Israel, sempre Israel!Chaim am Israel!
Reescritura do artigo
Eleições Israelenses -Pragmatismo Pluralismo e perspectivas
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Falar dos resultados das atuais eleições israelenses traz a tona uma serie de comparações pragmáticas de boa parte do eleitorado israelense, bem como da guinada a um centrismo ideológico do maior partido de esquerda israelense, o HaAvodá.Restou pouco para dizer o que seja esquerda progressista israelense embora no campo de articulações uma oposição a um governo de direita leve a um rearranjo de pensamentos progressistas e com maiores ações em relações a questões sócias de suas bases eleitorais. Mas nada é tão simples para como fazem os duros críticos a Israel, vincularem com adjetivos ridículos os resultados como ' de uma crescente fascista' israeli. E veremos por que:
Em meio a partidos como o Shas- religioso e sefarad, o Comunista israelense , Hadash,no qual muitos afiliados também são árabes israelenses,Meretz –Yachad , da esquerda (resumido agora a três cadeiras) e alguns muitos partidos minúsculos ou curiosos como os que defendem a legalização da maconha, religiosos ortodoxos de esquerda, dos aposentados, tivemos por fim a vitoria do Kadima, com ínfima vantagem sobre o direitista Likud de Benjamin Netaniahu. Todavia, ainda assim ,sob excelsas criticas de analistas do Haaretz e intelectuais da esquerda israelense, vale frisar que por maiores problemas que Israel possa ter, sua democracia tem de ser defendida, bem como que, apesar da Direita sair vitoriosa, há receios do eleitorado que votou a favor do Kadima, em relação ao Israel Beitenu de extrema direita nacionalista.
E uma vez mais, embora enfraquecido do ponto de vista de obter cadeiras no Knesset, o Haavoda estará como sempre na lista de partidos de Coalizão.Ao menos é o que se espera ,por que analisar eleições em Israel não pode se resumir ao embate histórico entre Direita e Esquerda, mas sim, a própria vitalidade que há desta dinâmica para com a política externa israelense,a necessidade de sobreviver em meio a crises e ameaças constantes.Isto por que no mais Israel é um pequeno pais, cercado de temores, a medida que, não cabe ocultar possíveis excessos, mas também frisar a legitimidade de sua existência , o direito de pais ,lar para o povo judeu, e por assim constante interesse para solucionar uma questão a qual não apenas depende do esforço e conversação dos israelenses. Não apenas!
Com a vitória apertada do Kadima, a chance de o partido de Livni formar uma coalizão
de união nacional é alta. Isto garantiria a formação de um governo de centro-direita liderado por Bibi e que teria grandes dificuldades em controlar uma coalizão direitista englobando partidos seculares e religiosos. Se esse for o caso, nos assuntos relacionados aos palestinos, e talvez tenderá a favorecer relações próximas com a Jordânia, com vistas a estabilizar ao máximo a situação política interna e provocar uma pronunciada melhora na economia palestina.
O partido Israel Beiteinu ("Israel é nosso lar") obteve 15 das 120 cadeiras do Parlamento, atrás do governista Kadima, que conseguiu 28 assentos e do Likud, com 27superando também o Partido Trabalhista,HaAvoda, fundador do Estado de Israel, que ficou com 13 cadeiras.
Com isso, toda a atenção se voltou para Ivet (Lieberman) que poderá definir quem será o próximo primeiro-ministro de Israel e qual será a linha política da nova coalizão governamental.
Quanto ao HaAvodá, que já teve David Ben Gurion no comando,podemos observar que vem perdendo espaço desde o final da década de 1960. O declínio se acelerou sob o governo de Ehud Barak, que, além de não resolver os problemas com os palestinos, vem sendo investigado pela polícia israelense por um suposto caso de corrupção.
Grande icone da esquerda ideologica,o trabalhismo estabeleceu os acordos provisórios de paz com os palestinos na década de 1990, sob a liderança de Yitzhak Rabin, assassinado em 1995 por um nacionalista Igal Amir, e Shimon Peres, hoje presidente de Israel (um cargo protocolar). Vale ressaltar que em Israel o que vigora é o parlamentarismo – o premiê é quem tem o principal cargo.
