terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Os Beta Israel e a luta pela inclusão em uma sociedade cosmopolita

na integra em :http://vidasmarranas.blogspot.com/2008/01/os-beta-israel-e-luta-pela-incluso-em.html

Em um pais de extensao territorial limitada, quase 70% de suas terras compreendendo desertos ,tem sido miraculoso e herculeo o esforço para a absorçao tambem de imigrantes , judeus da diaspora ,levas que nos ultimos 15 anos tem causado grande impacto na sociedade israelense.Israel tem primado em receber imigrantes das mais variadas partes do mundo. Em uma sociedade plural e que congrega judeus de todos quadrantes do planeta,a pequena pátria cosmopolita e ETERNA ERETZ ISRAEL( Chai am Israel),dentre seus habitantes judeus de origem mizrahi,sefarad, asquenazita ,falashim,coraichita e sabra ;além de arabes cristaos ,drusos e muçulmanos; circassianos, estima- se que haja hoje cerca de 250 mil estrangeiros não judeus em trabalho temporario em Israel.

Neste caleidoscopio humano as vezes noticias exoticas ou simplesmente ruins nos saltam aos olhos. Ha alguns meses fora a de neonazistas de origem russa (vindos da leva de 'judeus russos',hoje cerca de 1 milhao em Israel entre judeus pela halaká ou pela lei de direito de Retorno) aprontando em ruas de Jaffo e suburbios de Tel Aviv .Embora outras como o processo de cotas para a admissao de cidadaos arabes ,esforço para a educaçao e inclusao de drusos e beduinos, pouco é valorizado na midia. Sabemos que em Israel não funciona uma democracia perfeita,mas ativistas e a forte autocritica israelense tem se esforçado em prol disto. Desta recentemente em matéria publicada no jornal israelense Haaretz ,uma denuncia a discriminação racial que atinge estudantes judias negras, vindas da Etiópia, em colégio primário na cidade de Petach Tikva, para onde foram enviados a maioria dos que emigraram do país africano para Israel. Cabe salientar aqui que a absorçao em massa ao pais o foi a duras penas, uma vez que o pais obrigou-se a criar estruturar para a alocaçao de milhares de imigrantes em curto periodo de tempo.

"O Ministério da Educação abandonou os filhos de imigrantes da Etiópia. Todos os cidadãos merecem receber educação igual", afirmou Abraham Nagosa, líder da comunidade dos etíopes em Petach Tikva.O Banco de Israel liberou um informe onde se diz que os trabalhadores de origem etíope ganham, em média, metade dos salários da média dos trabalhadores do país. 52% das famílias dos etíopes são pobres. A maioria de seus integrantes em idade de trabalhar está desempregada. A comunidade etíope, que está em 1,4% da população, contribui com mais de 16% do total de israelenses abaixo da linha de pobreza.

Os judeus etíopes , ou chamados falashas constituem uma minoria em Israel, antes de comentarmos esse fato, é interessante conhecermos um pouco da fantástica história sobre os falashas, publicado na revista Morashá, escrito por Asher Naim.

Por quase 3.000 anos, os judeus negros da Etiópia, conhecidos como falashas(tom de diferenciaçao dado a estes pela populaçao etiope) e que se auto-denominam Beta Israel mantiveram sua fé e identidade lutando contra a fome, a seca e as guerras tribais. Acredita-se que eles faziam parte de uma das dez tribos perdidas, e houve grande mitificaçao quanto a seus ancestrais remontarem ao rei Shlomo e à rainha de Sheba (Sabá).Segundo historiadores a presença destes no planalto etiope ja conta bem antes disto.

Em maio de 1991, os falashas protagonizaram um êxodo milagroso. Com a Etiópia envolvida em profunda e brutal guerra civil, 14.200 membros dessa comunidade foram transportados de avião para Jerusalém pelas Forças de Defesa de Israel. A operação durou 25 horas.


O herói que idealizou e organizou o incrível resgate foi o então embaixador de Israel na Etiópia, Asher Naim. A epopéia foi narrada no livro Saving the lost tribe, lançado este ano, no qual Naim relata com humor e conhecimento de causa a ação que se tornou conhecida como Operação Salomão.

