quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Sou o Teu D´us em Nilopolis
’Sou O Teu D´us ... em Nilópolis ... na integra em :http://vidasmarranas.blogspot.com/
Um pequeno relato da trajetória da comunidade judaica nilopolitana. Da efervescência cultural e religiosa ao silencio do cemitério e antiga sinagoga semi-abandonados.
No alto da montanha de Massada, uma sinagoga ainda pode ser vista pelos turistas. Nilópolis, 2000 anos mais nova, corre o risco de nem ter esta sorte. Falta pouco. Anos e anos desprotegida pelas telhas e vidros que se foram. A pequena sinagoga teima em não se deixar cair, não desaparecer (...) O florão de madeira que um dia encimou a Arca Sagrada jaz sobre uma mesa.
... Sou O Teu D´us ... Não Jurarás em Nome de D´us em vão ... ... Honrarás Teu Pai e Tua Mãe ... Não prestarás falso testemunho ...
Presentes em todas as madeiras. Sejam tacos, os últimos moveis que ainda não se foram, o teto, nem mesmo os vorazes cupins se atreveram a desafiar as sagradas inscrições da magnífica peça. Abandonada sobre a mesa ainda santifica o ambiente, com dois Leões de Judá altaneiros sustentando os 10 Mandamentos, um de cada lado, lembrando que outrora em volta daquele templo gravitou uma pujante comunidade judaica, no então 2o. Distrito de Nova Iguaçu, depois nomeado em homenagem ao Presidente Nilo Peçanha e hoje sede da campeã Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis.
No centro ainda se ergue a Bimah (um púlpito onde se realiza a leitura da Torah). Alguns moveis em volta já tão estragados que nem os ladrões se interessaram, após vasculhar as portas e gavetas. Os rolos sagrados já de há muito foram enterrados, e um se salvou, encontra-se na Sinagoga do Colégio Barilan em Copacabana. Nas paredes, algumas placas, títulos e belos afrescos representando os signos do Zodíaco ainda exibem cores vivas apesar de tudo. Poucas lapides, talvez não mais que 200, 300. As mais antigas datam das primeiras décadas do séc. XX. Com o fim da comunidade, algumas estão se perdendo, engolidas pela terra e pelo mato. Há casos em que já não se sabe quem jaz aonde, e os registros não são completos. Apenas um casal cuida do campo santo. Dois cachorros fazem a segurança numa área problemática. Alguns poucos ativistas abnegados e abençoados, desdobrando-se, fazem o que podem para manter o cemitério, obedecendo estritamente ao ritual judaico
(...)Caminhando pelas largas aléias pode-se observar sobrenomes hoje famosos inscritos nas lápides. Nos tempos duros, quando nossos pais e avós tiveram que escapar das perseguições no outro lado do mundo, eram nomes desconhecidos, de difícil pronúncia.Tratados popular e amistosamente como os gringos da prestação, ou já em pequenas e mais tarde grandes lojas de móveis e de roupas, no inicio batalharam de sol a sol pelas ruas de terra batida, fazendo mais do que jus a determinação divina:
... Ganharás o teu pão com o suor do próprio rosto (...)
.(...)“E amarás ,pois ao Senhor o teu D´us de todo o teu coração , de toda a tua alma e com todas as tuas forças. E estas palavras atarás no teu coração; e as ensinarás a teu filho, e ao filho de teu filho. E delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, e as falarás ao deitar-te e ao levantar-te.
Pois ouve ò Yisrael, o Senhor é o vosso D´us.O Senhor o Vosso D´us é um só.”
Outra vez apareceu um velhinho. Não bateu palmas, quem teria lhe aberto o portão? Já estava escuro, chovia um pouco. De repente estava ali, no pátio. Humilde, vestia terno preto, gasto. Parecia ter a idade do tempo. Nada falava. Ficou penalizado olhando,(...)A chuva apertava na noite de Nilópolis. Quando voltou, não viu mais o homem. Havia sumido tão de repente como quando chegara. Uma forte ventania se seguiu,(...) Parecia que a natureza protestava contra o descaso. As janelas batiam, o vento zunindo despejava água aos cântaros, a tempestade era assustadora. Mas não faltam judeus necessitados, ao contrario do que propala a mídia perversa. Houve os falashas ,os b’nei Israel,há os da Rússia e aqueles que se encontram pelos subúrbios do mundo....
Não matarás ... Não roubarás ... Não cobiçarás a mulher e os bens de teu próximo ...
Mas em que pese a destruição implacável do tempo que não perdoa, o lugar ainda ostenta uma aura de santidade; embora em ruínas, a sinagoga não perdeu a majestade (...)O observador imediatamente ao adentrar o pequeno pátio, onde antigamente as crianças corriam durante as orações, sente como que a presença de uma força, uma entidade maior ... Um lugar sagrado ...
O poder de anos e anos de ardentes orações ... O momento em que o Cohen (da casta sacerdotal), com a cabeça coberta pelo talit (manto religioso) erguia as mãos na milenar Birkat Cohanim (Benção Sacerdotal do Templo de Salomão), quando todos de pé e contritos evitam olhar, pois ali paira uma luz divina. Dizem que o Profeta Eliahu (Elias) as vezes abandona o Jardim do Éden e desce a este Vale de Lágrimas, testando a solidariedade humana ora como um pedinte ora como um velhinho de terno que de repente aparece, para logo em seguida sumir em meio a uma ventania ... Naquela noite chuvosa os cachorros(...)Latiam muito na direção da sinagoga, como se alguém ainda estivesse ali ...
O Todo Poderoso às vezes manda alguns sinais ... a sarça ardente em meio do deserto divisada ao longe pelo nosso Grande Patriarca Moshe Rabeinu (Moisés)... No deserto do Sinai ou em Nilópolis ...
... Não terás outros deuses ... Lembrarás e manterás o Sábado Sagrado ...
(...)Sabiamente, a Prefeitura reconheceu a importância da sinagoga. Como reza o Dec 2.440 de 19/ago/99, "considerando o que a comunidade judaica representou para evolução e crescimento de nossa cidade", o Prefeito Jose Carlos Cunha determinou seu tombamento pelo Patrimônio Histórico Municipal.
A própria rua do cemitério ostenta o nome de um pioneiro: Rua Jaime Berkowitz. Se andarmos depressa, ainda haverá tempo. Tomando a Linha Vermelha, não mais de ½ hora separa a entrada da Via Light, que dá acesso a Nilópolis, do centro do Rio. É preciso quem vivenciou aqueles velhos tempos, e seus descendentes venham, e de pé no centro da pequena sinagoga fechem os olhos por alguns momentos. Nestes instantes, do fundo da sua alma, certamente evocarão cânticos distantes, o burburinho de antigos casamentos, o estrondo do copo se quebrando seguido pelas mesmas palavras eternamente repetidas pelo noivo através dos séculos: Im Ishkacher Yerushalaim, Tishkach Yemini...