A importância da esquerda israelense sempre marcou o espaço de disputas do pais. Anterior a criação do próprio estado,sua ideologia já marcante através da presença dos kibutzim,que nos serve como exemplo da montagem de um Estado não pautado sob uma ótica colonialista como ousam criticar a formação de Israel. Alias, Israel foi o pais que exemplarmente ainda quando recém formado fez questão de controlar ou mesmo aprisionar seus radicais, tais como fez com os grupos Stern e Irgun. Do operariado das primeiras décadas do séc XX ao governo de Golda Meir, passando por inúmeras crises e guerras , pautou-se em lutar por um modelo de bem estar, mais humano , mais participativo .inclusivo e distributivo, e que harmonizasse com os valores judaicos de justiça e bem estar social.
Atualmente a esquerda disputou com Barak as eleições. Primeiro-ministro em 1999-2001, Barak retirou as tropas israelenses do sul do Líbano e estabeleceu um diálogo, sem sucesso, com a Síria e os palestinos. O erro foi a própria incursão pois o desgaste com a própria opinião interna foi ainda maior do que quando pressionavam o a tal ação.E ai começa a chave da questão do 'fracasso' nas urnas.Muitos especialistas apontam que o eleitorado entendeu que o problema do partido trabalhista israelense deriva da inadequação de Barak para a liderança de um partido esquerdista. Seria o fato de que a política dos trabalhistas está impopular porque tem o líder errado,uma vez que as inclinações de Barak são centristas demais para um partido à esquerda do centro. "Talvez ele devesse estar no Kadima ou no Likud", alfinetou um cientista politico israeli .
Já o Israel Beiteinu de Lieberman tinha apenas 4 cadeiras no Parlamento quando foi fundado, em 1999. Com os resultados apertados e um intenso jogo de barganha política em andamento para a formação de um governo , as análises agora recaem sobre como uma maioria de direita no parlamento israelense.A grande dúvida é se o partido centrista Kadima ,da chanceler Tzipi Livni, aceitaria deixar o posto de premiê para Bibi *Byniamin Netaniahu, que possui melhores chances de formar uma coalizão com a ultra-direita e com partidos religiosos. A guinada à direita na distribuição de assentos do Knesset, segundo Pinhas Inbari -pesquisador político israelense, jornalista e especialista em assuntos árabe palestinos da Universidade Hebraica de Jerusalém, agrada os governos árabes e pode representar uma ameaça ao Irã.
"Pode parecer paradoxal, mas os árabes preferem uma coalizão de direita. Por um lado, eles calculam que um governo de direita pioraria a imagem israelense no exterior, enfraquecendo as posições de Israel em suas relações internacionais. Por outro, crêem que um governo direitista não necessariamente agiria em coordenação com os EUA e poderia optar por atacar as instalações nucleares do Irã, o que seria um alívio para muitos governantes árabes", explica
Segundo ele, é justamente no plano iraniano que diz poder haver maior probabilidade de uma alteração política. Um governo liderado por Tzipi Livni, ou que inclua o Kadima e a mantenha no posto de ministra das Relações Exteriores, tende a privilegiar a via diplomática e uma estreita coordenação com os americanos. Já um governo que inclua a extrema direita de Avigdor Liberman tem maior propensão a ignorar a posição dos EUA e pode atacar o Irã de forma isolada. O pesquisador afirma que mesmo se isso ocorrer, o Irã ainda pensará duas vezes antes de revidar o ataque de Israel. "Não é do interesse deles, mesmo que tenham seus reatores nucleares destruídos, travar uma guerra. O Irã depende de seus campos de petróleo, que são extremamente vulneráveis. Qualquer ataque a estes campos arrasaria a economia iraniana por décadas".
Inbari diz ainda que o novo governo não deve resultar em alterações quanto à questão síria. A questão das colinas do Golan,ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, é relativamente simples de ser resolvida, porque para a Síria, o retorno do território é muito mais simbólico do que estratégico, já que os equipamentos militares atuais superaram a vantagem que a altitude da região representava algumas décadas atrás. Pinhas Inbari diz que para a Síria, recuperar a influência no Líbano tem um peso muito maior do que reaver o Golan. "O Líbano representa efetivamente prestígio e poder político, militar e de barganha para a Síria. E para alcançar isto há que ocorrer um estreitamento das relações da Síria com o Irã, o Hezbollah e o Hamas. Para a Síria seria muito pouco interessante obter de volta o Golan em detrimento destas relações e de sua influência nos assuntos libaneses".