No outono de 1990, quando foi nomeado pelo governo israelense para o cargo de embaixador em Adis Abeba, sua identificação com os judeus etíopes foi imediata. Ele queria dar continuidade à chamada Operação Moisés, implantada em 1985 pelo serviço secreto israelense, o Mossad, em conjunto com a agência norte-americana CIA que, durante três anos, tentou tirar do país 14 mil falashas através do Sudão, levando-os de barco para Israel. O sucesso daquela operação foi relativo, pois na época, só oito mil pessoas conseguiram fugir; o restante adoeceu na viagem e muitos voltaram à Etiópia. Muitas famílias foram, assim, separadas.

História dos falashas

Em 1860, missionários britânicos que viajavam pela Etiópia foram os primeiros ocidentais a encontrar a tribo dos falashas, ficando surpresos ao ver as faces queimadas com traços semitas e que praticavam o judaísmo. Os membros dessa comunidade observavam o Shabat, mantinham rígidas leis rituais da forma como eram descritas na Torá.Pouco tempo depois, o estudioso judeu Joseph Halevy decidiu conhecê-los pessoalmente. Seria possível que esses judeus fossem parte de uma das tribos de Israel, perdidas há muito, foragidas do Primeiro ou Segundo Templo? Halevy foi recebido com curiosidade e desconfiança pelos nativos, que lhe perguntavam: O senhor, judeu? Como pode ser judeu? O senhor é branco!

Mas quando Halevy mencionou a palavra Jerusalém, todos se convenceram. Os falashas haviam sido separados de outros judeus por milhares de anos. Nenhum deles jamais saíra de seu vilarejo. No entanto, todos acalentavam um grande sonho, vindo de gerações passadas: voltar para Jerusalém. Os judeus da Etiópia sofriam as mesmas discriminações que os demais, na diáspora.

No início de 1970, havia um grupo organizado dos Beta-Israel que queria emigrar para Israel, apesar de seus membros ainda não serem considerados judeus, não tendo, portanto, direito a fazer aliá. Uma centena de falashas já vivia em Israel, onde começou um movimento liderado por um iemenita judeu nascido na Etiópia, Ovadia de Tzahala, que fizera aliá em 1930 e que tinha parentes entre os falashas. Por isso, pressionava- os a emigrar para Israel.

Operação Salomão


Em 1990, enquanto as forças rebeldes avançavam contra o ditador etíope Mengistu Haile Mariam (o açougueiro de Adis), foi ficando claro que os falashas seriam exterminados, a não ser que con-seguissem deixar o país. Asher Naim, excelente mediador, trabalhou em vários campos simultaneamente. Negociava com Mengistu, coordenava logística e estratégias com os militares israelenses e arrecadava doações, freneticamente, através de contatos nos Estados Unidos.

No dia 23 de maio de 1991, decidiu que havia chegado a hora de convocar a Força Aérea Israelense: a Ope-ração Salomão devia come-çar imediatamente. O ditador Mengistu aceitara as con-dições, mediante pagamento em espécie e impondo segredo absoluto.

Diante da embaixada israelense, milhares de falashas se acotovelavam, prontos para partir. Os primeiros aviões israelenses aterrissaram no aeroporto de Adis Abeba e uma equipe de comandantes muito bem preparados se posicionou para proteger a missão a qualquer custo.

No total, 14.200 emigrantes foram levados da cidade para o aeroporto Ben-Gurion, em Tel Aviv. Trinta e cinco aviões militares e civis fizeram 41 vôos. Em um dado momento, havia 28 aviões no ar. Um dos Jumbos, que normalmente poderia levar 500 passageiros, transportou de uma só vez 1.087 pessoas, num feito anotado no livro de recordes Guinness.