Im Ishkacher Yerushalaim, Tishkach Yemini...
“Se eu me esquecer de ti ó Jerusalém esqueça–se a minha mão direita da sua destreza. Apegue-se me a língua ao céu da bocas se não me lembrar de ti,
Se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria.”
*Este texto adaptado anos atrás foi divulgado em alguns espaços da mídia judaica.Por deslize não guardei o nome completo do autor, senão algumas referencias: Judeu, de nome “Israel Blajberg” e reconhecido militar reformado da ESG.
terça-feira, 19 de agosto de 2008
Tempo de mudanças.Hoje ou eternamente amanhã
Creio que as reais possibilidades de mudança estão porvir e levado a pensar no que precisamos encarar como tarefas inadiáveis.Projetos coletivos,de esperanças e sonhos de uma sociedade sem discriminações,sem exclusões,plurais,democráticas e sustentáveis.
É claro que tarefas assim são para mais de um mero ano,implicam largo prazo,décadas,gerações,etc.Mas primeira e fundamental tarefa é imaginar grandes processos e mudanças para fortalecer a vontade de agir no aqui e agora e incidir nas relações sociais e nos processos concretos,capazes de desencadear lógicas estruturantes do novo.Segundo é avaliar bem as circunstâncias sociais e históricas,os riscos e desafios que podem se interpor no caminho e como encará-los. A democracia aponta um ideal que é, na verdade, um processo virtuoso de construção de sociedades mais livres,igualitárias,mais valorizadoras da diversidade intrínseca,solidárias e mais participativas ,mas dá também o método,ou seja,implica em se engajar, disputar e cooperar, sob a luz de tais princípios e valores,nos quais os fins não justificam os meios e sim os qualificam,gerando um processo incerto de avanços e recuos,de rupturas e de compromissos possíveis.Assim fixados os parâmetros, trata-se de ver riscos e desafios do ângulo d'uma 'democracia radical'.
O maior risco que ronda os ares as vésperas de mais uma eleição vem se manifestando há alguns anos.É confundirmos a democracia como ideal e proposta com o que temos no Brasil,na região,no mundo.Que sociedade queremos e almejados?Ate quando discutir a sociedade utópica ? Radicalismo, Anomia ou qual outra terminologia e ação?
Vivemos uma situação de democracia contida em seu potencial transformador, pois capturada de algum modo por forças e interesses que, no contexto democrático, esvaziaram o poder político e impuseram uma agenda de globalização econômico-financeira centrada no mercado.Muita gente, inclusive no campo das organizações de cidadania ativa da sociedade civil, já começa a se interrogar,uns dizem que perigosamente, se a opção democrática é o melhor caminho.É?E qual democracia?Diante disto,é fundamental ser intransigente e radical para ir alem e enfrentar os limites da democracia real, em busca da solução 'democratica', isto é, em que tenha se mais participação, mais disposição de disputa em cada campo e esfera da vida.
Claro que é indispensável reafirmar e defender a institucionalidade democrática duramente conquistada, mesmo se ainda pouco eficiente. Poderemos alias ser vitimas de radicalismos de Direita,do contrario.Democracia nisto é condição fundamental e dela devemos partir para 'radicalizar ' a própria democracia. Trata-se, isto sim, de reconhecer que a tarefa coletiva de radicalização democrática tem na institucionalidade democrática uma condição necessária, porém insuficiente até aqui para dar conta das múltiplas formas de exclusões e negações de direitos de cidadania, da desigualdade,da violência,da destruição acelerada do patrimônio comum da vida, a natureza, ao mesmo tempo em que se nega para muitos(as) o acesso aos recursos comuns
É de uma nova e grande onda irresistível de democratização que precisamos, uma onda de idéias, de demandas, de movimentos efetivos. É incompatível com a democracia a segregação e a violência reinante em nossas grandes cidades. Estamos em uma espécie de guerra civil larval, com mais mortes violentas do que em guerras declaradas. Cidadania não pode conviver com isto.
A ineficiência do Estado democrático em prover segurança é patente. Mas o cinismo de estratos médios e dos ricos,nos seus prédios e condomínios gradeados,é também parte do problema da segregação e violência.E aos pobres soçobra as formas de sub- leis e sub -ordens locais que se aproveitam da ausência do Estado e tornam se localmente o Judiciário,Legislativo e o Executivo ,o que nos afirma estarmos diante de uma verdadeira emergência, que exige ação imediata perante a ameaça do neocoronelismo urbano
Em escala social temos problemas urbanos agravados pelo crescimento desordenado, a falta de políticas habitacionais e de transporte. O individualismo se aproveita das novas concepções de inserção social e da aparente democracia vivida resultando num emaranhado de superposição de classes que desigualmente participam do crescimento econômico.Alias, que forma de crescimento é o desejado?
Há urgência em retomar o questionamento do que seja desenvolvimento de uma perspectiva de democracia radical.Não fomos capazes até aqui de nos contrapormos ao descalabro do crescimento do PIB como expressão da riqueza coletiva.PIB que cresce na mesma proporção da destruição da natureza, hoje em escala planetária.Já imaginamos o quanto de natureza se pode poupar localizando as economias,segundo o princípio de produzir aqui, o que for possível, para consumir aqui?Por que necessitamos do empuxe das exportações para crescer? Não vale a pena se perguntar se construiremos democracia exportando produtos que carregam destruição ambiental e todo o sofrimento humano de milhões que não têm acesso a produtos essenciais?
Com o aquecimento global,a questão ambiental finalmente motiva amplos setores e perpassa todos os segmentos sociais. As condições para ações efetivas de mudança e de construção de bases de sustentabilidade de uma perspectiva democrática nunca foram tão efetivas.O desafio,porém,é mostrar que não se trata apenas de adaptação de práticas e continuar devastando os recursos naturais como sempre.Isto até pode dar sobrevida a uma lógica de negócios e de acumulação privada de lucros.Não resolverá a sustentabilidade e muito menos criará mais justiça social no acesso e uso dos grandes recursos.
A questão ambiental se soma à questão da exclusão e da desigualdade para revelar que estamos, na verdade, diante de uma crise de civilização, do industrialismo e consumismo, na qual modos de produção, modos de consumo e estilos de vida estão em questão por destruírem a base natural da vida e por excluírem a maioria da população.Estamos em ano eleitoral,de eleições de prefeitos e vereadores.É do local que se trata.Para revitalizar a democracia, nada como o local,espaço público imediato de nossa cidadania.A violência,o meio ambiente, economia podem ser politizados e reagendados a partir deste locus da cidadania.O ano, portanto,é oportuno para renovar ousadias na disputa política e fixar bases de mudança.