Quanto a Fatah ,ele crê na ascensão do Fatah em detrimento ao Hamas, que já está desgastado após a última guerra em Gaza". Já sobre os EUA este tem muitas preocupações em relação ao Oriente Médio e, por agora, é melhor uma ação coordenada que estabilize a ANP e reprima grupos extremistas e terroristas, gerando uma possibilidade real de negociação de paz".
sábado, 7 de março de 2009
terça-feira, 3 de março de 2009
Amoz Oz entrevistado pela Rede Al Jazeera
O Amoz Oz sempre surpreende e não é novidade. O autor de inúmeros romances famosos como ‘O Mesmo Mar’, ‘Caixa Preta’ e a analise de conflitos ‘Contra o Fanatismo’ ,não é um símbolo do pensamento progressista israelense por menos. Dono de uma invejável polidez,mas sem papas na língua, sempre sofisticado e com criticas contundentes, outra vez mostra o quanto que a sociedade israelense, diferente da imagem com a qual a comunidade em exílio mostra, é bem e em muito diversificada. Amoz Oz, que foi a favor da incursão em Gaza, a ultima, quando houve a necessidade de o governo israelense mostrar o seu poder perante as constantes ameaças pelos mísseis vindo de Gaza e que atingiam cidades do sul de Israel , nada mais que por oito ininterruptos anos, Amoz Oz também foi dos primeiros a ter ressalvas com a forma de defender-se , mas sem cometer exageros.
Tendo perdido um filho no conflito penúltimo contra o Hezbolah no sul do Libano, patriota, mas consciente de que a paz não pode vir pela troca mutua de tiros e apontarias contra militantes terroristas , mas que atingem também civis, mais uma vez mostrou que a paz , possível ,mas não fácil de ser alcançada, é um alvo que só poderá ser alcançado por muita mediação e ambas as partes cedendo em pontos intragáveis, mas necessários.Para ele são dois vizinhos que estão obrigados a criarem uma boa cerca, cada qual com sua terra,por que ambos estão ali e não retrocederam.Daí sua metáfora que a paz pretendida não virá como que por um casamento, mas sim, por um processo de divórcio, em que os conjuges aprenderão a ter de partilhar a casa.Cada qual com sua parte.
Por assim,Amoz Oz acabou por ser o convidado da emissora Al Jazeera. Sim a mesma alcunhada de mostrar o mundo árabe e também 'porta voz' dos grupos terroristas, como assim a mídia ocidental costumeiramente a denomina. Mas como a entrevista feita a Oz, vemos que a 'emissora do mundo árabe' tenta seguir uma linha do jornalismo ocidental, com programações comuns como a do mundo ocidentalizado. Nem melhor , nem pior, mas enfim acertaram: Ao trazerem Amoz Oz e ao mesmo tempo mostrarem o 'mundo árabe' torna-se porta voz de um mundo em que as nuances talvez não possa ser captado pelas objetivas e lentes 'ocidentais'. Assim sendo pela primeira vez uma voz em hebraico ecoou pela Tv ‘árabe’.
Tal como neste artigo da jornalista Letícia, que foi postado no Observatório da Imprensa. Neste mostra que a emissora de TV al-Jazeera cultivou, por anos, a fama de porta-voz da al-Qaeda. O canal tornou-se conhecido no Ocidente após os atentados de 11 de Setembro, quando exibiu vídeos de Osama Bin Laden e passou a ser vista como palco de propaganda terrorista. Com sede em Doha, no Catar, a al-Jazeera queria mudar de imagem e, ainda que continuasse como uma voz relevante para a comunidade árabe, tornar-se também uma alternativa informativa válida para o Ocidente.
Para tanto, os vídeos de Bin Laden foram engavetados. O espaço para discussão, em contrapartida, foi ampliado: pela primeira vez, ouviu-se um judeu israelense falar hebraico em um canal árabe. Ali, para o desespero de líderes conservadores, discute-se religião, política e guerra. Para aumentar ainda mais seu alcance, a Al Jazeera criou uma emissora em inglês, transmitida para mais de cem países. Recentemente, foi lançado um site intitulado I Want al-Jazeera (algo como "Eu quero al-Jazira") para dissipar mitos e esclarecer contradições sobre o canal.