Para Asher Naim, o resgate dos judeus etíopes foi de importância vital. Ele queria liberar seus irmãos de um ditador tirano e assim assegurar a sobrevivência dessa tribo. Ajudando os falashas a voltar para Jerusalém, Naim chegou a um novo e profundo entendimento do verdadeiro significado de fé, de identidade e da luta para superar as adversidades. No seu livro, cita uma frase de Bernard Raskas: D'us não quer que façamos coisas extraordinárias. Ele quer que façamos coisas ordinárias, de forma extraordinária…

Em Israel, a adaptação dos imigrantes tem sido bastante difícil. A maioria era muito jovem e sem cultura nenhuma, sofrendo rejeição por causa de sua cor. Vários programas de institutos americanos e judaicos têm desenvolvido projetos especiais de educação intensiva para as crianças, como por exemplo, a escola Beth Zipora, no sul de Israel. O programa foi implantado por Elie Wiesel e ministra cursos de inglês e computação. O sonho dos judeus etíopes é formar líderes, médicos, engenheiros e até generais. O governo israelense tem feito campanhas para angariar fundos para sua absorção e sobrevivência, a fim de não deixá-los voltar ao mesmo ciclo de empobrecimento, amargura e desespero de seu passado na África.

Como vimos, os judeus da Etiópia são tão judeus quantos askenazitas,mizrahis ou sefaradis . Não podemos conceber, que após o reconhecimento da condição judaica dos judeus Etíopes por parte de Israel, parte velada de uma minoria judaica , os tratem de forma diferenciada. Aliás, Israel foi o único país que retirou negros da África para lhes dar a vida, conforto, estudo, trabalho e dignidade. Não há nenhum povo no mundo que tenha experimentado e vivenciado os horrores da discriminação racial, como o povo judeu, portanto, isso é abominável, e deve ser combatido com rigor; aliás não só em relação aos falashas, mas também em relação aos palestinos. Até porque aos olhos de D-us todos são iguais.

Não há racialismo em nosso lar! Chai am Israel.

