O Movimento Sionista conquistaria sua primeira vitória nas relações internacionais, no dia dois de novembro de 1917, mas os desafios se intensificariam
- O Ministro de Estado do Reino Unido Arthur Balfour assina a declaração se mostrando favorável a criação do Estado Judaico na Palestina
- Sionistas do mundo todo conseguem o primeiro apoio internacional na causa de um Estado para o povo Judeu
- O sonho de Theodor Herzl, preconizado por Moses Hess, e alimentado por Chaim Weizmann, ganha uma baliza concreta
- Os judeus palestinos conquistam o êxito que todo o universo judaico ansiava por milênios: RECONHECIMENTO
Theodor Herzl estava morto há mais de treze anos. Os judeus da Rússia e dos Países Bálticos estavam lutando pela sobrevivência nos partidos social-democratas (Mencheviques, Bolcheviques, e Social-Revolucionários). As finanças do Movimento Sionista estavam praticamente zeradas, os seus adeptos estavam exaustos com décadas infrutíferas de negociações com as grandes potências. A ínfima elite judaica da época estava alheia ao desespero dos sionistas, preocupada com a manutenção de seu próprio status. E quando tudo parecia perdido, os líderes do movimento, com uma brilhante cartada diplomática, conseguiram seu primeiro apoio institucional para uma pátria judaica.
A Primeira Guerra Mundial precipitou o cenário geopolítico do século XX de forma dramática. Com ela, quatro impérios foram esfacelados, três dos quais após decadente agonia. O Império Otomano, o Império Austro-Húngaro, e o Império Russo, tendo vivido o ápice antes da Revolução Francesa e reconquistado a glória com a morte de Napoleão tiveram seus terrítórios despedaçados entre as nações neles existentes, com seus países centrais transmutando em repúblicas de uma ou outra natureza.
O quarto império, a poderosa Alemanha da dinastia de Hohenzollern, foi prematuramente desmontado pelo esforço conjunto dos Aliados naquela guerra em que as tecnologias mais mortais do mundo foram postas em prática: metralhadoras, tanques de guerra, gás nervoso, trincheiras, armas químicas. Mais uma invenção que foi particularmente útil para os britânicos, membros dos Aliados iria virar a maré a favor do movimento sionista na grande disputa pelos rumos da sociedade judaica.
A Cordite é uma pólvora sem fumaça desenvolvida a base de nitrocelulose, testada pela primeira vez pelo cientista francês Paul Vielle em 1886 com o nome de Pouvre B, e aperfeiçoada por Alfred Nobel de tal forma que não se tornasse instável e provocasse explosões retardadas. Com o nome de Ballistite (10% cânfora, 45% nitrocelulose e 45% nitroglicerina) foi preterida em 1889 pela invenção de Sir Frederick Abel e Sir James Dewar: a Cordite Mk I com a fórmula de 58% nitroglicerina, 37% algodão-pólvora insolúvel e 5% que usava acetona como solução. Durante a Primeira Guerra Mundial, com a escassez planetária de acetona, o físico russo e militante sionista Chaim Weizmann criou a fermentação de acetona, que permitiu a confecção da ultra-moderna Cordite Md, outrora obsoleta, que deu à artilharia dos aliados uma das vantagens necessárias para vencer a Guerra. O ultra-politizado Weizmann não buscou a fortuna com a sua patente: pediu concretamente o reconhecimento das autoridades britânicas ao direito do povo judeu de estabelecer um lar nacional na Palestina. Aí nasce a Declaração Balfour. O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tentados pela lógica bélico-industrial, demonstraram na carta, incialmente endereçada ao judeu milionário Lord Rothschild, uma simpatia pelo estabelecimentos de comunidades judaicas na Palestina, onde as comunidades existentes estavam sendo enxotadas pela polícia do Império Otomano, desconfortável com um suposto caráter subversivo do movimento sionista.
O significado da Declaração Balfour não foi pequeno. Mostrou aos Rothschilds e outros próceres da mínima elite judaica que o Sionismo era um sonho possível, para além dos caprichos de alguns intelectuais de esquerda. Mostrou aos judeus socialistas que a luta por uma pátria judaica sem a divisão do trabalho capitalista era possível com diplomacia. Mostrou aos revisionistas judaicos que as milícias israelitas poderiam lutar em aliança com outros povos--e de fato os exércitos de Jabotinsky se aliaram aos britânicos para derrotar os turcos, a partir desse momento. E principalmente mostrou ao Movimento Sionista que a vitória, Endziel, se concretizaria através da inteligência de líderes radicais de esquerda como Weizmann, e não pela militância xenófoba de Stern ou o pragmatismo subserviente de Wolfsohn e Warburg, o então presidente do Cngresso Sionista. Com o fim do mandato de Warburg, o próprio Chaim Wiezmann, nem tão a esquerda quantos os socialistas do Bund e muito menos à direita queos revisionistas de Jabotinsky, se tornou presidente do Congresso Sionista, representando o partido dos Sionistas Gerais.
2 comentários:
e cadê os árabes já residentes na Palestina nessa história toda????
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