Um dos programas que ajudam a desfazer a imagem de associação com o fanatismo é o Riz Khan Show, exibido ao vivo com a participação do público, que interage com os entrevistados por telefone, SMS ou internet. Riz Khan é um experiente jornalista nascido no Iêmen do Sul e criado na Inglaterra, que já trabalhou para emissoras como BBC e CNN e tem o sotaque britânico na conta certa e a destreza necessária para conduzir bem sucedidas entrevistas.
Uma delas, exibida há duas semanas (quarta-feira, 18/2), merece destaque. Khan entrevistou o escritor israelense Amós Oz, que, por pouco mais de 20 minutos, foi direto e preciso em questões sobre o conflito israelense-palestino. Oz quase não sorri e relaxa apenas em alguns breves momentos: quando um telespectador, por telefone, desculpa-se por não ter o inglês tão bom, o escritor, brincando, responde que também não tem. Ainda assim, a dureza na expressão de Oz não passa antipatia ou insensibilidade; serve de moldura para o tema tão complexo de que fala com tanto conhecimento.
Divórcio
O escritor defende a solução de dois Estados para que israelenses e palestinos possam viver em sociedade. Ele não compara a solução a uma lua de mel, mas a um divórcio. "Os palestinos não vão a lugar nenhum. Estão na Palestina para ficar na Palestina, com razão. Os israelenses estão em Israel e também não vão a lugar nenhum, com razão. Eles não podem se tornar uma família feliz porque não o são, não são felizes e não são nem ao menos uma família, são duas famílias", afirma. "Isso não é sobre se apaixonar e sair em lua de mel, é sobre um doloroso e talvez conturbado divórcio, e com certeza um divórcio curioso, pois as duas partes vão continuar a morar na mesma casa e terão que decidir quem fica com cada quarto e, como o apartamento é pequeno, as arrumações terão que ser feitas entre a cozinha e o banheiro. Isso vai ser complicado, mas é preferível à situação atual de opressão israelense e terrorismo palestino."
Por fim, Khan faz a mais básica das perguntas sobre o assunto: Oz acredita, com base em tudo que já viu e vivenciou, que é possível ser otimista de que um dia vá haver paz no Oriente Médio? Sim, responde o escritor. "Eu sei que, hoje, há mais palestinos pronunciando a palavra `Israel´, que por muitos anos eles se recusavam a dizer, e hoje muitos israelenses pronunciam a palavra `Palestina´, que por muitos anos também se recusavam a dizer. Por isso eu acho que, lá no fundo de toda a animosidade e ódio, há a constatação de que não há alternativa a não ser um difícil compromisso entre as duas partes, e eu acredito que este compromisso tem como se estabelecer."
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=527JDB008
Tendo perdido um filho no conflito penúltimo contra o Hezbolah no sul do Libano, patriota, mas consciente de que a paz não pode vir pela troca mutua de tiros e apontarias contra militantes terroristas , mas que atingem também civis, mais uma vez mostrou que a paz , possível ,mas não fácil de ser alcançada, é um alvo que só poderá ser alcançado por muita mediação e ambas as partes cedendo em pontos intragáveis, mas necessários.Para ele são dois vizinhos que estão obrigados a criarem uma boa cerca, cada qual com sua terra,por que ambos estão ali e não retrocederam.Daí sua metáfora que a paz pretendida não virá como que por um casamento, mas sim, por um processo de divórcio, em que os conjuges aprenderão a ter de partilhar a casa.Cada qual com sua parte.
Por assim,Amoz Oz acabou por ser o convidado da emissora Al Jazeera. Sim a mesma alcunhada de mostrar o mundo árabe e também 'porta voz' dos grupos terroristas, como assim a mídia ocidental costumeiramente a denomina. Mas como a entrevista feita a Oz, vemos que a 'emissora do mundo árabe' tenta seguir uma linha do jornalismo ocidental, com programações comuns como a do mundo ocidentalizado. Nem melhor , nem pior, mas enfim acertaram: Ao trazerem Amoz Oz e ao mesmo tempo mostrarem o 'mundo árabe' torna-se porta voz de um mundo em que as nuances talvez não possa ser captado pelas objetivas e lentes 'ocidentais'. Assim sendo pela primeira vez uma voz em hebraico ecoou pela Tv ‘árabe’.
