O Amoz Oz sempre surpreende e não é novidade. O autor de inúmeros romances famosos como ‘O Mesmo Mar’, ‘Caixa Preta’ e a analise de conflitos ‘Contra o Fanatismo’ ,não é um símbolo do pensamento progressista israelense por menos. Dono de uma invejável polidez,mas sem papas na língua, sempre sofisticado e com criticas contundentes, outra vez mostra o quanto que a sociedade israelense, diferente da imagem com a qual a comunidade em exílio mostra, é bem e em muito diversificada. Amoz Oz, que foi a favor da incursão em Gaza, a ultima, quando houve a necessidade de o governo israelense mostrar o seu poder perante as constantes ameaças pelos mísseis vindo de Gaza e que atingiam cidades do sul de Israel , nada mais que por oito ininterruptos anos, Amoz Oz também foi dos primeiros a ter ressalvas com a forma de defender-se , mas sem cometer exageros.
Tendo perdido um filho no conflito penúltimo contra o Hezbolah no sul do Libano, patriota, mas consciente de que a paz não pode vir pela troca mutua de tiros e apontarias contra militantes terroristas , mas que atingem também civis, mais uma vez mostrou que a paz , possível ,mas não fácil de ser alcançada, é um alvo que só poderá ser alcançado por muita mediação e ambas as partes cedendo em pontos intragáveis, mas necessários.Para ele são dois vizinhos que estão obrigados a criarem uma boa cerca, cada qual com sua terra,por que ambos estão ali e não retrocederam.Daí sua metáfora que a paz pretendida não virá como que por um casamento, mas sim, por um processo de divórcio, em que os conjuges aprenderão a ter de partilhar a casa.Cada qual com sua parte.
Por assim,Amoz Oz acabou por ser o convidado da emissora Al Jazeera. Sim a mesma alcunhada de mostrar o mundo árabe e também 'porta voz' dos grupos terroristas, como assim a mídia ocidental costumeiramente a denomina. Mas como a entrevista feita a Oz, vemos que a 'emissora do mundo árabe' tenta seguir uma linha do jornalismo ocidental, com programações comuns como a do mundo ocidentalizado. Nem melhor , nem pior, mas enfim acertaram: Ao trazerem Amoz Oz e ao mesmo tempo mostrarem o 'mundo árabe' torna-se porta voz de um mundo em que as nuances talvez não possa ser captado pelas objetivas e lentes 'ocidentais'. Assim sendo pela primeira vez uma voz em hebraico ecoou pela Tv ‘árabe’.
Tal como neste artigo da jornalista Letícia, que foi postado no Observatório da Imprensa. Neste mostra que a emissora de TV al-Jazeera cultivou, por anos, a fama de porta-voz da al-Qaeda. O canal tornou-se conhecido no Ocidente após os atentados de 11 de Setembro, quando exibiu vídeos de Osama Bin Laden e passou a ser vista como palco de propaganda terrorista. Com sede em Doha, no Catar, a al-Jazeera queria mudar de imagem e, ainda que continuasse como uma voz relevante para a comunidade árabe, tornar-se também uma alternativa informativa válida para o Ocidente.
Para tanto, os vídeos de Bin Laden foram engavetados. O espaço para discussão, em contrapartida, foi ampliado: pela primeira vez, ouviu-se um judeu israelense falar hebraico em um canal árabe. Ali, para o desespero de líderes conservadores, discute-se religião, política e guerra. Para aumentar ainda mais seu alcance, a Al Jazeera criou uma emissora em inglês, transmitida para mais de cem países. Recentemente, foi lançado um site intitulado I Want al-Jazeera (algo como "Eu quero al-Jazira") para dissipar mitos e esclarecer contradições sobre o canal.
Um dos programas que ajudam a desfazer a imagem de associação com o fanatismo é o Riz Khan Show, exibido ao vivo com a participação do público, que interage com os entrevistados por telefone, SMS ou internet. Riz Khan é um experiente jornalista nascido no Iêmen do Sul e criado na Inglaterra, que já trabalhou para emissoras como BBC e CNN e tem o sotaque britânico na conta certa e a destreza necessária para conduzir bem sucedidas entrevistas.
Uma delas, exibida há duas semanas (quarta-feira, 18/2), merece destaque. Khan entrevistou o escritor israelense Amós Oz, que, por pouco mais de 20 minutos, foi direto e preciso em questões sobre o conflito israelense-palestino. Oz quase não sorri e relaxa apenas em alguns breves momentos: quando um telespectador, por telefone, desculpa-se por não ter o inglês tão bom, o escritor, brincando, responde que também não tem. Ainda assim, a dureza na expressão de Oz não passa antipatia ou insensibilidade; serve de moldura para o tema tão complexo de que fala com tanto conhecimento.
Divórcio
O escritor defende a solução de dois Estados para que israelenses e palestinos possam viver em sociedade. Ele não compara a solução a uma lua de mel, mas a um divórcio. "Os palestinos não vão a lugar nenhum. Estão na Palestina para ficar na Palestina, com razão. Os israelenses estão em Israel e também não vão a lugar nenhum, com razão. Eles não podem se tornar uma família feliz porque não o são, não são felizes e não são nem ao menos uma família, são duas famílias", afirma. "Isso não é sobre se apaixonar e sair em lua de mel, é sobre um doloroso e talvez conturbado divórcio, e com certeza um divórcio curioso, pois as duas partes vão continuar a morar na mesma casa e terão que decidir quem fica com cada quarto e, como o apartamento é pequeno, as arrumações terão que ser feitas entre a cozinha e o banheiro. Isso vai ser complicado, mas é preferível à situação atual de opressão israelense e terrorismo palestino."
Por fim, Khan faz a mais básica das perguntas sobre o assunto: Oz acredita, com base em tudo que já viu e vivenciou, que é possível ser otimista de que um dia vá haver paz no Oriente Médio? Sim, responde o escritor. "Eu sei que, hoje, há mais palestinos pronunciando a palavra `Israel´, que por muitos anos eles se recusavam a dizer, e hoje muitos israelenses pronunciam a palavra `Palestina´, que por muitos anos também se recusavam a dizer. Por isso eu acho que, lá no fundo de toda a animosidade e ódio, há a constatação de que não há alternativa a não ser um difícil compromisso entre as duas partes, e eu acredito que este compromisso tem como se estabelecer."
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=527JDB008
terça-feira, 3 de março de 2009
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