sábado, 7 de março de 2009

Eleições Israelenses -Pragmatismo Pluralismo e perspectivas

Israel, sempre Israel!Chaim am Israel!

Reescritura do artigo

Eleições Israelenses -Pragmatismo Pluralismo e perspectivas



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Falar dos resultados das atuais eleições israelenses traz a tona uma serie de comparações pragmáticas de boa parte do eleitorado israelense, bem como da guinada a um centrismo ideológico do maior partido de esquerda israelense, o HaAvodá.Restou pouco para dizer o que seja esquerda progressista israelense embora no campo de articulações uma oposição a um governo de direita leve a um rearranjo de pensamentos progressistas e com maiores ações em relações a questões sócias de suas bases eleitorais. Mas nada é tão simples para como fazem os duros críticos a Israel, vincularem com adjetivos ridículos os resultados como ' de uma crescente fascista' israeli. E veremos por que:

Em meio a partidos como o Shas- religioso e sefarad, o Comunista israelense , Hadash,no qual muitos afiliados também são árabes israelenses,Meretz –Yachad , da esquerda (resumido agora a três cadeiras) e alguns muitos partidos minúsculos ou curiosos como os que defendem a legalização da maconha, religiosos ortodoxos de esquerda, dos aposentados, tivemos por fim a vitoria do Kadima, com ínfima vantagem sobre o direitista Likud de Benjamin Netaniahu. Todavia, ainda assim ,sob excelsas criticas de analistas do Haaretz e intelectuais da esquerda israelense, vale frisar que por maiores problemas que Israel possa ter, sua democracia tem de ser defendida, bem como que, apesar da Direita sair vitoriosa, há receios do eleitorado que votou a favor do Kadima, em relação ao Israel Beitenu de extrema direita nacionalista.

E uma vez mais, embora enfraquecido do ponto de vista de obter cadeiras no Knesset, o Haavoda estará como sempre na lista de partidos de Coalizão.Ao menos é o que se espera ,por que analisar eleições em Israel não pode se resumir ao embate histórico entre Direita e Esquerda, mas sim, a própria vitalidade que há desta dinâmica para com a política externa israelense,a necessidade de sobreviver em meio a crises e ameaças constantes.Isto por que no mais Israel é um pequeno pais, cercado de temores, a medida que, não cabe ocultar possíveis excessos, mas também frisar a legitimidade de sua existência , o direito de pais ,lar para o povo judeu, e por assim constante interesse para solucionar uma questão a qual não apenas depende do esforço e conversação dos israelenses. Não apenas!


Com a vitória apertada do Kadima, a chance de o partido de Livni formar uma coalizão
de união nacional é alta. Isto garantiria a formação de um governo de centro-direita liderado por Bibi e que teria grandes dificuldades em controlar uma coalizão direitista englobando partidos seculares e religiosos. Se esse for o caso, nos assuntos relacionados aos palestinos, e talvez tenderá a favorecer relações próximas com a Jordânia, com vistas a estabilizar ao máximo a situação política interna e provocar uma pronunciada melhora na economia palestina.

O partido Israel Beiteinu ("Israel é nosso lar") obteve 15 das 120 cadeiras do Parlamento, atrás do governista Kadima, que conseguiu 28 assentos e do Likud, com 27superando também o Partido Trabalhista,HaAvoda, fundador do Estado de Israel, que ficou com 13 cadeiras.

Com isso, toda a atenção se voltou para Ivet (Lieberman) que poderá definir quem será o próximo primeiro-ministro de Israel e qual será a linha política da nova coalizão governamental.

Quanto ao HaAvodá, que já teve David Ben Gurion no comando,podemos observar que vem perdendo espaço desde o final da década de 1960. O declínio se acelerou sob o governo de Ehud Barak, que, além de não resolver os problemas com os palestinos, vem sendo investigado pela polícia israelense por um suposto caso de corrupção.

Grande icone da esquerda ideologica,o trabalhismo estabeleceu os acordos provisórios de paz com os palestinos na década de 1990, sob a liderança de Yitzhak Rabin, assassinado em 1995 por um nacionalista Igal Amir, e Shimon Peres, hoje presidente de Israel (um cargo protocolar). Vale ressaltar que em Israel o que vigora é o parlamentarismo – o premiê é quem tem o principal cargo.

A importância da esquerda israelense sempre marcou o espaço de disputas do pais. Anterior a criação do próprio estado,sua ideologia já marcante através da presença dos kibutzim,que nos serve como exemplo da montagem de um Estado não pautado sob uma ótica colonialista como ousam criticar a formação de Israel. Alias, Israel foi o pais que exemplarmente ainda quando recém formado fez questão de controlar ou mesmo aprisionar seus radicais, tais como fez com os grupos Stern e Irgun. Do operariado das primeiras décadas do séc XX ao governo de Golda Meir, passando por inúmeras crises e guerras , pautou-se em lutar por um modelo de bem estar, mais humano , mais participativo .inclusivo e distributivo, e que harmonizasse com os valores judaicos de justiça e bem estar social.

Atualmente a esquerda disputou com Barak as eleições. Primeiro-ministro em 1999-2001, Barak retirou as tropas israelenses do sul do Líbano e estabeleceu um diálogo, sem sucesso, com a Síria e os palestinos. O erro foi a própria incursão pois o desgaste com a própria opinião interna foi ainda maior do que quando pressionavam o a tal ação.E ai começa a chave da questão do 'fracasso' nas urnas.Muitos especialistas apontam que o eleitorado entendeu que o problema do partido trabalhista israelense deriva da inadequação de Barak para a liderança de um partido esquerdista. Seria o fato de que a política dos trabalhistas está impopular porque tem o líder errado,uma vez que as inclinações de Barak são centristas demais para um partido à esquerda do centro. "Talvez ele devesse estar no Kadima ou no Likud", alfinetou um cientista politico israeli .

Já o Israel Beiteinu de Lieberman tinha apenas 4 cadeiras no Parlamento quando foi fundado, em 1999. Com os resultados apertados e um intenso jogo de barganha política em andamento para a formação de um governo , as análises agora recaem sobre como uma maioria de direita no parlamento israelense.A grande dúvida é se o partido centrista Kadima ,da chanceler Tzipi Livni, aceitaria deixar o posto de premiê para Bibi *Byniamin Netaniahu, que possui melhores chances de formar uma coalizão com a ultra-direita e com partidos religiosos. A guinada à direita na distribuição de assentos do Knesset, segundo Pinhas Inbari -pesquisador político israelense, jornalista e especialista em assuntos árabe palestinos da Universidade Hebraica de Jerusalém, agrada os governos árabes e pode representar uma ameaça ao Irã.

"Pode parecer paradoxal, mas os árabes preferem uma coalizão de direita. Por um lado, eles calculam que um governo de direita pioraria a imagem israelense no exterior, enfraquecendo as posições de Israel em suas relações internacionais. Por outro, crêem que um governo direitista não necessariamente agiria em coordenação com os EUA e poderia optar por atacar as instalações nucleares do Irã, o que seria um alívio para muitos governantes árabes", explica

Segundo ele, é justamente no plano iraniano que diz poder haver maior probabilidade de uma alteração política. Um governo liderado por Tzipi Livni, ou que inclua o Kadima e a mantenha no posto de ministra das Relações Exteriores, tende a privilegiar a via diplomática e uma estreita coordenação com os americanos. Já um governo que inclua a extrema direita de Avigdor Liberman tem maior propensão a ignorar a posição dos EUA e pode atacar o Irã de forma isolada. O pesquisador afirma que mesmo se isso ocorrer, o Irã ainda pensará duas vezes antes de revidar o ataque de Israel. "Não é do interesse deles, mesmo que tenham seus reatores nucleares destruídos, travar uma guerra. O Irã depende de seus campos de petróleo, que são extremamente vulneráveis. Qualquer ataque a estes campos arrasaria a economia iraniana por décadas".