sábado, 5 de janeiro de 2008

QUARENTA ANOS DA PRIMAVERA DE PRAGA DE ALEXANDER DUBCEK: 5 DE JANEIRO DE 1968, O SOCIALISMO VOLTA A SER HUMANITÁRIO





1968, O Ano Que Nunca Terminará: TCHCOSLOVÁQUIA DE DUBCEK RESTAURA O SOCIALISMO DOS LIVRES E BREZHNEV REAGE
O DESAFIO MÁXIMO AO STALINISMO (CUJA VOCAÇÃO ANTI-SEMITA ALEIJOU A TCHECOSLOVÁQUIA NO INFAME JULGAMENTO DE SLÀNSKY EM 1953) RETRATADO EM "ROCK 'N' ROLL", DE UM DRAMATURGO DE ORIGEM JUDAICA, TOM STOPPARD
A Primavera de Praga de 1968 foi um dos mais belos desperdícios da Guerra Fria, sufocada pelos tanques do Pacto de Varsóvia, que, sob a Doutrina Brezhnev, não podia tolerar a mais humanitária evolução do Socialismo Marxista-Leninista. O episódio, iniciado há exatos quarenta anos no dia cinco de janeiro de 1968, data da posse de Alexander Dubcek na Presidência da Tchecoslováquia, foi abruptamente sufocado por iniciativa do premier da URSS Leonid Brezhnev, e seria imortalizado na peça "Rock 'n' Roll" do dramaturgo judeu 'Tom Stoppard', vindo da Tchecoslováquia e radicado na Grã-Bretanha. O escritor, cujo nome real era Tomás Straussler, consagrou-se no cinema como roteirista de "Shakespeare Apaixonado" e do épico político orwelliano "Brazil--O Filme" e com adaptações de suas peças como "Rosencrantz and Guildenstern Are Dead", mas foi com a sátira política "Rock 'n' Roll" Straussler fez sua obra-prima retratando uma banda de rock desafiando o mainstream cultural para representar as reformas libertárias de Dubcek dentro do Partido Socialista Tcheco-Eslovaco desafiando o stalinismo soviético da velha-guarda do partido na primeira dissidência ao poder imperial de Moscou, desde os expurgos de 1952, em que os soviéticos condenaram treze altos dirigentes do partido--dos quais dez eram judeus--por crimes de conspiração Trotskyista-Sionista-Titoísta num julgamento ensaiado.
A Primaver de Praga teve seus antecedentes com o desgaste da estrutura do KSC (Komunisticka strana Ceskoslovensko, Partido Comunista da Tchecoslováquia) ocasionada com a crise econômica que atingiu a Tchecoslováquia na segunda metade dos anos sessenta, em meio a pressões para uma retomada do processo de Desestalinização. Na verdade, a vanguarda reformista do partido, liderada por figuras como Ota Sik e Alexander Dubcek já estava fazendo avanços desde 1963, quando líderes eslovacos desalojaram os principais tenentes da linha dura do partido de sua seção eslovaca (KSS, ou Komunisticka strana Slovensko, Partido Comunista Eslovaco). Na ocasião Dubcek, membro do Comitê Central do KSC desde 1962, tornou-se primeiro-secretário do KSS e firmou-se como a principal oposição ao linha-dura Antonín Novotný, líder supremo do KSC (na época o Partido Comunista mais stalinizado do mundo, desde o Julgamento Slànsky de 1952) e chefe de governo da Tchecoslováquia. Em outubro de 1967 os renovadores de Sik e Dubcek conquistaram a força e o prestígio necessários para desautorizar Novotný no Comitê Central do KSC, desencadeando a maior crise do partido desde os expurgos de 1952.
1952 foi o ano do Julgamento Slànsky, a última crueldade da vida de Josef Stálin, quando o Partido Comunista da URSS interveio no KSC para promover uma "limpa" nos seus quadros dirigentes, a fim de assegurar o controle absoluto do partido pelos elementos mais fanaticamente leais ao stalinismo soviético. Num processo judicial altamente enviesado e tendencioso, treze altos hierarcas do KSC foram condenados (muitos à morte) por participar de uma "conspiração Trotskyista-Sionista-Titoísta". Se a combinação de Trotsky, Josip Tito e sionismo judaico soa levemente anacrônica, havia um elemento que unificava a maioria desses dirigentes para além dessas três tendências políticas: ONZE DOS TREZE LÍDERES CONDENADOS NO JULGAMENTO SLÀNSKY ERAM JUDEUS. Nenhum outro elemento unificava tão bem os acusados: Rudolf Margulius era um neo-socialista com simpatias ocidentais, Vladimir Clementís era um rebelde veterano independente de Moscou, o próprio Rudolf Slànsky, vice-líder do partido e mais destacado dirigente entre os acusados, era um stalinista linha-dura radicalmente pró-URSS, Artur London era um Republicano da Guerra Civil Espanhola, Bedrich Reicin era um soldado de longo histórico de luta anti-nazista, Mirada Horáková era uma ativista renovadora que chegou a ser defendida por Winston Churchill. No epicentro do espetáculo estava o sinistro Klement Gottwald, premier da Tchecoslováquia desde o Golpe de 1948 no qual fora empossado justamente pelos supostos traidores que estava a executar. Gottwald não hesitou em ceder às pressões de Stálin que se livrasse dos elementos "rebeldes" do KSC, e forjou a tal conspiração de vários militantes, muitos dos quais nunca tiveram contato, e alguns dos quais era inclusive amigos próximos de Gottwald (como o próprio Rudolf Slànsky suposto líder da conspiração que, como os demais, foi torturado para confessar uma culpa inexistente).
