os parâmetros, trata-se de ver riscos e desafios do ângulo d'uma 'democracia radical'.

O maior risco que ronda os ares as vésperas de mais uma eleição vem se manifestando há alguns anos.É confundirmos a democracia como ideal e proposta com o que temos no Brasil,na região,no mundo.Que sociedade queremos e almejados?Ate quando discutir a sociedade utópica ? Radicalismo, Anomia ou qual outra terminologia e ação?

Vivemos uma situação de democracia contida em seu potencial transformador, pois capturada de algum modo por forças e interesses que, no contexto democrático, esvaziaram o poder político e impuseram uma agenda de globalização econômico-financeira centrada no mercado.Muita gente, inclusive no campo das organizações de cidadania ativa da sociedade civil, já começa a se interrogar,uns dizem que perigosamente, se a opção democrática é o melhor caminho.É?E qual democracia?Diante disto,é fundamental ser intransigente e radical para ir alem e enfrentar os limites da democracia real, em busca da solução 'democratica', isto é, em que tenha se mais participação, mais disposição de disputa em cada campo e esfera da vida.

Claro que é indispensável reafirmar e defender a institucionalidade democrática duramente conquistada, mesmo se ainda pouco eficiente. Poderemos alias ser vitimas de radicalismos de Direita,do contrario.Democracia nisto é condição fundamental e dela devemos partir para 'radicalizar ' a própria democracia. Trata-se, isto sim, de reconhecer que a tarefa coletiva de radicalização democrática tem na institucionalidade democrática uma condição necessária, porém insuficiente até aqui para dar conta das múltiplas formas de exclusões e negações de direitos de cidadania, da desigualdade,da violência,da destruição acelerada do patrimônio comum da vida, a natureza, ao mesmo tempo em que se nega para muitos(as) o acesso aos recursos comuns

É de uma nova e grande onda irresistível de democratização que precisamos, uma onda de idéias, de demandas, de movimentos efetivos. É incompatível com a democracia a segregação e a violência reinante em nossas grandes cidades. Estamos em uma espécie de guerra civil larval, com mais mortes violentas do que em guerras declaradas. Cidadania não pode conviver com isto.

A ineficiência do Estado democrático em prover segurança é patente. Mas o cinismo de estratos médios e dos ricos,nos seus prédios e condomínios gradeados,é também parte do problema da segregação e violência.E aos pobres soçobra as formas de sub- leis e sub -ordens locais que se aproveitam da ausência do Estado e tornam se localmente o Judiciário,Legislativo e o Executivo ,o que nos afirma estarmos diante de uma verdadeira emergência, que exige ação imediata perante a ameaça do neocoronelismo urbano

Em escala social temos problemas urbanos agravados pelo crescimento desordenado, a falta de políticas habitacionais e de transporte. O individualismo se aproveita das novas concepções de inserção social e da aparente democracia vivida resultando num emaranhado de superposição de classes que desigualmente participam do crescimento econômico.Alias, que forma de crescimento é o desejado?

Há urgência em retomar o questionamento do que seja desenvolvimento de uma perspectiva de democracia radical.Não fomos capazes até aqui de nos contrapormos ao descalabro do crescimento do PIB como expressão da riqueza coletiva.PIB que cresce na mesma proporção da destruição da natureza, hoje em escala planetária.Já imaginamos o quanto de natureza se pode poupar localizando as economias,segundo o princípio de produzir aqui, o que for possível, para consumir aqui?Por que necessitamos do empuxe das exportações para crescer? Não vale a pena se perguntar se construiremos democracia exportando produtos que carregam destruição ambiental e todo o sofrimento humano de milhões que não têm acesso a produtos essenciais?

Com o aquecimento global,a questão ambiental finalmente motiva amplos setores e perpassa todos os segmentos sociais. As condições para ações efetivas de mudança e de construção de bases de sustentabilidade de uma perspectiva democrática nunca foram tão efetivas.O desafio,porém,é mostrar que não se trata apenas de adaptação de práticas e continuar devastando os recursos naturais como sempre.Isto até pode dar sobrevida a uma lógica de negócios e de acumulação privada de lucros.Não resolverá a sustentabilidade e muito menos criará mais justiça social no acesso e uso dos grandes recursos.

A questão ambiental se soma à questão da exclusão e da desigualdade para revelar que estamos, na verdade, diante de uma crise de civilização, do industrialismo e consumismo, na qual modos de produção, modos de consumo e estilos de vida estão em questão por destruírem a base natural da vida e por excluírem a maioria da população.Estamos em ano eleitoral,de eleições de prefeitos e vereadores.É do local que se trata.Para revitalizar a democracia, nada como o local,espaço público imediato de nossa cidadania.A violência,o meio ambiente, economia podem ser politizados e reagendados a partir deste locus da cidadania.O ano, portanto,é oportuno para renovar ousadias na disputa política e fixar bases de mudança.

A.