Inbari diz ainda que o novo governo não deve resultar em alterações quanto à questão síria. A questão das colinas do Golan,ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, é relativamente simples de ser resolvida, porque para a Síria, o retorno do território é muito mais simbólico do que estratégico, já que os equipamentos militares atuais superaram a vantagem que a altitude da região representava algumas décadas atrás. Pinhas Inbari diz que para a Síria, recuperar a influência no Líbano tem um peso muito maior do que reaver o Golan. "O Líbano representa efetivamente prestígio e poder político, militar e de barganha para a Síria. E para alcançar isto há que ocorrer um estreitamento das relações da Síria com o Irã, o Hezbollah e o Hamas. Para a Síria seria muito pouco interessante obter de volta o Golan em detrimento destas relações e de sua influência nos assuntos libaneses".

Quanto a Fatah ,ele crê na ascensão do Fatah em detrimento ao Hamas, que já está desgastado após a última guerra em Gaza". Já sobre os EUA este tem muitas preocupações em relação ao Oriente Médio e, por agora, é melhor uma ação coordenada que estabilize a ANP e reprima grupos extremistas e terroristas, gerando uma possibilidade real de negociação de paz".

terça-feira, 3 de março de 2009

Amoz Oz entrevistado pela Rede Al Jazeera

O Amoz Oz sempre surpreende e não é novidade. O autor de inúmeros romances famosos como ‘O Mesmo Mar’, ‘Caixa Preta’ e a analise de conflitos ‘Contra o Fanatismo’ ,não é um símbolo do pensamento progressista israelense por menos. Dono de uma invejável polidez,mas sem papas na língua, sempre sofisticado e com criticas contundentes, outra vez mostra o quanto que a sociedade israelense, diferente da imagem com a qual a comunidade em exílio mostra, é bem e em muito diversificada. Amoz Oz, que foi a favor da incursão em Gaza, a ultima, quando houve a necessidade de o governo israelense mostrar o seu poder perante as constantes ameaças pelos mísseis vindo de Gaza e que atingiam cidades do sul de Israel , nada mais que por oito ininterruptos anos, Amoz Oz também foi dos primeiros a ter ressalvas com a forma de defender-se , mas sem cometer exageros.

Tendo perdido um filho no conflito penúltimo contra o Hezbolah no sul do Libano, patriota, mas consciente de que a paz não pode vir pela troca mutua de tiros e apontarias contra militantes terroristas , mas que atingem também civis, mais uma vez mostrou que a paz , possível ,mas não fácil de ser alcançada, é um alvo que só poderá ser alcançado por muita mediação e ambas as partes cedendo em pontos intragáveis, mas necessários.Para ele são dois vizinhos que estão obrigados a criarem uma boa cerca, cada qual com sua terra,por que ambos estão ali e não retrocederam.Daí sua metáfora que a paz pretendida não virá como que por um casamento, mas sim, por um processo de divórcio, em que os conjuges aprenderão a ter de partilhar a casa.Cada qual com sua parte.

Por assim,Amoz Oz acabou por ser o convidado da emissora Al Jazeera. Sim a mesma alcunhada de mostrar o mundo árabe e também 'porta voz' dos grupos terroristas, como assim a mídia ocidental costumeiramente a denomina. Mas como a entrevista feita a Oz, vemos que a 'emissora do mundo árabe' tenta seguir uma linha do jornalismo ocidental, com programações comuns como a do mundo ocidentalizado. Nem melhor , nem pior, mas enfim acertaram: Ao trazerem Amoz Oz e ao mesmo tempo mostrarem o 'mundo árabe' torna-se porta voz de um mundo em que as nuances talvez não possa ser captado pelas objetivas e lentes 'ocidentais'. Assim sendo pela primeira vez uma voz em hebraico ecoou pela Tv ‘árabe’.

Tal como neste artigo da jornalista Letícia, que foi postado no Observatório da Imprensa. Neste mostra que a emissora de TV al-Jazeera cultivou, por anos, a fama de porta-voz da al-Qaeda. O canal tornou-se conhecido no Ocidente após os atentados de 11 de Setembro, quando exibiu vídeos de Osama Bin Laden e passou a ser vista como palco de propaganda terrorista. Com sede em Doha, no Catar, a al-Jazeera queria mudar de imagem e, ainda que continuasse como uma voz relevante para a comunidade árabe, tornar-se também uma alternativa informativa válida para o Ocidente.

Para tanto, os vídeos de Bin Laden foram engavetados. O espaço para discussão, em contrapartida, foi ampliado: pela primeira vez, ouviu-se um judeu israelense falar hebraico em um canal árabe. Ali, para o desespero de líderes conservadores, discute-se religião, política e guerra. Para aumentar ainda mais seu alcance, a Al Jazeera criou uma emissora em inglês, transmitida para mais de cem países. Recentemente, foi lançado um site intitulado I Want al-Jazeera (algo como "Eu quero al-Jazira") para dissipar mitos e esclarecer contradições sobre o canal.

Um dos programas que ajudam a desfazer a imagem de associação com o fanatismo é o Riz Khan Show, exibido ao vivo com a participação do público, que interage com os entrevistados por telefone, SMS ou internet. Riz Khan é um experiente jornalista nascido no Iêmen do Sul e criado na Inglaterra, que já trabalhou para emissoras como BBC e CNN e tem o sotaque britânico na conta certa e a destreza necessária para conduzir bem sucedidas entrevistas.

Uma delas, exibida há duas semanas (quarta-feira, 18/2), merece destaque. Khan entrevistou o escritor israelense Amós Oz, que, por pouco mais de 20 minutos, foi direto e preciso em questões sobre o conflito israelense-palestino. Oz quase não sorri e relaxa apenas em alguns breves momentos: quando um telespectador, por telefone, desculpa-se por não ter o inglês tão bom, o escritor, brincando, responde que também não tem. Ainda assim, a dureza na expressão de Oz não passa antipatia ou insensibilidade; serve de moldura para o tema tão complexo de que fala com tanto conhecimento.

Divórcio

O escritor defende a solução de dois Estados para que israelenses e palestinos possam viver em sociedade. Ele não compara a solução a uma lua de mel, mas a um divórcio. "Os palestinos não vão a lugar nenhum. Estão na Palestina para ficar na Palestina, com razão. Os israelenses estão em Israel e também não vão a lugar nenhum, com razão. Eles não podem se tornar uma família feliz porque não o são, não são felizes e não são nem ao menos uma família, são duas famílias", afirma. "Isso não é sobre se apaixonar e sair em lua de mel, é sobre um doloroso e talvez conturbado divórcio, e com certeza um divórcio curioso, pois as duas partes vão continuar a morar na mesma casa e terão que decidir quem fica com cada quarto e, como o apartamento é pequeno, as arrumações terão que ser feitas entre a cozinha e o banheiro. Isso vai ser complicado, mas é preferível à situação atual de opressão israelense e terrorismo palestino."

Por fim, Khan faz a mais básica das perguntas sobre o assunto: Oz acredita, com base em tudo que já viu e vivenciou, que é possível ser otimista de que um dia vá haver paz no Oriente Médio? Sim, responde o escritor. "Eu sei que, hoje, há mais palestinos pronunciando a palavra `Israel´, que por muitos anos eles se recusavam a dizer, e hoje muitos israelenses pronunciam a palavra `Palestina´, que por muitos anos também se recusavam a dizer. Por isso eu acho que, lá no fundo de toda a animosidade e ódio, há a constatação de que não há alternativa a não ser um difícil compromisso entre as duas partes, e eu acredito que este compromisso tem como se estabelecer."