Esse era o status quo do KSC à época da ascensão dos reformistas: de todos os Partidos Comunistas do Bloco Soviético, cujas lideranças judaicas foram expurgadas nos derradeiros anos da vida de Stálin, o mais disciplinado e linha-dura (e ausente de judeus) era o KSC, e Novotný, o sucessor stalinista de Gottwald, adotou essa linha com tamanho rigor que ao ser desafiado em outubro de 1967, ninguém mais no Comitê Central suportava a sua tirania. Novotný recorreu ao PC da União Soviética para contornar a crise, e a ida de Leonid Brezhnev à Praga em dezembro de 1967 precipitou a queda: a lealdade cega de Novotný ao PC da União Soviética tinha criado um desgaste tão grande no KSC que Brezhnev preferiu destituí-lo de seus cargos, e no dia cinco de janeiro de 1968 Alexander Dubcek o substituiu como primeiro-secretário do KSC, no marco inicial da Primavera de Praga. Novotný seria finalmente desalojado da presidência da Tchecoslováquia no dia 22 de março, substituído por Ludvik Svoboda. Com Dubcek à frente do KSC, a liberdade de imprensa foi restaurada ao país e uma política de defesa dos Direitos Humanos foi adotada pelo governo. Em abril Dubcek lançou seu "Programa de Ação" propondo liberdade de consumo, liberdade de expressão, federalismo (Dubcek inclusive era eslovaco) e democracia pluripartidária, a ser implementado no 14o. Congresso do KSC marcado para nove de setembro, ocasião na qual um novo Comitê Central seria eleito, para substituir a estrutra que Gottwald implementara em 1952.
A abertura do regime tcheco-eslovaco precipitaria as grandes manifestações populares em favor de uma radicalização democrática, desencadeada com o artigo "Duas Mil Palavras" de Ludvík Vaculík, um jornalista que buscava apressar as reformas para além da influência de Dubcek, na tentativa de promover um rompimento forte com as forças soviéticas do KSC. Mas Dubcek temia repetir o radicalismo anti-stalinista da Revolução Húngara de 1956, quando o Pacto de Varsóvia esmagou as reformas de Imre Nagy, e por isso começou em julho negociações com Leonid Brezhnev e o PC da União Soviética para não provocar antagonismo do Pacto. Aparentemente, a velocidade das reformas libertárias do KSC já provocara antagonismo suficiente, porque embora em momento algum Dubcek defendesse que a Tchecoslováquia saísse da Comecon e da Organização do Pacto de Varsóvia, os stalinistas do KSC não poderiam, por questão de índole ideológica, tolerar qualquer tentativa de democratização--e Brezhnev se dispunha a ser avalista. Mesmo durante as negociações de julho a "ala conservadora" do KSC já tinha elaborado um projeto de golpe de estado que contaria com apoio de tropas soviéticas para depor Dubcek, e esse oficiais encaminharam o pedido durante os bastidores da própria negociação. Oficialmente Brezhnev prometeu não interferir no 14o. Congresso do KSC e inclusive retirar tropas do Pacto de Varsóvia que ensaiavam manobras militares em território tcheco-eslovaco, e no dia 3 de agosto todos os países do Pacto se encontraram em Bratislava, na Eslováquia, para assinar um acordo que determinava que as intervenções militares só aconteceriam se um país sofresse um golpe burguês-capitalista. Com os termos ideológicos do Pacto a critério de Brezhnev, a URSS não tardou a mostrar o que ela pensava do "socialismo com rosto humano" de Dubcek: na virada do dia 20 pra 21 de agosto cerca de 7 mil tanques soviéticos invadiram a Tchecoslováquia, e entre duzentos e seiscentos mil soldados do Pacto marcharam contra a democratização, vinte e oito mil só da Polônia. Também participaram Hungria, Alemanha Oriental, e Bulgária. Dubcek implorou desesperadamente para que seus conterrâneos praticassem desobediência civil e resistência não-violenta aos soldados do Pacto, setenta e dois civis tchecos e eslovacos foram assassinados no massacre, centenas foram feridos, 70.000 fugiram imediatamente do país (o número total de emigrantes chegaria a trezentos mil), e um estudante, Jan Palach, se imolou em protesto contra a invasão. Dubcek, que nem chegou a assumir a presidência da Tchecoslováquia, foi destituído do cargo e transformado num burocrata menor do governo. Um protesto de jovens russos na Praça Vermelha em Moscou contra a invasão promodia pela política da URSS (que viria a ser chamada de "Doutrina Brezhnev") seria brutalmente reprimida no dia 25 de agosto. A Tchecoslaváquia permaneceu ocupada pela reação anti-democrática até o fim do ano.
A Primavera de Praga foi uma utopia tão doce e tão inocente, e sua repressão foi tão violenta e tão gratuita, que o episódio foi um dos grandes divisores de águas na história política do Socialismo. Primeiro consagrou o comunismo soviético como monolítico e irreformável. Daí seu colapso foi definitivo e inevitável. Em segundo lugar, as formas democráticas de socialismo se tornaram irrevocavelmente inconciliáveis com a bipolarização da Guerra Fria. Daí o limbo da inoperância no qual o socialismo humanitário fora arremessado até a Era Gorbachev. E por fim, ficou patente que o socialismo internacional não poderia ser outra coisa que não a extensão da política externa soviética. Os países que não eram satélites da URSS, portanto, perderam a vocação internacionalista: Cuba foi inexpugnavelmente isolada, a China se transmutou numa potência imperialista de mercado, o Vietnã, Laos e Camboja se tornaram típicas repúblicas do Terceiro Mundo asiático, a Albânia radicalizou-se num sistema fascistóide, e a Iugoslávia se tornou um veículo do nacionalismo sérvio. A Primavera de Praga marcou o rompimento da intelectualidade de esquerda do Ocidente com o bloco oriental, além da guinada em direção ou à social-democracia, ao trotskyismo, ou ao anarquismo, a intelectualidade anti-conservadora começou a abrir filões para a geração que nascera sob a opressão do do Sovietismo, mais compenetrados na contestação cultural e comportamental do que na revolução proletária. Desse contexto surgem alguns dos grandes intelectuais judeus da contracultura, como Hannah Arendt, Leszek Kolakowski, André Glucksmann, Meyer Schapiro e Tom Stoppard. E é com esse espírito que Stoppard escreve sua obra, inclusive a que aborda a invasão soviética da Tchecoslováquia.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Capitão Barros Bastos e os judeus em Portugal -Caso Dreiffus português