A.
quarta-feira, 2 de abril de 2008
Os judeus na Africa parte I
parte I
Mais e mais tribos do continente africano, declaram: "Somos judeus". Polemico?Ou o judaismo esta dentro dos que aceitam no de coraçao aberto e praticam a fé judaica?Os lamba na África do Sul, os ibo da Nigéria, os tutsi do Borundi dizem que são judeus. Eles seguem as prescrições da religião judaica e novas sinagogas de palha e barro, aparecem em muitos povoados africanos.O Estado de Israel os desconhece, mas dos Estados Unidos já foi enviado um Juizado Especial para convertê-los ao judaísmo. O chefe da comunidade judaica de Uganda, viajou a Jerusalém para estudar e receber o título de rabino.Israel teme uma invasão africana que possa inundar o país.
A África em certos agrestes esta passando por um processo de aproximação do judaísmo e em diversos lugares do Continente, tribos descobrem suas raízes judaicas. O fenômeno não é novo, mas a novidade está na quantidade, não se fala em comunidades de algumas centenas, porém tribos de dezenas de milhares!.A tribo lamba da África do Sul e do Zimbabwe, tem uma população de 10 milhões de pessoas e se só uma pequena parte deles declarasse que são de origem judaica, seria uma grande quantidade de pessoas. Zeler, que pertence a uma instituição judaica americana que dá apoio à tribo lamba e que criou fundos de ajuda para as instituições culturais e fortalecem o contato com o judaísmo, sustentam que neste momento se fala "só" de mais de 10.000 pessoas.
Na Nigeria, existem cerca de 9 pequenas comunidades, todas que não apenas praticam o judaismo,mas em suas vidas simples, resistem a islamização e aos missionarios cristãos com suas ajudas humanitarias...
Outra historia é a respeito da tribo ibo, da Nigéria, tem uma população de 40 milhões de pessoas e a quarta parte deles crê que são de origem judia,mas não necessariamente professam a fé judaica. Mas nos últimos anos, criaram-se dez novas sinagogas na Nigéria.Casebre simples, alguns de estuque(barro).Na tribo lamba, circuncidam os filhos varões que nascem no oitavo dia e não comem carne de porco. Também muitos de regioes agrestes e do grupo etnico Ibo, circuncidam os filhos varões no oitavo dia de nascimento.Os membros da organização judaica americana "Kulanu", dizem: "Se há alguém que tem um contato sagrado com o judaísmo, não devemos discutir com ele, mais ainda se se comportam como judeus. Aos nossos olhos, eles são judeus".
Muitos judeus americanos se emocionam ao ouvir falar destes judeus extraviados e estão dispostos a ajudá-los. Alguns outros apenas olham com estranheza e ressabiados por pensar que os que dizem se judeus, sejam aqui como na questao dos marranos ou em rincoes de Africa, desejam apenas é o direito de aliyá. De qualquer modo, a anos a propria historiografia e setores da comunidade judaica tem se aberto a ao menos escutar estas historias e a criticar ate mesmo quanto ao conservadorismo cultural da comunidade.Caso brasileiro o jornalista Henrique Veltman anos atras em viagem para descrever a historia dos descendentes de judeus na regiao amazonica,na serie "Os hebraicos da Amazonia", assunto que trataremos em artigo posterior,bem senão via comunidade, ao menos via a academia. Vide os estudos uspianos da historiadora judia Anita Novinsky a respeito dos marranos .Segundo ela, e com provas em pesquisas, o Brasil é o pais em que há mais descendentes de judeus direta ou indiretamente...Sao milhares ,muito além dos apenas 120 mil que perfazem a comunidade oficial.E destes ligaçoes nao apenas culturais ,mas religiosas, com maior ou menor grau de assimilacionismo
Aqui referente a questao em Africa,Yoav Yundav (os dois nomes são hebreus) é uma figura carismática, enérgica e ambiciosa de Uganda. Tem 23 filhos, "mas só dez são meus", diz "e os outros treze são adotados e a maioria deles não são judeus".Sara, que tem dez anos e é a menor de seus filhos adotados, espera ser recebida pela coletividade judaica, como membro dela. Mas isto não é tão seguro, pois a coletividade cria problemas para receber novos membros.Sara deverá demonstrar sua adesão ao judaísmo e terá que cumprir todas as prescrições da religião, leves e também as difíceis.Abraham Mugamba se recorda dos anos difíceis. "Judeu", gritavam zombando dele. Quando era menino, seus vizinhos maometanos lhe diziam: "Vocês mataram fulano. ..referindo se ao messias cristão".
Na época do governo de Idi Amin Dada (1972-1979), eles se viram obrigados a rezar às escondidas, as sinagogas foram fechadas e muitos judeus foram aprisionados. Como resultado dessas medidas, a comunidade judaica se encolheu, de milhares a algumas centenas. Seu pai lhe dizia: "Ainda que te matem, não deves deixar o judaísmo. Nós continuaremos sendo judeus, mesmo que isto nos custe a vida".Samy Kakongulo, lutador e líder, adotou junto com sua comunidade os costumes judeus depois de ler a Bíblia. A coletividade cuidava da Santificação do sábado, o abate dos animais, a circuncisão, a proibição dos casamentos mistos e adotaram o calendário hebreu. Coletividades judaicas no continente africano
Etiópia - 17.000
Quênia - 4.000
Uganda - 600
Nigéria - (alguns milhares)
Gana - (25 familias)
Zimbabwe - (8.000)
África do Sul - (70,000).
***Na Africa Magrebina ainda existem comunidades judaicas oficiais no Egito eTunisia, inclusive em Marrocos, onde um dos principais acessores do Rei Mohammed VI é judeu.