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=527JDB008

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Sobre Tzahal versus Hamas -GAZA

Sobre o conflito- com o jornalista Henry Galsky ,acessem : http://cartaecronica.blogspot.com/2009/01/israel-em-luta-com-o-ir-e-hamas-busca.html

Opiniões ...

O momento é dificil.Vitimas de um lado,vitimas do outro, Qassans que não cessam, acusações de outro, ânimos acirrados e a o antijudaismo transvertido de antisionismo saindo da hibernação. E tudo então se soma ao barril de polvora. Lamentaveis são as generalizações e as formas de reducionismo .E as formas a quais fazem de atearem fogo atráves de pechas ,estereotipizações e o velho senso comum.

Abaixo o parecer em Defesa da ação das IDF afim de neutralizar o Hamas e seu reinado no 'Hamastão',isto é GAZA. Em seguida notas oficiais da ASA (Ass.Scholeim Aleichem) por conta do enorme desgaste politico a Israel e o posicionamento da opinião pública e inumeras ilaçoes antijudaicas à solta ...E por fim, a nota oficial da Conib quanto ao que acontece em Gaza.Arquivos dispostos antes do ultimo shabath no http://www.vidasmarranas.blogspot

No mais é muito fácil trazer para terras tupis o conflitom então uma frase bem curta aos radicais:se não quiser ajudar, não atrapalhe! Basta de reproduzir sem pensar antes!

Não sejamos cômicos ,tampouco torpes (e racistas!)para cunhar sionismo do pior adjetivo só para dizer- se 'verdadeiro humanista'. Por outro não é preciso ser estúpido e ignorante e clássico elitista para marginalizar movimentos por direitos civis como os que existem na America Latina e colocar num mesmo balaio de gatos ,lado a lado de terroristas que tomam civis como escudo em suas operações lá no Hamastão.


Shalom! Sionismo não é nazismo.
Chai am Israel.

Publicado no Jornal "O Estado de São Paulo" neste 05/01/2009

Jurista diz que invasão da Faixa de Gaza é necessária e que Israel defende seu direitos

Ação militar israelense é legítima por Alan M. Dershowitz*

A ação militar israelense em Gaza é totalmente justificada de acordo com o direito internacional, e Israel deveria ser elogiado por seus atos de defesa contra o terrorismo internacional. O Artigo 51 da Carta da ONU reserva às nações o direito de agir em defesa própria contra ataques armados. A única limitação é a obediência ao princípio de proporcionalidade. As ações de Israel certamente atendem a esse princípio.

Quando Barack Obama visitou a cidade de Sderot no ano passado viu as mesmas coisas que eu vi em minha visita de março. Nos últimos quatro anos, terroristas palestinos dispararam mais de 2 mil foguetes contra essa área civil, na qual moram, na maior parte, pessoas pobres e trabalhadores.

Os foguetes destinam-se a fazer o máximo de vítimas civis. Alguns por pouco não acertaram pátios de escolas, creches e hospitais, mas outros atingiram seus alvos, matando mais de uma dúzia de civis desde 2001. Esses foguetes lançados contra alvos civis também feriram e traumatizaram inúmeras crianças.

Os habitantes de Sderot têm 15 segundos, desde o lançamento de um foguete, para correrem até um abrigo. A regra é que todo mundo esteja sempre a 15 segundos de um abrigo. Os abrigos estão em toda parte, mas idosos e pessoas com deficiências muitas vezes têm dificuldade para se proteger. Além disso, o sistema de alarme nem sempre funciona.Disparar foguetes contra áreas densamente povoadas é a tática mais recente na guerra entre os terroristas que gostam da morte e as democracias que amam a vida. Os terroristas aprenderam a explorar a moralidade das democracias contra os que não querem matar civis, até mesmo civis inimigos

Em um incidente recente, a inteligência israelense soube que uma casa particular estava sendo usada para a produção de foguetes. Tratava-se evidentemente de alvo militar. Mas na casa morava também uma família. Os militares israelenses telefonaram, então, para o proprietário da casa para informá-lo de que ela constituía um alvo militar e deram-lhe 30 minutos para que a família saísse. O proprietário chamou o Hamas, que imediatamente mandou dezenas de mães com crianças no colo ocupar o telhado da casa.

Nos últimos meses, vigorou um frágil cessar-fogo mediado pelo Egito. O Hamas concordou em parar com os foguetes e Israel aceitou suspender as ações militares contra os terroristas. Era um cessar-fogo dúbio e legalmente assimétrico.

Na realidade, era como se Israel dissesse ao Hamas: se vocês pararem com seus crimes de guerra matando civis inocentes, nós suspenderemos todas as ações militares legítimas e deixaremos de matar seus terroristas. Durante o cessar-fogo, Israel reservou-se o direito de empreender ações de autodefesa, como atacar terroristas que disparassem foguetes.

Pouco antes do início das hostilidades, Israel apresentou ao Hamas um incentivo e uma punição. Israel reabriu os postos de controle que haviam sido fechados depois que Gaza começou a lançar os foguetes, para permitir a entrada da ajuda humanitária. Mas o primeiro-ministro de Israel também fez uma última e dura advertência ao Hamas: se não parasse com os foguetes, haveria uma resposta militar em escala total.

Os foguetes do Hamas não pararam, e Israel manteve sua palavra, deflagrando um ataque aéreo cuidadosamente preparado contra alvos do Hamas.

Houve duas reações internacionais diferentes e equivocadas à ação militar israelense. Como era previsível, Irã, Hamas e outros que costumam atacar Israel argumentaram que os ataques do Hamas contra civis israelenses são totalmente legítimos e os contra-ataques israelenses são crimes de guerra. Igualmente prevista foi a resposta da ONU, da União Europeia, da Rússia e de outros países que, quando se trata de Israel, veem uma equivalência moral e legítima entre os terroristas que atingem civis e uma democracia que responde alvejando terroristas.

A mais perigosa dessas duas respostas não é o absurdo alegado por Irã e Hamas, em grande parte ignorado pelas pessoas racionais, e sim a resposta da ONU e da União Europeia, que coloca em pé de igualdade o assassinato premeditado de civis e a legítima defesa. Essa falsa equivalência moral só encoraja os terroristas a persistir em suas ações ilegítimas contra a população civil.

PROPORCIONALIDADE

Alguns afirmam que Israel violou o princípio da proporcionalidade matando um número muito maior de terroristas do Hamas do que o de civis israelenses vitimados. Mas esse é um emprego equivocado do conceito de proporcionalidade, pelo menos por duas razões. Em primeiro lugar, não há equivalência legal entre a matança deliberada de civis inocentes e a matança deliberada de combatentes do Hamas.

Segundo as leis da guerra, para impedir a morte de um único civil , é permitido eliminar qualquer número de combatentes. Em segundo lugar, a proporcionalidade não pode ser medida pelo número de civis mortos, mas pelo risco de morte de civis e pelas intenções dos que têm em sua mira esses civis. O Hamas procura matar o maior número possível de civis e aponta seus foguetes na direção de escolas, hospitais, playgrounds. O fato de que não tenha eliminado tantos quanto gostaria deve-se à enorme quantidade de recursos que Israel destinou para construir abrigos e sistemas de alarme. O Hamas recusa-se a construir abrigos, exatamente porque quer que Israel mate o maior número possível de civis palestinos, ainda que inadvertidamente.