Capitão Barros Bastos e os judeus em Portugal -Caso Dreiffus portuguêsBarros Bastos Dreiffus luso e outsider da causa marrana no século XX

Interessantemente alguns veiculos de comunicaçao do ishuv tem dado alguma nota a historia desta figura emblematica do do Capitão Barros Basto,Arthur Carlos de BARROS BASTO, para muitos um desconhecido, ele é uma espécie de Caso Dreyfus lusitano,uma historia que merece ser divulgada. Embora não possamos aqui fazer comparaçoes quanto a importancia dos casos, a questão em que Barros Bastos insere-se tem sua singularidade e similitudade primeiro por que ele era um tambem um herói do exército ,aqui o português , e que ao descobrir sua ascendência judaica resolveu retornar à fé ancestral em um processo que marcaria a Historia portuguesa por abrir as portas para os estudos sobre o marranismo em pleno séc XX. Sendo um homem de fé inabalável“Adonai li velo irá” (Tenho D-us comigo, por isso não temerei”)foi sepultado, segundo o seu desejo, com a sua farda de valoroso capitão, e suas medalhas e condecorações obtidas numa brilhante carreira de militar, na implantação da República em 1910, e nas batalhas da Flandres.

Em Portugal, ainda nos dias de hoje e mesmo no Brasil tanto dentro ou fora da Comunidade judaica ainda existem tabus que Barros Bastos enfrentou no inicio do século XXE Isso ,cabe frisar mais uma vez ,por volta dos anos 30 do século passado, em pleno Estado Novo em um país dominado pela intolerância religiosa e pela tentaiva lusa do cientificismo. E que de uma hora para outra centenas de pessoas resolveram sair de seus esconderijos e assumir publicamente seu judaísmo ou simplesmente tendo coragem de dizerem se de origem judaica em varias regioes lusas como a nortenha e de Tras- os- montes. E como hoje em Portugal algo que nos arremete a existencia de judeus como nomes logicamente portugueses,como Moreira, Almeida, Mendes, Affonso,Mello,Vasco, ...outros nem tão incomuns como Melamed,Medina,Benayoum ou aportuguesados do hebraico como Sekher,Anidjar,Azoulay,Fourtune,Choucroum,...mas que a primeira vista pareceriam apenas um conto da carochinha ou exotismo.