Armando Aguiar
Na galut carioca
domingo, 30 de março de 2008
O Número
Não sei se ele é burro
Mas meu avô não é inteligente
Não sei se ele não é inteligente
Mas o meu avô é esquecido
Ah, isso sim, ele é esquecido
Muito esquecido
Muito
Ele não consegue lembrar do número do telefone
Do amigo dele
Não sei quem é o amigo
Mas deve ser importante
Só não sei por que ele sempre se esquece
Já que é tão importante
Ele deve ser muito esquecido mesmo
Porque ele escreveu esse número no braço
Então ele é esquecido
Não sei por que ele escreveu no braço
Ele podia ter escrito num papel
Não sei porque ele não escreveu num papel
Já que é tão importante
Ele não deve ser muito inteligente
Porque ele escreveu muito forte
Então ele não é muito inteligente
Não sei por que ele escreveu tão forte
Mesmo sendo importante
Ele deve ser burro
Porque a tinta da caneta não sai
Ele é meio burro, então
Não sei porque ele usou uma tinta que não sai
Só porque é importante
Ele não me parece burro
Ele até me parece inteligente
E agora que eu penso
(Cá entre nós)
Ele não costuma a se esquecer das coisas
Só desse número
Que ele escreveu
A caneta
Com tinta forte
No braço
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
GAZA 2008
Impossivel ficar calado quanto aos ultimos acontecimentos.Muito da midia dita alternativa, leia se a midia de esquerda , revistas que leio, que nós lemos ,nós da esquerda , como a Carta Capital, Caros Amigos, jornal da CUT, E que convenhamos, parecem inumeras vezes não pensar que em Israel não há um setor de autocritica contundente e que diariamente trava batalhas contra setores mais conservadores, leia se , de direitas ,quanto a qualquer acordo de paz e os constantes ataques a cidades israelenses situadas na fronteira com Gaza e Libano.
Israel deixou o Libano, deixou Gaza,mas ha uma decada os ataques ,antes ou depois do desengajamento de Gaza continuam.Claro que qualquer represalia será tida como atos em força desmedida , de um exercito contra ...um exercito invisivel que se esconde por dentrás de instalaçoes civis .Este texto estou dando uma endireitada..estava escrito e acabei por conserta-lo para o grupo de discussão ...mas talvez as informaçoes sirvam ao menos por ser um texto em português...Na verdade é uma resposta ao que ando lendo por aqui e assistindo na tv. Aqui no Brasil...imagine como deve estar a situação em Gaza , com as açoes do Exercito israelense...Mas cabe a reflexão quanto aos ultimos acontecimentos e o tom que a midia internacional concede à questão.E sobretudo do ponto de vista estrategico ,mas imprescindivelmente humanitario!!!
invadir não é a solução.Alias, o uso da força quase nunca é a melhor soluçao!!!
Raiva, frustração e impaciência estão cada vez mais tomando os israelenses. Não podemos cair na armadilha que o Hamas nos está preparando - de que deveríamos enviar nossos soldados a Gaza.
Porque o número de baixas numa invasão terrestre de Gaza seria muito maior do que o causado pelos mísseis Qassam nos últimos sete anos. Porque durante cinco, entre esses sete anos em que eles foram disparados, nós controlávamos toda a Faixa de Gaza. E centenas de foguetes foram lançados em Sderot (cidade no sul de Israel, na fronteira com a faixa de Gaza e cheia de judeus sefarad )do mesmo jeito, somados a repetidos ataques sangrentos contra os colonos israelenses que viviam ali. Parece que nos esquecemos disso...
Reocupar a Faixa de Gaza não irá necessariamente acabar com os bombardeios de Sderot e vizinhanças. Além dos ataques ali, nossa força de ocupação será fustigada dia e noite por fogo de armas leves e ataques suicidas.
Mais ainda, uma invasão de Gaza irá unir as massas palestinas e os mundos árabe e muçulmano em torno do Hamas, que no presente é isolado e antipatizado pela maior parte dos árabes.
Tão logo forças israelenses invadam Gaza, os homens do Hamas serão vistos - pelos palestinos, o mundo árabe e a opinião pública internacional - como os defensores da Massada Palestina - poucos contra muitos, bairros residenciais frente a um exército regular, campos de refugiados à sombra de esquadrões de artilharia, meninos combatendo tanques, David contra Golias.
Se conquistarmos Gaza, nos veremos sentados sobre espinhos e escorpiões. A força de ocupação não terá um único dia de paz. E tampouco terão os habitantes de Sderot e do seu entorno.
Mesmo em dias de raiva como estes, quando nossos corações se unem ao atual sofrimento dos israelenses que moram lá, não podemos esquecer que a raiz do problema de Gaza é que centenas de milhares de seres humanos estão ali apodrecendo em campos de refugiados - campos que incubam pobreza e desesperança, ignorância, fanatismo religioso e nacionalista, ódio e violência.
Repito as palavras do escritos Tariq Ali quanto a questão e sua concordancia de que há sim, em Israel até mesmo na midia a inquietação quanto ao assunto e a necessidade de olhar 'o outro lado' da questão
"Existem alguns valentes críticos israelenses, como Aharon Shabtai, Amira Hass, Yitzhak Laor e outros, que não estão dispostos a que suas vozes sejam silenciadas desta maneira. Shabtai recusou-se a participar desta feira. Como poderia eu agir de outro modo?"
Do ponto de vista histórico, não pode haver solução para o problema de Gaza enquanto o horizonte não mostrar pelo menos o mínimo de esperança para essa gente desesperada.
Então, o que podemos fazer agora?
Podemos e devemos chegar a um cessar-fogo com o Hamas em Gaza.
Um cessar-fogo virá a um alto preço político, claro. Mas dado o preço que Israel iria pagar por uma decisão equivocada e impulsiva, é a opção menos mortal e mais suportável.
A alternativa de invasão militar seria catastrófica.é mais um preço que Israel tem de pagar junto a opinião critica mundial...
***'Tzahal' é o nome abreviado do exercito israelense...tzana haganá le Israel(forças de defesa israeli)*'hamas' é partido e grupo armado palestino
domingo, 10 de fevereiro de 2008
110 ANOS DE BERTOLT BRECHT
Gênio inovador do Teatro, Brecht colaborou com vários judeus da fina nata intelectual artística: Kurt Weill, Walter Benjamin, Lion Feuchtwanger, Theodor Adorno, Paul Dessau, Hanns Eisler, Fritz Kortner, Theres Giesch, Oskar Homolka, Fritz Lang, Alexander Granach, Peter Lorre, Ruth Berlau, Angelika Hurwicz, e, principalmente, sua esposa, Helen Weigel
Bertold Brecht nasceu em Augsburgo, na Alemanha, região da Bavária, no dia dez de fevereiro de 1898. Hoje comemoramos 110 anos de seu aniversário. Nascido de mãe protestante e pai católico, Brecht teve uma importância gigantesca para a cultura judaica do século XX, tendo trabalhado com alguns dos mais talentosos artistas e intelectuais judeus da Alemanha de sua geração. Como dramaturgo, foi um dos exemplos mais resilientes de artista engajado, exemplo clássico do intelectual marxista, que, dotado de um espírito revolucionário não só nas suas posturas como também na sua estética, Brecht se tornou sinônimo de militante artístico, cuja orietnação socialista e abordagem inovadora influenciou gerações de artistas no Ocidente, inclusive o brasileiro Augusto Boal.