Enquanto ONU e o restante da comunidade internacional não reconhecerem que o Hamas está cometendo três crimes de guerra - disparando contra civis israelenses, usando civis como escudos e buscando a destruição de um país membro da ONU - e Israel age em legítima defesa e por necessidade militar, o conflito continuará.

Se Israel conseguir destruir a organização terrorista Hamas, poderá lançar os alicerces de uma verdadeira paz com a Autoridade Palestina. Mas se o Hamas se obstinar a tomar como alvo cidadãos israelenses, Israel não terá outra opção senão persistir em suas operações de defesa. Nenhuma outra democracia do mundo agiria de maneira diferente.

*Alan Morton Dershowitz é advogado, jurista e professor da Universidade Harvard


Parecer da ASA

Contra a ilusão militarista (ASA)

A operação de guerra de Israel contra a Faixa de Gaza realimenta a espiral de violência no Oriente Médio. São centenas de mortos e feridos palestinos, muitos não-combatentes, atingidos por armamento de última geração. A resposta do Hamas, com mísseis artesanais, matou e feriu israelenses, causando pequenos danos materiais.

Desde a retirada de Israel da Faixa de Gaza, em 2005, a área vem sendo submetida a uma asfixia quase permanente. Israel controla as fronteiras terrestre, marítima e aérea. Os palestinos dependem integralmente do fornecimento de água, eletricidade e combustíveis israelenses (que determinam, também, os preços destes insumos). A movimentação de pessoas e mercadorias é severamente restringida, afetando duramente a economia local. O resultado é o crescimento da pobreza, do desemprego, da desesperança, da radicalização. Gaza é um dos lugares com maior densidade populacional do planeta, tornando impossível um bombardeio “cirúrgico”, ou seja, que atinja apenas alvos militares.

Até recentemente, vigorou um cessar-fogo entre Israel e o grupo Hamas (prova de que existe uma interlocução possível, desde que haja vontade política). Seu fim trouxe de volta os mísseis Qassam sobre o sul de Israel. Todos os países têm o direito e a obrigação de defender seus cidadãos. A pergunta que se faz é: a destruição maciça de vidas e bens palestinos protegerá os cidadãos de Israel ? A História mostra que não.

O apoio ao Hamas só tem aumentado com as ações militares israelenses. Cada vez que um prédio, uma rua, um carro, é bombardeado em Gaza, a popularidade dos setores mais intransigentes do grupo se reforça. É uma ilusão perigosa imaginar que, quanto mais se espancarem os palestinos, mais dóceis eles ficarão. Conforme destacou o historiador Tom Segev, jamais uma operação militar terminou em progresso na direção da paz com os palestinos. Por trás de tudo, uma equação sinistra: mais descrédito para o diálogo é igual a mais oxigênio para as bombas.

Na presente situação, defendemos as mesmas posições tornadas públicas inúmeras vezes:

* Não há solução militar para os conflitos entre israelenses e palestinos.

* O terrorismo de grupos ou estados é igualmente execrável. As leis internacionais condenam com clareza ataques contra alvos civis.

* A criação de um Estado palestino laico e democrático, com fronteiras internacionalmente reconhecidas e com todos os direitos e deveres dos Estados modernos, que viva em paz ao lado de Israel, é o caminho possível para dissolver as tensões no Oriente Médio.

O momento exige um imediato cessar-fogo em Gaza, o fim do lançamento de mísseis contra Israel, o reinício emergencial da ajuda humanitária para os palestinos e a construção de mecanismos multilaterais de negociação. Sem isso, a iniciativa continuará com os que apostam tudo na força das armas.

Conib

COMUNICADO SOBRE A ATUAL SITUAÇÃO NO ORIENTE MÉDIO

A Confederação Israelita do Brasil - CONIB - expressa sua mais alta preocupação com os episódios ocorridos em Israel e na Faixa de Gaza. Lamentavelmente, todo este fato retarda o processo para a paz na região, o que só pode ser conseguido mediante o desejo verdadeiro de diálogo entre judeus e palestinos.

Entretanto, há que reconhecer também o direito do Estado de Israel em legitimamente se defender de ataques terroristas da milícia do Hamas. Desde 2005, Israel se retirou de Gaza, dando autonomia completa à Autoridade Palestina para que ali exercesse sua liderança. O fato é que a partir de 2006, esta mesma Autoridade Palestina foi expulsa progressivamente da região, foi dominada pelo Hamas, definido tanto pela União Européia, como pelos Estados Unidos, como um grupo terrorista internacional.

Para que o diálogo possa existir entre Israel e o Hamas, três condições são fundamentais: o reconhecimento pelo Hamas do Estado de Israel, o compromisso de dar seguimento a acordos previamente estabelecidos entre Israel e os palestinos em gestões anteriores e o final da violência. Em nenhum destes pontos houve qualquer sinalização positiva. Muito pelo contrário, pois o Hamas insiste num ponto único, a destruição do Estado de Israel.

As últimas semanas foram marcadas por disparos permanentes de morteiros e foguetes contra civis israelenses. As tentativas de diálogo para que isso fosse interrompido se revelaram absolutamente infrutíferas. Frente a esta situação, Israel não teria alternativa que não a de defender seus cidadãos e exigir que seus vizinhos tenham um comportamento de convívio adequado.

Muitos argumentam que existiriam alternativas não militares para Gaza. De fato, concordamos com isto, desde que os próprios palestinos que ali vivem decidam entre querer um convívio de diálogo e de mútua aceitação ou se preferem uma postura beligerante e extremista como a do grupo terrorista Hamas, que prega a destruição do Estado judeu.

Desejamos que o diálogo seja imediatamente restabelecido e a paz alcançada. Entretanto, não podemos aceitar passivamente que atitudes que preguem destruição de um Estado, sejam elas menores ou maiores, continuem a ser responsáveis pela morte de civis, como vi acontecendo. Israel, assim como todas as nações, tem absoluto direito de se defender.

Claudio Lottenberg - Presidente CONIB

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sou o Teu D´us em Nilopolis

B"H
’Sou O Teu D´us ... em Nilópolis ... na integra em :http://vidasmarranas.blogspot.com/

Um pequeno relato da trajetória da comunidade judaica nilopolitana. Da efervescência cultural e religiosa ao silencio do cemitério e antiga sinagoga semi-abandonados.

No alto da montanha de Massada, uma sinagoga ainda pode ser vista pelos turistas. Nilópolis, 2000 anos mais nova, corre o risco de nem ter esta sorte. Falta pouco. Anos e anos desprotegida pelas telhas e vidros que se foram. A pequena sinagoga teima em não se deixar cair, não desaparecer (...) O florão de madeira que um dia encimou a Arca Sagrada jaz sobre uma mesa.

... Sou O Teu D´us ... Não Jurarás em Nome de D´us em vão ... ... Honrarás Teu Pai e Tua Mãe ... Não prestarás falso testemunho ...

Presentes em todas as madeiras. Sejam tacos, os últimos moveis que ainda não se foram, o teto, nem mesmo os vorazes cupins se atreveram a desafiar as sagradas inscrições da magnífica peça. Abandonada sobre a mesa ainda santifica o ambiente, com dois Leões de Judá altaneiros sustentando os 10 Mandamentos, um de cada lado, lembrando que outrora em volta daquele templo gravitou uma pujante comunidade judaica, no então 2o. Distrito de Nova Iguaçu, depois nomeado em homenagem ao Presidente Nilo Peçanha e hoje sede da campeã Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.