Voltando ao Capitao Barros Bastos, alem da fronteira do atavismo e o do não proselitismo, ,apos sua conversão (ou retorno ,como se referia)enfrentou a Igreja e o governo que não gostaram da história e forjaram um processo contra Barros Basto, e dentre inumeras acusações ,como de sedição e homossexualismo,acabou expulso apos execlação moral, do exército português pelo simples fato de sua descoberta. Barros Basto foi um verdadeiro apóstolo dos Marranos, aos quais dedicou a sua vida e padeceu por eles, morrendo na desgraça, quando todos à sua volta estavam convencidos de que a sua Obra tinha sido vencida pelos duros golpes infligidos pelos seus inimigos, de fora e de dentro.Mas Barros Basto não era um Marrano a stricto senso, porque esse termo designa o judeu forçado a converter-se ao cristianismo, cuja família continuou a praticar a religião dos seus pais, em segredo, consciente do perigo de morte em que incorria.Barros Basto era descendente desses judeus convertidos pela força – revelou-lhe muito em segredo, seu avô, na biblioteca da casa em Amarante, quando ele tinha apenas 8 anos. Era um segredo que, em cada geração, só um membro da família Barros Basto guardava. E o avô, antes de morrer, escolheu Arthur, e não o pai deste, para depositário desse segredo.A família não guardava qualquer preceito judaico, e, pelo contrário, sua extremosa mãe era católica muito praticante, que o levava à Igreja, e tinha grande desgosto pela aversão que a criança demonstrava, sem saber porquê, aos círios e às procissões.

Da existência de judeus em Portugal só soube em 1904, quando leu num jornal que havia sido inaugurada uma sinagoga em Lisboa.Foi nessa sinagoga que ele tentou ser admitido, quando, anos mais tarde, o exército o mandou frequentar um curso na Escola Politécnica, em Lisboa.Mas os dirigentes da sinagoga dissuadiram-no. Não só porque o judaísmo é adverso a aceitar prosélitos, como porque os judeus de Lisboa se sentiam ainda apenas “tolerados” e temiam ser acusados de missionarismo.Assim o jovem oficial português não foi às cegas para o judaísmo. Pelos seus próprios meios, como autodidata, ele estudou profundamente e comparou as principais religiões: além do Judaísmo, o Cristianismo, o Islão, e as doutrinas teosóficas de Madame Blavatsky e de Steiner.Vendo baldados todos os seus esforços para ser aceite pelos judeus, aos quais, segundo a revelação de seu avô, ele pertencia, Barros Basto entendeu que, para ser um homem digno não era necessário ser admitido na sinagoga,mas fez valer o esforço de sua origem que até então era objeto de obscurantismo pela familia neste Portugal catolico e que a séculos se esforçara em apagar suas origens impuras.

Cabe tentar compreender aqui um Portugal que no desenlace dos séc XIX e XX rivalizava a colonizaçao da Africa com potencias europeias nas ciencias e estudos antropologicos e que atraves de Barros Bastos ganhava o problema de sua origem 'impura' judaica.Portugal queria firmar se como nação homeogenea e atraves de um renomado capitão obtinha a ingloria de admitir que o sonho luso teria de admitir velhas diferenças .Um exemplo de sua luta é a Sinagoga Kadorie, do Porto, por Barros Bastos erigida,e que é um magnífico prédio que abriga a coletividade judaica local. A comunidade israelita portuguesa iniciou uma mobilização para a revisão do seu caso. A campanha foi lançada há poucos dias e recebeu um número impressionante de adesões. É preciso que a coletividade judaico-brasileira tome conhecimento desse fato e possa participar assinando a petição on-line cujo link segue abaixo.

http://www.petitiononline.com/benrosh/petition.html


*em breve adentraremos mais a questão acerca do Marranismo no Brasil e em Portugal.