Formado na Königlich-Byarischer Realgymnasium em 1917, o jovem Bertold ganhava seus primeiros trocados escrevendo artigos de jornal desde julho do ano anterior. Ao se formar, inscreveu-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Munique, esperando escapar do alistamento militar que ceifara boa parte de sua geração na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas o Exército acabou convocando-o mesmo assim--a um mês do fim da guerra. De volta à faculdade, Brecht se enamorou pelo teatro e em 1918 escreveu sua primeira peça Baal, que só seria encenada cinco anos depois. Em 1919 ele estreou como ator nas esquetes de comédia política de cabaré de Karl Valentin e como escritor foi bem prolífico: escreveu Trommeln in der Nacht, Der Bettler oder Der tote Hund, Die Kleinbürgerhochzeit, Er treibt einen Teufel aus, Lux in Tenebris, Der Fischzug. Em 1922 Trommeln in der Nacht (Tambores na Noite) tornou-se a primeira peça de Brecht a ser encenada, ocasião na qual casou-se com Marianne Zoff, com quem teve uma filha, Hanne Hiob, no ano seguinte. Foi outro ano consagrador para Brecht, que encenou Baal e Na Selva das Cidades.
Mas foi em 1924 seu grande divisor de águas: ao escrever Eduardo II com o dramaturgo judeu Lion Feuchtwanger, seu colega de cinco anos, Brecht fez sua primeira colaboração criativa e primeira adaptação de um clássico e sua--de quebra, estreeou o seu lendário conceito de "Teatro Épico" e a peça estreeou no mesmo ano. Como se fosse pouco ainda começou dois trabalhos: Mann ist Mann e Der Elefantenkalb, que seriam completados em 1926, não antes de Brecht ser apresentado a três intelectuais e moldariam sua vida e sua obra. O ano era 1925, e Brecht assistiu ao filme Em Busca do Ouro de Charlie Chaplin, que para Brecht era um artista bem mais próximo dos critérios do Teatro Épico do que do teatro dramático. Brecht inclusive o comparou a Karl Valentin e ambos foram inspirações pro personagem Galy Gay de Mann ist Mann--por sua vez, Brecht teria influenciado Chaplin em Monsieur Verdoux. Outro marco de 1925 foi O Encouraçado Potemkin do cineasta judeu Serguei Eisenstein. E, finalmente, em 1926, época em que se divorciou e se envolveu com a atriz socialista Elisabeth Hauptmann, passou a ler aquele que é o mais notável intelectual alemão de origem judaica: Karl Marx. Os trabalhos de Marx foram tão influentes que Brecht declarou: "Quando eu li O Capital, eu entendi o significado das minhas peças."
Esse significado se tornaria uma referência fortíssima do trabalho de Brecht. Determinado a escrever um obra que abordasse os dramas complexos da sociedade capitalista, Brecht começou a escrever freneticamente; ao mesmo tempo se engajava na ópera, escrevendo e encenando uma ou duas peças por ano antes da ascensão nazista (incluindo A Ópera dos Três Vinténs, em 1928). Com a parceria do compositor Kurt Weill iniciada em 1927, com Mahoganny-Songspiel, começou a conceber uma de suas grandes obras musicais: Ascensão e Queda da Cidade de Mahoganny, que, ao ser encenada em 1930, provocou a revolta irascível de nazistas na platéia. Nesse ano, casou-se com a atriz judia Helene Weigl, recém-filiada ao Partido Comunista, com quem teve uma filha, Babara, nesse mesmo ano. Implacável crítica da economia industrial, Die Massnahme foi duramente combatida pelo Partido Nazista pelo seu conteúdo nitidamente marxista, e tão logo que Hitler chegou ao poder, o casal comunista Brecht e Feigl (que corria riscos ainda maiores por ser judia) foi morar na Dinamarca em fevereiro de 1933, onde viveram até 1939, quando, com a iminência da Segunda Guerra Mundial, fugiram pra Suécia e de lá pra Finlândia. Foi nessa época que a temática da obra de Brecht, além de seu caráter socialista, ganhou contornos especificamente anti-nazistas, como Galileu, Mãe Coragem e Seus Filhos, Der Gute Mensch von Sezuan, e A Ascensão de Arturo Ui.
Essa última peça é uma rica alegoria sobre a ascensão de Hitler, representado pelo mafioso de Chicago Arturo Ui, um impiedoso facínora. Outros líderes nazistas tem versões análogas na peça: o diretor da SA (SturmAbteilung) Ërnst Rohm é o gângster Ernesto Roma, o marechal Herman Göring é Emanuele Giri, e os empresários prussianos junkers são representados pelo Cartel do Couve-Flor, um sindicato patronal de grandes agricultores que produzem todo o couve-flor consumido em Chicago. A peça foi escrita nas três semanas que Brecht passou em Helsinque, esperando um visto de entrada para os Estados Unidos, onde morou de 1941 até 1947, quando a paranóia anti-comunista o submeteu ao constrangimento de depor no Comitê da Câmara de Atividades Anti-Americanas (HUAC, House Un-American Activities Committee). Eram os anos que antecederam a Guerra Fria, e, num prelúdio à caça de bruxas generalizada que o macartismo promoveria nos anos 50, o HUAC começou a perseguir intelectuais de esquerda e Brecht, após seu depimento, imediatamente regressou à Europa, morando um ano na Europa Ocidental, e, entre 1949 e 1956, quando morreu, na Alemanha Oriental, cujo regime comunista buscava fazer dele um ícone.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
CARNAVAL DA VIRADOURO: O HOLOCAUSTO BANALIZADO
Disseram que a comunidade judaica não apreciava o valor artístico do Carnaval. Um argumento curioso, escorado inclusive em declarações do próprio Paulo Barros, que disse que cenas semelhantes num museu seriam respeitadas. Noves fora o argumento de Barros tratar de hipótese contrária aos fatos, uma certa solenidade é observada no museu que um desfile de Carnaval não tem por hábito. É razoável entender que, no trato de uma questão delicada e dramática como o Holocausto, uma certa dose de seriedade se faz necessária, para não se desmanchar o clima solene da consternação. O filme "A Vida é Bela" de Roberto Benigni, pode ser uma comédia, mas as partes referentes ao massacre não são mostradas de maneira gráfica. Há uma certa alusão ao Holocausto e o encarceramento é apresentado, mas cenas de tortura, de fornalhas de cadáveres e corpos esqueléticos não são exibidos. Benigni, filho de judeu, dirige com alguma delicadeza, fazendo questão de não exibir os aspectos mais horripilantes do Holocausto, inclusive em consonância do tema do filme de um pai tentando proteger seu filho da cruel realidade.