No centro ainda se ergue a Bimah (um púlpito onde se realiza a leitura da Torah). Alguns moveis em volta já tão estragados que nem os ladrões se interessaram, após vasculhar as portas e gavetas. Os rolos sagrados já de há muito foram enterrados, e um se salvou, encontra-se na Sinagoga do Colégio Barilan em Copacabana. Nas paredes, algumas placas, títulos e belos afrescos representando os signos do Zodíaco ainda exibem cores vivas apesar de tudo. Poucas lapides, talvez não mais que 200, 300. As mais antigas datam das primeiras décadas do séc. XX. Com o fim da comunidade, algumas estão se perdendo, engolidas pela terra e pelo mato. Há casos em que já não se sabe quem jaz aonde, e os registros não são completos. Apenas um casal cuida do campo santo. Dois cachorros fazem a segurança numa área problemática. Alguns poucos ativistas abnegados e abençoados, desdobrando-se, fazem o que podem para manter o cemitério, obedecendo estritamente ao ritual judaico

(...)Caminhando pelas largas aléias pode-se observar sobrenomes hoje famosos inscritos nas lápides. Nos tempos duros, quando nossos pais e avós tiveram que escapar das perseguições no outro lado do mundo, eram nomes desconhecidos, de difícil pronúncia.Tratados popular e amistosamente como os gringos da prestação, ou já em pequenas e mais tarde grandes lojas de móveis e de roupas, no inicio batalharam de sol a sol pelas ruas de terra batida, fazendo mais do que jus a determinação divina:

... Ganharás o teu pão com o suor do próprio rosto (...)
.(...)“E amarás ,pois ao Senhor o teu D´us de todo o teu coração , de toda a tua alma e com todas as tuas forças. E estas palavras atarás no teu coração; e as ensinarás a teu filho, e ao filho de teu filho. E delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, e as falarás ao deitar-te e ao levantar-te.


Pois ouve ò Yisrael, o Senhor é o vosso D´us.O Senhor o Vosso D´us é um só.”

Outra vez apareceu um velhinho. Não bateu palmas, quem teria lhe aberto o portão? Já estava escuro, chovia um pouco. De repente estava ali, no pátio. Humilde, vestia terno preto, gasto. Parecia ter a idade do tempo. Nada falava. Ficou penalizado olhando,(...)A chuva apertava na noite de Nilópolis. Quando voltou, não viu mais o homem. Havia sumido tão de repente como quando chegara. Uma forte ventania se seguiu,(...) Parecia que a natureza protestava contra o descaso. As janelas batiam, o vento zunindo despejava água aos cântaros, a tempestade era assustadora. Mas não faltam judeus necessitados, ao contrario do que propala a mídia perversa. Houve os falashas ,os b’nei Israel,há os da Rússia e aqueles que se encontram pelos subúrbios do mundo....

Não matarás ... Não roubarás ... Não cobiçarás a mulher e os bens de teu próximo ...

Mas em que pese a destruição implacável do tempo que não perdoa, o lugar ainda ostenta uma aura de santidade; embora em ruínas, a sinagoga não perdeu a majestade (...)O observador imediatamente ao adentrar o pequeno pátio, onde antigamente as crianças corriam durante as orações, sente como que a presença de uma força, uma entidade maior ... Um lugar sagrado ...

O poder de anos e anos de ardentes orações ... O momento em que o Cohen (da casta sacerdotal), com a cabeça coberta pelo talit (manto religioso) erguia as mãos na milenar Birkat Cohanim (Benção Sacerdotal do Templo de Salomão), quando todos de pé e contritos evitam olhar, pois ali paira uma luz divina. Dizem que o Profeta Eliahu (Elias) as vezes abandona o Jardim do Éden e desce a este Vale de Lágrimas, testando a solidariedade humana ora como um pedinte ora como um velhinho de terno que de repente aparece, para logo em seguida sumir em meio a uma ventania ... Naquela noite chuvosa os cachorros(...)Latiam muito na direção da sinagoga, como se alguém ainda estivesse ali ...

O Todo Poderoso às vezes manda alguns sinais ... a sarça ardente em meio do deserto divisada ao longe pelo nosso Grande Patriarca Moshe Rabeinu (Moisés)... No deserto do Sinai ou em Nilópolis ...

... Não terás outros deuses ... Lembrarás e manterás o Sábado Sagrado ...

(...)Sabiamente, a Prefeitura reconheceu a importância da sinagoga. Como reza o Dec 2.440 de 19/ago/99, "considerando o que a comunidade judaica representou para evolução e crescimento de nossa cidade", o Prefeito Jose Carlos Cunha determinou seu tombamento pelo Patrimônio Histórico Municipal.

A própria rua do cemitério ostenta o nome de um pioneiro: Rua Jaime Berkowitz. Se andarmos depressa, ainda haverá tempo. Tomando a Linha Vermelha, não mais de ½ hora separa a entrada da Via Light, que dá acesso a Nilópolis, do centro do Rio. É preciso quem vivenciou aqueles velhos tempos, e seus descendentes venham, e de pé no centro da pequena sinagoga fechem os olhos por alguns momentos. Nestes instantes, do fundo da sua alma, certamente evocarão cânticos distantes, o burburinho de antigos casamentos, o estrondo do copo se quebrando seguido pelas mesmas palavras eternamente repetidas pelo noivo através dos séculos: Im Ishkacher Yerushalaim, Tishkach Yemini...

Im Ishkacher Yerushalaim, Tishkach Yemini...

“Se eu me esquecer de ti ó Jerusalém esqueça–se a minha mão direita da sua destreza. Apegue-se me a língua ao céu da bocas se não me lembrar de ti,
Se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria.”


*Este texto adaptado anos atrás foi divulgado em alguns espaços da mídia judaica.Por deslize não guardei o nome completo do autor, senão algumas referencias: Judeu, de nome “Israel Blajberg” e reconhecido militar reformado da ESG.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Tempo de mudanças.Hoje ou eternamente amanhã

www.vidasmarranas.blogspot

Creio que as reais possibilidades de mudança estão porvir e levado a pensar no que precisamos encarar como tarefas inadiáveis.Projetos coletivos,de esperanças e sonhos de uma sociedade sem discriminações,sem exclusões,plurais,democráticas e sustentáveis.

É claro que tarefas assim são para mais de um mero ano,implicam largo prazo,décadas,gerações,etc.Mas primeira e fundamental tarefa é imaginar grandes processos e mudanças para fortalecer a vontade de agir no aqui e agora e incidir nas relações sociais e nos processos concretos,capazes de desencadear lógicas estruturantes do novo.Segundo é avaliar bem as circunstâncias sociais e históricas,os riscos e desafios que podem se interpor no caminho e como encará-los. A democracia aponta um ideal que é, na verdade, um processo virtuoso de construção de sociedades mais livres,igualitárias,mais valorizadoras da diversidade intrínseca,solidárias e mais participativas ,mas dá também o método,ou seja,implica em se engajar, disputar e cooperar, sob a luz de tais princípios e valores,nos quais os fins não justificam os meios e sim os qualificam,gerando um processo incerto de avanços e recuos,de rupturas e de compromissos possíveis.Assim fixados os parâmetros, trata-se de ver riscos e desafios do ângulo d'uma 'democracia radical'.

O maior risco que ronda os ares as vésperas de mais uma eleição vem se manifestando há alguns anos.É confundirmos a democracia como ideal e proposta com o que temos no Brasil,na região,no mundo.Que sociedade queremos e almejados?Ate quando discutir a sociedade utópica ? Radicalismo, Anomia ou qual outra terminologia e ação?