Tal como neste artigo da jornalista Letícia, que foi postado no Observatório da Imprensa. Neste mostra que a emissora de TV al-Jazeera cultivou, por anos, a fama de porta-voz da al-Qaeda. O canal tornou-se conhecido no Ocidente após os atentados de 11 de Setembro, quando exibiu vídeos de Osama Bin Laden e passou a ser vista como palco de propaganda terrorista. Com sede em Doha, no Catar, a al-Jazeera queria mudar de imagem e, ainda que continuasse como uma voz relevante para a comunidade árabe, tornar-se também uma alternativa informativa válida para o Ocidente.
Para tanto, os vídeos de Bin Laden foram engavetados. O espaço para discussão, em contrapartida, foi ampliado: pela primeira vez, ouviu-se um judeu israelense falar hebraico em um canal árabe. Ali, para o desespero de líderes conservadores, discute-se religião, política e guerra. Para aumentar ainda mais seu alcance, a Al Jazeera criou uma emissora em inglês, transmitida para mais de cem países. Recentemente, foi lançado um site intitulado I Want al-Jazeera (algo como "Eu quero al-Jazira") para dissipar mitos e esclarecer contradições sobre o canal.
Um dos programas que ajudam a desfazer a imagem de associação com o fanatismo é o Riz Khan Show, exibido ao vivo com a participação do público, que interage com os entrevistados por telefone, SMS ou internet. Riz Khan é um experiente jornalista nascido no Iêmen do Sul e criado na Inglaterra, que já trabalhou para emissoras como BBC e CNN e tem o sotaque britânico na conta certa e a destreza necessária para conduzir bem sucedidas entrevistas.
Uma delas, exibida há duas semanas (quarta-feira, 18/2), merece destaque. Khan entrevistou o escritor israelense Amós Oz, que, por pouco mais de 20 minutos, foi direto e preciso em questões sobre o conflito israelense-palestino. Oz quase não sorri e relaxa apenas em alguns breves momentos: quando um telespectador, por telefone, desculpa-se por não ter o inglês tão bom, o escritor, brincando, responde que também não tem. Ainda assim, a dureza na expressão de Oz não passa antipatia ou insensibilidade; serve de moldura para o tema tão complexo de que fala com tanto conhecimento.
Divórcio
O escritor defende a solução de dois Estados para que israelenses e palestinos possam viver em sociedade. Ele não compara a solução a uma lua de mel, mas a um divórcio. "Os palestinos não vão a lugar nenhum. Estão na Palestina para ficar na Palestina, com razão. Os israelenses estão em Israel e também não vão a lugar nenhum, com razão. Eles não podem se tornar uma família feliz porque não o são, não são felizes e não são nem ao menos uma família, são duas famílias", afirma. "Isso não é sobre se apaixonar e sair em lua de mel, é sobre um doloroso e talvez conturbado divórcio, e com certeza um divórcio curioso, pois as duas partes vão continuar a morar na mesma casa e terão que decidir quem fica com cada quarto e, como o apartamento é pequeno, as arrumações terão que ser feitas entre a cozinha e o banheiro. Isso vai ser complicado, mas é preferível à situação atual de opressão israelense e terrorismo palestino."
Por fim, Khan faz a mais básica das perguntas sobre o assunto: Oz acredita, com base em tudo que já viu e vivenciou, que é possível ser otimista de que um dia vá haver paz no Oriente Médio? Sim, responde o escritor. "Eu sei que, hoje, há mais palestinos pronunciando a palavra `Israel´, que por muitos anos eles se recusavam a dizer, e hoje muitos israelenses pronunciam a palavra `Palestina´, que por muitos anos também se recusavam a dizer. Por isso eu acho que, lá no fundo de toda a animosidade e ódio, há a constatação de que não há alternativa a não ser um difícil compromisso entre as duas partes, e eu acredito que este compromisso tem como se estabelecer."
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