O mesmo não ocorre no desfile da Viradouro. O enredo chama-se "É de Arrepiar" e a pilha de inúmeros corpos mostra o lado mais arrepiante do Holocausto, de fato. Entre tantas coisas que nos arrepiam, dignas portanto de uma representação gráfica num carro alegórico, Paulo Barros escolheu uma cena de um dos massacres mais bárbaros perpetrados na História da Humanidade. Sem desmerecer os aspectos culturais do Carnaval, os desfiles das escolas de samba, sobretudo as do Grupo Especial, não são o foro mais propício a uma reflexão pesada e penitente; recheados de folia e descontração, parecem impróprios para exibir um Hitler saltitante sobre uma carnificina. O genocídio de judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, negros, socialistas, pacifistas e testemunhas de Jeová é de arrepiar, mas não num sentido que fosse apropriado pro clima de festa hedonista e deslumbrante do Carnaval Carioca. Tantas outras coisas arrepiantes poderiam ser abordadas. Não há falta de coisas com que se arrepiar, a começar pelas reações negativas aos protestos da FIERJ.
Houve quem dissesse que o Carnaval sempre mostrou a escravidão dos negros e ninguém nunca reclamou. Bem, eu sempre entendi as alusões à escravidão como uma celebração da libertação. Mas se não forem assim, então que as pessoas reclamem. Acho curioso que entre os doze grupos que compõem o Grupo Especial da LIESa, não há uma única escola cujo presidente seja negro. A festa tradicionalmente lembrada como uma celebração da cultura negra do Brasil enriquece empresários brancos. Muitos dos quais estão envolvidos até o pescoço com a Máfia do Jogo do Bicho, e com isso são patrocinadores dos esquadrões de morte que assolam a Zona Oeste e as cidades periféricas da Zona Metropolitana. Esses grupos de extermínio invariavelmente oprimem os pobres e humildes, que são negros, em sua grande maioria. Sem falar que na Baixada Fluminense, a Máfia do Bicho possui laços fortíssimos com as igrejas chamadas de evangélicas. Nada contra os aspectos religiosos de qualquer igreja, mas muitos pastores lideram grupos de agressores contra terreiros umbandistas e candomblecistas. Associando os orixás com imagens satânicas, esses grupos, ditos cristãos, atacam sem trégua mães e pais-de-santo, que não recebem alento das escolas de samba. As máfias que controlam a Baixada Fluminense com mão-de-ferro nunca serão convincentes como defensores da cultura negra. Acima, estão retratados o bicheiro Turcão, da Viradouro, por ocasião de sua prisão, e o carnavalesco Paulo Barros com o atual presidente da Viradouro, Marco Lira.
De resto, as críticas à decisão da Justiça e à iniciativa da FIERJ resvalam num anti-semitismo barato. Reclamam que a decisão coube a uma juíza de origem judaica. Uma conspiração dos judeus contra o samba, talvez? Outros ressaltam o quão proveitosa a "indústria do Holocausto" é para os judeus, que aparentemente querem o monopólio em denunciá-lo. Uma carta ao Globo sugeriu que não havia como contestar o mau gosto, frisando que o mau gosto do Bar-Mitzvah corresponde a uma lavagem cerebral que nem Göebbels faria melhor, e que nem por isso os pais de meninos judeus deveriam ser processados. Como de costume, muitos aludiram ao "Holocausto palestino" como obra dos judeus que, aparentemente, não teriam, por esse motivo, direito de reclamar. Entre a hipocrisia da luta de raças soterrada por alegorias no Carnaval e a desfaçatez de críticos gratuitos da comunidade judaica que confundem alhos, bugalhos, e caralhos, prefiro ficar com a tenacidade da FIERJ e de seu presidente Sérgio Niskier, e rezo para o dia em que os defensores do direito de ser judeu sem medo se tornem defensores também do direito de praticar umbanda e candomblé sem medo, e combatam as igrejas evangélicas da periferia e os grupos de extermínio que lhes dão apoio.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Os Beta Israel e a luta pela inclusão em uma sociedade cosmopolita
Em um pais de extensao territorial limitada, quase 70% de suas terras compreendendo desertos ,tem sido miraculoso e herculeo o esforço para a absorçao tambem de imigrantes , judeus da diaspora ,levas que nos ultimos 15 anos tem causado grande impacto na sociedade israelense.Israel tem primado em receber imigrantes das mais variadas partes do mundo. Em uma sociedade plural e que congrega judeus de todos quadrantes do planeta,a pequena pátria cosmopolita e ETERNA ERETZ ISRAEL( Chai am Israel),dentre seus habitantes judeus de origem mizrahi,sefarad, asquenazita ,falashim,coraichita e sabra ;além de arabes cristaos ,drusos e muçulmanos; circassianos, estima- se que haja hoje cerca de 250 mil estrangeiros não judeus em trabalho temporario em Israel.
Neste caleidoscopio humano as vezes noticias exoticas ou simplesmente ruins nos saltam aos olhos. Ha alguns meses fora a de neonazistas de origem russa (vindos da leva de 'judeus russos',hoje cerca de 1 milhao em Israel entre judeus pela halaká ou pela lei de direito de Retorno) aprontando em ruas de Jaffo e suburbios de Tel Aviv .Embora outras como o processo de cotas para a admissao de cidadaos arabes ,esforço para a educaçao e inclusao de drusos e beduinos, pouco é valorizado na midia. Sabemos que em Israel não funciona uma democracia perfeita,mas ativistas e a forte autocritica israelense tem se esforçado em prol disto. Desta recentemente em matéria publicada no jornal israelense Haaretz ,uma denuncia a discriminação racial que atinge estudantes judias negras, vindas da Etiópia, em colégio primário na cidade de Petach Tikva, para onde foram enviados a maioria dos que emigraram do país africano para Israel. Cabe salientar aqui que a absorçao em massa ao pais o foi a duras penas, uma vez que o pais obrigou-se a criar estruturar para a alocaçao de milhares de imigrantes em curto periodo de tempo.
"O Ministério da Educação abandonou os filhos de imigrantes da Etiópia. Todos os cidadãos merecem receber educação igual", afirmou Abraham Nagosa, líder da comunidade dos etíopes em Petach Tikva.O Banco de Israel liberou um informe onde se diz que os trabalhadores de origem etíope ganham, em média, metade dos salários da média dos trabalhadores do país. 52% das famílias dos etíopes são pobres. A maioria de seus integrantes em idade de trabalhar está desempregada. A comunidade etíope, que está em 1,4% da população, contribui com mais de 16% do total de israelenses abaixo da linha de pobreza.