Vivemos uma situação de democracia contida em seu potencial transformador, pois capturada de algum modo por forças e interesses que, no contexto democrático, esvaziaram o poder político e impuseram uma agenda de globalização econômico-financeira centrada no mercado.Muita gente, inclusive no campo das organizações de cidadania ativa da sociedade civil, já começa a se interrogar,uns dizem que perigosamente, se a opção democrática é o melhor caminho.É?E qual democracia?Diante disto,é fundamental ser intransigente e radical para ir alem e enfrentar os limites da democracia real, em busca da solução 'democratica', isto é, em que tenha se mais participação, mais disposição de disputa em cada campo e esfera da vida.

Claro que é indispensável reafirmar e defender a institucionalidade democrática duramente conquistada, mesmo se ainda pouco eficiente. Poderemos alias ser vitimas de radicalismos de Direita,do contrario.Democracia nisto é condição fundamental e dela devemos partir para 'radicalizar ' a própria democracia. Trata-se, isto sim, de reconhecer que a tarefa coletiva de radicalização democrática tem na institucionalidade democrática uma condição necessária, porém insuficiente até aqui para dar conta das múltiplas formas de exclusões e negações de direitos de cidadania, da desigualdade,da violência,da destruição acelerada do patrimônio comum da vida, a natureza, ao mesmo tempo em que se nega para muitos(as) o acesso aos recursos comuns

É de uma nova e grande onda irresistível de democratização que precisamos, uma onda de idéias, de demandas, de movimentos efetivos. É incompatível com a democracia a segregação e a violência reinante em nossas grandes cidades. Estamos em uma espécie de guerra civil larval, com mais mortes violentas do que em guerras declaradas. Cidadania não pode conviver com isto.

A ineficiência do Estado democrático em prover segurança é patente. Mas o cinismo de estratos médios e dos ricos,nos seus prédios e condomínios gradeados,é também parte do problema da segregação e violência.E aos pobres soçobra as formas de sub- leis e sub -ordens locais que se aproveitam da ausência do Estado e tornam se localmente o Judiciário,Legislativo e o Executivo ,o que nos afirma estarmos diante de uma verdadeira emergência, que exige ação imediata perante a ameaça do neocoronelismo urbano

Em escala social temos problemas urbanos agravados pelo crescimento desordenado, a falta de políticas habitacionais e de transporte. O individualismo se aproveita das novas concepções de inserção social e da aparente democracia vivida resultando num emaranhado de superposição de classes que desigualmente participam do crescimento econômico.Alias, que forma de crescimento é o desejado?

Há urgência em retomar o questionamento do que seja desenvolvimento de uma perspectiva de democracia radical.Não fomos capazes até aqui de nos contrapormos ao descalabro do crescimento do PIB como expressão da riqueza coletiva.PIB que cresce na mesma proporção da destruição da natureza, hoje em escala planetária.Já imaginamos o quanto de natureza se pode poupar localizando as economias,segundo o princípio de produzir aqui, o que for possível, para consumir aqui?Por que necessitamos do empuxe das exportações para crescer? Não vale a pena se perguntar se construiremos democracia exportando produtos que carregam destruição ambiental e todo o sofrimento humano de milhões que não têm acesso a produtos essenciais?

Com o aquecimento global,a questão ambiental finalmente motiva amplos setores e perpassa todos os segmentos sociais. As condições para ações efetivas de mudança e de construção de bases de sustentabilidade de uma perspectiva democrática nunca foram tão efetivas.O desafio,porém,é mostrar que não se trata apenas de adaptação de práticas e continuar devastando os recursos naturais como sempre.Isto até pode dar sobrevida a uma lógica de negócios e de acumulação privada de lucros.Não resolverá a sustentabilidade e muito menos criará mais justiça social no acesso e uso dos grandes recursos.

A questão ambiental se soma à questão da exclusão e da desigualdade para revelar que estamos, na verdade, diante de uma crise de civilização, do industrialismo e consumismo, na qual modos de produção, modos de consumo e estilos de vida estão em questão por destruírem a base natural da vida e por excluírem a maioria da população.Estamos em ano eleitoral,de eleições de prefeitos e vereadores.É do local que se trata.Para revitalizar a democracia, nada como o local,espaço público imediato de nossa cidadania.A violência,o meio ambiente, economia podem ser politizados e reagendados a partir deste locus da cidadania.O ano, portanto,é oportuno para renovar ousadias na disputa política e fixar bases de mudança.

A.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Os judeus na Africa parte I

Os Novos Judeus Africanos
parte I


Mais e mais tribos do continente africano, declaram: "Somos judeus". Polemico?Ou o judaismo esta dentro dos que aceitam no de coraçao aberto e praticam a fé judaica?Os lamba na África do Sul, os ibo da Nigéria, os tutsi do Borundi dizem que são judeus. Eles seguem as prescrições da religião judaica e novas sinagogas de palha e barro, aparecem em muitos povoados africanos.O Estado de Israel os desconhece, mas dos Estados Unidos já foi enviado um Juizado Especial para convertê-los ao judaísmo. O chefe da comunidade judaica de Uganda, viajou a Jerusalém para estudar e receber o título de rabino.Israel teme uma invasão africana que possa inundar o país.

A África em certos agrestes esta passando por um processo de aproximação do judaísmo e em diversos lugares do Continente, tribos descobrem suas raízes judaicas. O fenômeno não é novo, mas a novidade está na quantidade, não se fala em comunidades de algumas centenas, porém tribos de dezenas de milhares!.A tribo lamba da África do Sul e do Zimbabwe, tem uma população de 10 milhões de pessoas e se só uma pequena parte deles declarasse que são de origem judaica, seria uma grande quantidade de pessoas. Zeler, que pertence a uma instituição judaica americana que dá apoio à tribo lamba e que criou fundos de ajuda para as instituições culturais e fortalecem o contato com o judaísmo, sustentam que neste momento se fala "só" de mais de 10.000 pessoas.

Na Nigeria, existem cerca de 9 pequenas comunidades, todas que não apenas praticam o judaismo,mas em suas vidas simples, resistem a islamização e aos missionarios cristãos com suas ajudas humanitarias...

Outra historia é a respeito da tribo ibo, da Nigéria, tem uma população de 40 milhões de pessoas e a quarta parte deles crê que são de origem judia,mas não necessariamente professam a fé judaica. Mas nos últimos anos, criaram-se dez novas sinagogas na Nigéria.Casebre simples, alguns de estuque(barro).Na tribo lamba, circuncidam os filhos varões que nascem no oitavo dia e não comem carne de porco. Também muitos de regioes agrestes e do grupo etnico Ibo, circuncidam os filhos varões no oitavo dia de nascimento.Os membros da organização judaica americana "Kulanu", dizem: "Se há alguém que tem um contato sagrado com o judaísmo, não devemos discutir com ele, mais ainda se se comportam como judeus. Aos nossos olhos, eles são judeus".

Muitos judeus americanos se emocionam ao ouvir falar destes judeus extraviados e estão dispostos a ajudá-los. Alguns outros apenas olham com estranheza e ressabiados por pensar que os que dizem se judeus, sejam aqui como na questao dos marranos ou em rincoes de Africa, desejam apenas é o direito de aliyá. De qualquer modo, a anos a propria historiografia e setores da comunidade judaica tem se aberto a ao menos escutar estas historias e a criticar ate mesmo quanto ao conservadorismo cultural da comunidade.Caso brasileiro o jornalista Henrique Veltman anos atras em viagem para descrever a historia dos descendentes de judeus na regiao amazonica,na serie "Os hebraicos da Amazonia", assunto que trataremos em artigo posterior,bem senão via comunidade, ao menos via a academia. Vide os estudos uspianos da historiadora judia Anita Novinsky a respeito dos marranos .Segundo ela, e com provas em pesquisas, o Brasil é o pais em que há mais descendentes de judeus direta ou indiretamente...Sao milhares ,muito além dos apenas 120 mil que perfazem a comunidade oficial.E destes ligaçoes nao apenas culturais ,mas religiosas, com maior ou menor grau de assimilacionismo

Aqui referente a questao em Africa,Yoav Yundav (os dois nomes são hebreus) é uma figura carismática, enérgica e ambiciosa de Uganda. Tem 23 filhos, "mas só dez são meus", diz "e os outros treze são adotados e a maioria deles não são judeus".Sara, que tem dez anos e é a menor de seus filhos adotados, espera ser recebida pela coletividade judaica, como membro dela. Mas isto não é tão seguro, pois a coletividade cria problemas para receber novos membros.Sara deverá demonstrar sua adesão ao judaísmo e terá que cumprir todas as prescrições da religião, leves e também as difíceis.Abraham Mugamba se recorda dos anos difíceis. "Judeu", gritavam zombando dele. Quando era menino, seus vizinhos maometanos lhe diziam: "Vocês mataram fulano. ..referindo se ao messias cristão".

Na época do governo de Idi Amin Dada (1972-1979), eles se viram obrigados a rezar às escondidas, as sinagogas foram fechadas e muitos judeus foram aprisionados. Como resultado dessas medidas, a comunidade judaica se encolheu, de milhares a algumas centenas. Seu pai lhe dizia: "Ainda que te matem, não deves deixar o judaísmo. Nós continuaremos sendo judeus, mesmo que isto nos custe a vida".Samy Kakongulo, lutador e líder, adotou junto com sua comunidade os costumes judeus depois de ler a Bíblia. A coletividade cuidava da Santificação do sábado, o abate dos animais, a circuncisão, a proibição dos casamentos mistos e adotaram o calendário hebreu. Coletividades judaicas no continente africano

Etiópia - 17.000
Quênia - 4.000
Uganda - 600
Nigéria - (alguns milhares)
Gana - (25 familias)
Zimbabwe - (8.000)
África do Sul - (70,000).

***Na Africa Magrebina ainda existem comunidades judaicas oficiais no Egito eTunisia, inclusive em Marrocos, onde um dos principais acessores do Rei Mohammed VI é judeu.

Armando Aguiar
Na galut carioca

domingo, 30 de março de 2008

O Número

Meu avô é burro
Não sei se ele é burro
Mas meu avô não é inteligente
Não sei se ele não é inteligente
Mas o meu avô é esquecido
Ah, isso sim, ele é esquecido
Muito esquecido
Muito
Ele não consegue lembrar do número do telefone
Do amigo dele
Não sei quem é o amigo
Mas deve ser importante
Só não sei por que ele sempre se esquece
Já que é tão importante
Ele deve ser muito esquecido mesmo
Porque ele escreveu esse número no braço
Então ele é esquecido
Não sei por que ele escreveu no braço
Ele podia ter escrito num papel
Não sei porque ele não escreveu num papel
Já que é tão importante
Ele não deve ser muito inteligente
Porque ele escreveu muito forte
Então ele não é muito inteligente
Não sei por que ele escreveu tão forte
Mesmo sendo importante
Ele deve ser burro
Porque a tinta da caneta não sai
Ele é meio burro, então
Não sei porque ele usou uma tinta que não sai
Só porque é importante
Ele não me parece burro
Ele até me parece inteligente
E agora que eu penso
(Cá entre nós)
Ele não costuma a se esquecer das coisas
Só desse número
Que ele escreveu
A caneta
Com tinta forte
No braço

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

GAZA 2008

Sobre Gaza

Impossivel ficar calado quanto aos ultimos acontecimentos.Muito da midia dita alternativa, leia se a midia de esquerda , revistas que leio, que nós lemos ,nós da esquerda , como a Carta Capital, Caros Amigos, jornal da CUT, E que convenhamos, parecem inumeras vezes não pensar que em Israel não há um setor de autocritica contundente e que diariamente trava batalhas contra setores mais conservadores, leia se , de direitas ,quanto a qualquer acordo de paz e os constantes ataques a cidades israelenses situadas na fronteira com Gaza e Libano.

Israel deixou o Libano, deixou Gaza,mas ha uma decada os ataques ,antes ou depois do desengajamento de Gaza continuam.Claro que qualquer represalia será tida como atos em força desmedida , de um exercito contra ...um exercito invisivel que se esconde por dentrás de instalaçoes civis .Este texto estou dando uma endireitada..estava escrito e acabei por conserta-lo para o grupo de discussão ...mas talvez as informaçoes sirvam ao menos por ser um texto em português...Na verdade é uma resposta ao que ando lendo por aqui e assistindo na tv. Aqui no Brasil...imagine como deve estar a situação em Gaza , com as açoes do Exercito israelense...Mas cabe a reflexão quanto aos ultimos acontecimentos e o tom que a midia internacional concede à questão.E sobretudo do ponto de vista estrategico ,mas imprescindivelmente humanitario!!!

invadir não é a solução.Alias, o uso da força quase nunca é a melhor soluçao!!!
Raiva, frustração e impaciência estão cada vez mais tomando os israelenses. Não podemos cair na armadilha que o Hamas nos está preparando - de que deveríamos enviar nossos soldados a Gaza.

Porque o número de baixas numa invasão terrestre de Gaza seria muito maior do que o causado pelos mísseis Qassam nos últimos sete anos. Porque durante cinco, entre esses sete anos em que eles foram disparados, nós controlávamos toda a Faixa de Gaza. E centenas de foguetes foram lançados em Sderot (cidade no sul de Israel, na fronteira com a faixa de Gaza e cheia de judeus sefarad )do mesmo jeito, somados a repetidos ataques sangrentos contra os colonos israelenses que viviam ali. Parece que nos esquecemos disso...

Reocupar a Faixa de Gaza não irá necessariamente acabar com os bombardeios de Sderot e vizinhanças. Além dos ataques ali, nossa força de ocupação será fustigada dia e noite por fogo de armas leves e ataques suicidas.

Mais ainda, uma invasão de Gaza irá unir as massas palestinas e os mundos árabe e muçulmano em torno do Hamas, que no presente é isolado e antipatizado pela maior parte dos árabes.
Tão logo forças israelenses invadam Gaza, os homens do Hamas serão vistos - pelos palestinos, o mundo árabe e a opinião pública internacional - como os defensores da Massada Palestina - poucos contra muitos, bairros residenciais frente a um exército regular, campos de refugiados à sombra de esquadrões de artilharia, meninos combatendo tanques, David contra Golias.

Se conquistarmos Gaza, nos veremos sentados sobre espinhos e escorpiões. A força de ocupação não terá um único dia de paz. E tampouco terão os habitantes de Sderot e do seu entorno.

Mesmo em dias de raiva como estes, quando nossos corações se unem ao atual sofrimento dos israelenses que moram lá, não podemos esquecer que a raiz do problema de Gaza é que centenas de milhares de seres humanos estão ali apodrecendo em campos de refugiados - campos que incubam pobreza e desesperança, ignorância, fanatismo religioso e nacionalista, ódio e violência.

Repito as palavras do escritos Tariq Ali quanto a questão e sua concordancia de que há sim, em Israel até mesmo na midia a inquietação quanto ao assunto e a necessidade de olhar 'o outro lado' da questão

"Existem alguns valentes críticos israelenses, como Aharon Shabtai, Amira Hass, Yitzhak Laor e outros, que não estão dispostos a que suas vozes sejam silenciadas desta maneira. Shabtai recusou-se a participar desta feira. Como poderia eu agir de outro modo?"