Os judeus etíopes , ou chamados falashas constituem uma minoria em Israel, antes de comentarmos esse fato, é interessante conhecermos um pouco da fantástica história sobre os falashas, publicado na revista Morashá, escrito por Asher Naim.
Por quase 3.000 anos, os judeus negros da Etiópia, conhecidos como falashas(tom de diferenciaçao dado a estes pela populaçao etiope) e que se auto-denominam Beta Israel mantiveram sua fé e identidade lutando contra a fome, a seca e as guerras tribais. Acredita-se que eles faziam parte de uma das dez tribos perdidas, e houve grande mitificaçao quanto a seus ancestrais remontarem ao rei Shlomo e à rainha de Sheba (Sabá).Segundo historiadores a presença destes no planalto etiope ja conta bem antes disto.
Em maio de 1991, os falashas protagonizaram um êxodo milagroso. Com a Etiópia envolvida em profunda e brutal guerra civil, 14.200 membros dessa comunidade foram transportados de avião para Jerusalém pelas Forças de Defesa de Israel. A operação durou 25 horas.
O herói que idealizou e organizou o incrível resgate foi o então embaixador de Israel na Etiópia, Asher Naim. A epopéia foi narrada no livro Saving the lost tribe, lançado este ano, no qual Naim relata com humor e conhecimento de causa a ação que se tornou conhecida como Operação Salomão.
No outono de 1990, quando foi nomeado pelo governo israelense para o cargo de embaixador em Adis Abeba, sua identificação com os judeus etíopes foi imediata. Ele queria dar continuidade à chamada Operação Moisés, implantada em 1985 pelo serviço secreto israelense, o Mossad, em conjunto com a agência norte-americana CIA que, durante três anos, tentou tirar do país 14 mil falashas através do Sudão, levando-os de barco para Israel. O sucesso daquela operação foi relativo, pois na época, só oito mil pessoas conseguiram fugir; o restante adoeceu na viagem e muitos voltaram à Etiópia. Muitas famílias foram, assim, separadas.
História dos falashas
Em 1860, missionários britânicos que viajavam pela Etiópia foram os primeiros ocidentais a encontrar a tribo dos falashas, ficando surpresos ao ver as faces queimadas com traços semitas e que praticavam o judaísmo. Os membros dessa comunidade observavam o Shabat, mantinham rígidas leis rituais da forma como eram descritas na Torá.Pouco tempo depois, o estudioso judeu Joseph Halevy decidiu conhecê-los pessoalmente. Seria possível que esses judeus fossem parte de uma das tribos de Israel, perdidas há muito, foragidas do Primeiro ou Segundo Templo? Halevy foi recebido com curiosidade e desconfiança pelos nativos, que lhe perguntavam: O senhor, judeu? Como pode ser judeu? O senhor é branco!
Mas quando Halevy mencionou a palavra Jerusalém, todos se convenceram. Os falashas haviam sido separados de outros judeus por milhares de anos. Nenhum deles jamais saíra de seu vilarejo. No entanto, todos acalentavam um grande sonho, vindo de gerações passadas: voltar para Jerusalém. Os judeus da Etiópia sofriam as mesmas discriminações que os demais, na diáspora.
No início de 1970, havia um grupo organizado dos Beta-Israel que queria emigrar para Israel, apesar de seus membros ainda não serem considerados judeus, não tendo, portanto, direito a fazer aliá. Uma centena de falashas já vivia em Israel, onde começou um movimento liderado por um iemenita judeu nascido na Etiópia, Ovadia de Tzahala, que fizera aliá em 1930 e que tinha parentes entre os falashas. Por isso, pressionava- os a emigrar para Israel.
Operação Salomão
Em 1990, enquanto as forças rebeldes avançavam contra o ditador etíope Mengistu Haile Mariam (o açougueiro de Adis), foi ficando claro que os falashas seriam exterminados, a não ser que con-seguissem deixar o país. Asher Naim, excelente mediador, trabalhou em vários campos simultaneamente. Negociava com Mengistu, coordenava logística e estratégias com os militares israelenses e arrecadava doações, freneticamente, através de contatos nos Estados Unidos.
No dia 23 de maio de 1991, decidiu que havia chegado a hora de convocar a Força Aérea Israelense: a Ope-ração Salomão devia come-çar imediatamente. O ditador Mengistu aceitara as con-dições, mediante pagamento em espécie e impondo segredo absoluto.
Diante da embaixada israelense, milhares de falashas se acotovelavam, prontos para partir. Os primeiros aviões israelenses aterrissaram no aeroporto de Adis Abeba e uma equipe de comandantes muito bem preparados se posicionou para proteger a missão a qualquer custo.
No total, 14.200 emigrantes foram levados da cidade para o aeroporto Ben-Gurion, em Tel Aviv. Trinta e cinco aviões militares e civis fizeram 41 vôos. Em um dado momento, havia 28 aviões no ar. Um dos Jumbos, que normalmente poderia levar 500 passageiros, transportou de uma só vez 1.087 pessoas, num feito anotado no livro de recordes Guinness.
Para Asher Naim, o resgate dos judeus etíopes foi de importância vital. Ele queria liberar seus irmãos de um ditador tirano e assim assegurar a sobrevivência dessa tribo. Ajudando os falashas a voltar para Jerusalém, Naim chegou a um novo e profundo entendimento do verdadeiro significado de fé, de identidade e da luta para superar as adversidades. No seu livro, cita uma frase de Bernard Raskas: D'us não quer que façamos coisas extraordinárias. Ele quer que façamos coisas ordinárias, de forma extraordinária…
Em Israel, a adaptação dos imigrantes tem sido bastante difícil. A maioria era muito jovem e sem cultura nenhuma, sofrendo rejeição por causa de sua cor. Vários programas de institutos americanos e judaicos têm desenvolvido projetos especiais de educação intensiva para as crianças, como por exemplo, a escola Beth Zipora, no sul de Israel. O programa foi implantado por Elie Wiesel e ministra cursos de inglês e computação. O sonho dos judeus etíopes é formar líderes, médicos, engenheiros e até generais. O governo israelense tem feito campanhas para angariar fundos para sua absorção e sobrevivência, a fim de não deixá-los voltar ao mesmo ciclo de empobrecimento, amargura e desespero de seu passado na África.