Do ponto de vista histórico, não pode haver solução para o problema de Gaza enquanto o horizonte não mostrar pelo menos o mínimo de esperança para essa gente desesperada.
Então, o que podemos fazer agora?

Podemos e devemos chegar a um cessar-fogo com o Hamas em Gaza.

Um cessar-fogo virá a um alto preço político, claro. Mas dado o preço que Israel iria pagar por uma decisão equivocada e impulsiva, é a opção menos mortal e mais suportável.
A alternativa de invasão militar seria catastrófica.é mais um preço que Israel tem de pagar junto a opinião critica mundial...

***'Tzahal' é o nome abreviado do exercito israelense...tzana haganá le Israel(forças de defesa israeli)*'hamas' é partido e grupo armado palestino

domingo, 10 de fevereiro de 2008

110 ANOS DE BERTOLT BRECHT



UM GENIAL DRAMATURGO CONTRA O NAZISMO

Gênio inovador do Teatro, Brecht colaborou com vários judeus da fina nata intelectual artística: Kurt Weill, Walter Benjamin, Lion Feuchtwanger, Theodor Adorno, Paul Dessau, Hanns Eisler, Fritz Kortner, Theres Giesch, Oskar Homolka, Fritz Lang, Alexander Granach, Peter Lorre, Ruth Berlau, Angelika Hurwicz, e, principalmente, sua esposa, Helen Weigel


Bertold Brecht nasceu em Augsburgo, na Alemanha, região da Bavária, no dia dez de fevereiro de 1898. Hoje comemoramos 110 anos de seu aniversário. Nascido de mãe protestante e pai católico, Brecht teve uma importância gigantesca para a cultura judaica do século XX, tendo trabalhado com alguns dos mais talentosos artistas e intelectuais judeus da Alemanha de sua geração. Como dramaturgo, foi um dos exemplos mais resilientes de artista engajado, exemplo clássico do intelectual marxista, que, dotado de um espírito revolucionário não só nas suas posturas como também na sua estética, Brecht se tornou sinônimo de militante artístico, cuja orietnação socialista e abordagem inovadora influenciou gerações de artistas no Ocidente, inclusive o brasileiro Augusto Boal.



Formado na Königlich-Byarischer Realgymnasium em 1917, o jovem Bertold ganhava seus primeiros trocados escrevendo artigos de jornal desde julho do ano anterior. Ao se formar, inscreveu-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Munique, esperando escapar do alistamento militar que ceifara boa parte de sua geração na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas o Exército acabou convocando-o mesmo assim--a um mês do fim da guerra. De volta à faculdade, Brecht se enamorou pelo teatro e em 1918 escreveu sua primeira peça Baal, que só seria encenada cinco anos depois. Em 1919 ele estreou como ator nas esquetes de comédia política de cabaré de Karl Valentin e como escritor foi bem prolífico: escreveu Trommeln in der Nacht, Der Bettler oder Der tote Hund, Die Kleinbürgerhochzeit, Er treibt einen Teufel aus, Lux in Tenebris, Der Fischzug. Em 1922 Trommeln in der Nacht (Tambores na Noite) tornou-se a primeira peça de Brecht a ser encenada, ocasião na qual casou-se com Marianne Zoff, com quem teve uma filha, Hanne Hiob, no ano seguinte. Foi outro ano consagrador para Brecht, que encenou Baal e Na Selva das Cidades.

Mas foi em 1924 seu grande divisor de águas: ao escrever Eduardo II com o dramaturgo judeu Lion Feuchtwanger, seu colega de cinco anos, Brecht fez sua primeira colaboração criativa e primeira adaptação de um clássico e sua--de quebra, estreeou o seu lendário conceito de "Teatro Épico" e a peça estreeou no mesmo ano. Como se fosse pouco ainda começou dois trabalhos: Mann ist Mann e Der Elefantenkalb, que seriam completados em 1926, não antes de Brecht ser apresentado a três intelectuais e moldariam sua vida e sua obra. O ano era 1925, e Brecht assistiu ao filme Em Busca do Ouro de Charlie Chaplin, que para Brecht era um artista bem mais próximo dos critérios do Teatro Épico do que do teatro dramático. Brecht inclusive o comparou a Karl Valentin e ambos foram inspirações pro personagem Galy Gay de Mann ist Mann--por sua vez, Brecht teria influenciado Chaplin em Monsieur Verdoux. Outro marco de 1925 foi O Encouraçado Potemkin do cineasta judeu Serguei Eisenstein. E, finalmente, em 1926, época em que se divorciou e se envolveu com a atriz socialista Elisabeth Hauptmann, passou a ler aquele que é o mais notável intelectual alemão de origem judaica: Karl Marx. Os trabalhos de Marx foram tão influentes que Brecht declarou: "Quando eu li O Capital, eu entendi o significado das minhas peças."

Esse significado se tornaria uma referência fortíssima do trabalho de Brecht. Determinado a escrever um obra que abordasse os dramas complexos da sociedade capitalista, Brecht começou a escrever freneticamente; ao mesmo tempo se engajava na ópera, escrevendo e encenando uma ou duas peças por ano antes da ascensão nazista (incluindo A Ópera dos Três Vinténs, em 1928). Com a parceria do compositor Kurt Weill iniciada em 1927, com Mahoganny-Songspiel, começou a conceber uma de suas grandes obras musicais: Ascensão e Queda da Cidade de Mahoganny, que, ao ser encenada em 1930, provocou a revolta irascível de nazistas na platéia. Nesse ano, casou-se com a atriz judia Helene Weigl, recém-filiada ao Partido Comunista, com quem teve uma filha, Babara, nesse mesmo ano. Implacável crítica da economia industrial, Die Massnahme foi duramente combatida pelo Partido Nazista pelo seu conteúdo nitidamente marxista, e tão logo que Hitler chegou ao poder, o casal comunista Brecht e Feigl (que corria riscos ainda maiores por ser judia) foi morar na Dinamarca em fevereiro de 1933, onde viveram até 1939, quando, com a iminência da Segunda Guerra Mundial, fugiram pra Suécia e de lá pra Finlândia. Foi nessa época que a temática da obra de Brecht, além de seu caráter socialista, ganhou contornos especificamente anti-nazistas, como Galileu, Mãe Coragem e Seus Filhos, Der Gute Mensch von Sezuan, e A Ascensão de Arturo Ui.

Essa última peça é uma rica alegoria sobre a ascensão de Hitler, representado pelo mafioso de Chicago Arturo Ui, um impiedoso facínora. Outros líderes nazistas tem versões análogas na peça: o diretor da SA (SturmAbteilung) Ërnst Rohm é o gângster Ernesto Roma, o marechal Herman Göring é Emanuele Giri, e os empresários prussianos junkers são representados pelo Cartel do Couve-Flor, um sindicato patronal de grandes agricultores que produzem todo o couve-flor consumido em Chicago. A peça foi escrita nas três semanas que Brecht passou em Helsinque, esperando um visto de entrada para os Estados Unidos, onde morou de 1941 até 1947, quando a paranóia anti-comunista o submeteu ao constrangimento de depor no Comitê da Câmara de Atividades Anti-Americanas (HUAC, House Un-American Activities Committee). Eram os anos que antecederam a Guerra Fria, e, num prelúdio à caça de bruxas generalizada que o macartismo promoveria nos anos 50, o HUAC começou a perseguir intelectuais de esquerda e Brecht, após seu depimento, imediatamente regressou à Europa, morando um ano na Europa Ocidental, e, entre 1949 e 1956, quando morreu, na Alemanha Oriental, cujo regime comunista buscava fazer dele um ícone.