Como vimos, os judeus da Etiópia são tão judeus quantos askenazitas,mizrahis ou sefaradis . Não podemos conceber, que após o reconhecimento da condição judaica dos judeus Etíopes por parte de Israel, parte velada de uma minoria judaica , os tratem de forma diferenciada. Aliás, Israel foi o único país que retirou negros da África para lhes dar a vida, conforto, estudo, trabalho e dignidade. Não há nenhum povo no mundo que tenha experimentado e vivenciado os horrores da discriminação racial, como o povo judeu, portanto, isso é abominável, e deve ser combatido com rigor; aliás não só em relação aos falashas, mas também em relação aos palestinos. Até porque aos olhos de D-us todos são iguais.
Não há racialismo em nosso lar! Chai am Israel.
sábado, 5 de janeiro de 2008
QUARENTA ANOS DA PRIMAVERA DE PRAGA DE ALEXANDER DUBCEK: 5 DE JANEIRO DE 1968, O SOCIALISMO VOLTA A SER HUMANITÁRIO
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Capitão Barros Bastos e os judeus em Portugal -Caso Dreiffus português
Interessantemente alguns veiculos de comunicaçao do ishuv tem dado alguma nota a historia desta figura emblematica do do Capitão Barros Basto,Arthur Carlos de BARROS BASTO, para muitos um desconhecido, ele é uma espécie de Caso Dreyfus lusitano,uma historia que merece ser divulgada. Embora não possamos aqui fazer comparaçoes quanto a importancia dos casos, a questão em que Barros Bastos insere-se tem sua singularidade e similitudade primeiro por que ele era um tambem um herói do exército ,aqui o português , e que ao descobrir sua ascendência judaica resolveu retornar à fé ancestral em um processo que marcaria a Historia portuguesa por abrir as portas para os estudos sobre o marranismo em pleno séc XX. Sendo um homem de fé inabalável“Adonai li velo irá” (Tenho D-us comigo, por isso não temerei”)foi sepultado, segundo o seu desejo, com a sua farda de valoroso capitão, e suas medalhas e condecorações obtidas numa brilhante carreira de militar, na implantação da República em 1910, e nas batalhas da Flandres.
Em Portugal, ainda nos dias de hoje e mesmo no Brasil tanto dentro ou fora da Comunidade judaica ainda existem tabus que Barros Bastos enfrentou no inicio do século XXE Isso ,cabe frisar mais uma vez ,por volta dos anos 30 do século passado, em pleno Estado Novo em um país dominado pela intolerância religiosa e pela tentaiva lusa do cientificismo. E que de uma hora para outra centenas de pessoas resolveram sair de seus esconderijos e assumir publicamente seu judaísmo ou simplesmente tendo coragem de dizerem se de origem judaica em varias regioes lusas como a nortenha e de Tras- os- montes. E como hoje em Portugal algo que nos arremete a existencia de judeus como nomes logicamente portugueses,como Moreira, Almeida, Mendes, Affonso,Mello,Vasco, ...outros nem tão incomuns como Melamed,Medina,Benayoum ou aportuguesados do hebraico como Sekher,Anidjar,Azoulay,Fourtune,Choucroum,...mas que a primeira vista pareceriam apenas um conto da carochinha ou exotismo.
Voltando ao Capitao Barros Bastos, alem da fronteira do atavismo e o do não proselitismo, ,apos sua conversão (ou retorno ,como se referia)enfrentou a Igreja e o governo que não gostaram da história e forjaram um processo contra Barros Basto, e dentre inumeras acusações ,como de sedição e homossexualismo,acabou expulso apos execlação moral, do exército português pelo simples fato de sua descoberta. Barros Basto foi um verdadeiro apóstolo dos Marranos, aos quais dedicou a sua vida e padeceu por eles, morrendo na desgraça, quando todos à sua volta estavam convencidos de que a sua Obra tinha sido vencida pelos duros golpes infligidos pelos seus inimigos, de fora e de dentro.Mas Barros Basto não era um Marrano a stricto senso, porque esse termo designa o judeu forçado a converter-se ao cristianismo, cuja família continuou a praticar a religião dos seus pais, em segredo, consciente do perigo de morte em que incorria.Barros Basto era descendente desses judeus convertidos pela força – revelou-lhe muito em segredo, seu avô, na biblioteca da casa em Amarante, quando ele tinha apenas 8 anos. Era um segredo que, em cada geração, só um membro da família Barros Basto guardava. E o avô, antes de morrer, escolheu Arthur, e não o pai deste, para depositário desse segredo.A família não guardava qualquer preceito judaico, e, pelo contrário, sua extremosa mãe era católica muito praticante, que o levava à Igreja, e tinha grande desgosto pela aversão que a criança demonstrava, sem saber porquê, aos círios e às procissões.
Da existência de judeus em Portugal só soube em 1904, quando leu num jornal que havia sido inaugurada uma sinagoga em Lisboa.Foi nessa sinagoga que ele tentou ser admitido, quando, anos mais tarde, o exército o mandou frequentar um curso na Escola Politécnica, em Lisboa.Mas os dirigentes da sinagoga dissuadiram-no. Não só porque o judaísmo é adverso a aceitar prosélitos, como porque os judeus de Lisboa se sentiam ainda apenas “tolerados” e temiam ser acusados de missionarismo.Assim o jovem oficial português não foi às cegas para o judaísmo. Pelos seus próprios meios, como autodidata, ele estudou profundamente e comparou as principais religiões: além do Judaísmo, o Cristianismo, o Islão, e as doutrinas teosóficas de Madame Blavatsky e de Steiner.Vendo baldados todos os seus esforços para ser aceite pelos judeus, aos quais, segundo a revelação de seu avô, ele pertencia, Barros Basto entendeu que, para ser um homem digno não era necessário ser admitido na sinagoga,mas fez valer o esforço de sua origem que até então era objeto de obscurantismo pela familia neste Portugal catolico e que a séculos se esforçara em apagar suas origens impuras.
Cabe tentar compreender aqui um Portugal que no desenlace dos séc XIX e XX rivalizava a colonizaçao da Africa com potencias europeias nas ciencias e estudos antropologicos e que atraves de Barros Bastos ganhava o problema de sua origem 'impura' judaica.Portugal queria firmar se como nação homeogenea e atraves de um renomado capitão obtinha a ingloria de admitir que o sonho luso teria de admitir velhas diferenças .Um exemplo de sua luta é a Sinagoga Kadorie, do Porto, por Barros Bastos erigida,e que é um magnífico prédio que abriga a coletividade judaica local. A comunidade israelita portuguesa iniciou uma mobilização para a revisão do seu caso. A campanha foi lançada há poucos dias e recebeu um número impressionante de adesões. É preciso que a coletividade judaico-brasileira tome conhecimento desse fato e possa participar assinando a petição on-line cujo link segue abaixo.
http://www.petitiononline.com/benrosh/petition.html
*em breve adentraremos mais a questão acerca do Marranismo no Brasil e em Portugal.