sábado, 22 de dezembro de 2007

A LEI DA HONESTIDADE: SÓ GANHANDO AS RUAS

A Campanha do "Abertas Já" Tem que Mobilizar a Sociedade Civil
O CONGRESSO NACIONAL SERÁ REFÉM DA TRANSPARÊNCIA--QUEM NÃO QUISER ABRIR AS CONTAS NÃO PRECISA SER CANDIDATO
A Projeto de Lei de Iniciativa Popular pode ser conferido na parte lateral inferior do blog. Ele será lançado em Abril de 2008, no aniversário de vinte e cinco anos do lançamento da Emenda Dante de Oliveira, que previa eleições diretas para a Presidência da República. Esse aniversário será importante para construir um apelo popular ao projeto, e se a sociedade civil se mobilizar como fez em 1983/1984, duas certezas serão atingidas: o Projeto de Iniciativa Popular conseguirá as assinaturas necessárias para ser encaminhado ao Congresso (1% do eleitorado) e a cobertura dos meios de comunicação será tão intensa que o congressista que ousar votar contra será desgraçado pelo eleitorado. Faremos então uma OUTRA campanha: a de pressionar o Congresso para aprovar a lei. Como ela só poderia entrar em vigor na legislatura seguinte à que aprovar a Lei da Honestidade, estamos até dando uma colher de chá aos congressistas opacos que tenham contas a esconder a concluir seus mandatos discretamente e não mais se candidatar. Vamos pagar pra ver: a maioria dos congressistas irão, de repente, entender que não há necessidade de se reelegerem.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

UM JUDEU NA CORTE DO REI GETÚLIO??



Samuel Wainer, o Último dos Jornalistas Intrépidos
O polêmico criador do "Última Hora" que marcou o jornalismo nacional foi um dos judeus brasileiros mais resilientes nos tempos de Getúlio Vargas
Samuel Wainer nasceu em 1912. Onde, ninguém sabe. São Paulo, segundo seus muitos defensores--seria brasileiro nato, nesse caso. Na Bessarábia (hoje Moldávia), segundo seus muitos detratores--seria estrangeiro, juridicamente impedido de ser dono de um órgão de comunicação. Não é um mero dado biográfico--que sequer sua autobiografia solucionou--que se encontra em questão, mas a legitimidade de Samuel como dono do "Última Hora", o mais ousado jornal na história da República Brasileira. Através dele Samuel Wainer revolucionou a prática de jornalismo no país, com cacife (e sucesso, muito sucesso) para desfiar alguns dos grandes tubarões da mídia, como seu ex-patrão, Francisco de Assis Chateaubriand, e seu eterno rival, Carlos Lacerda.
Qual o motivo do incômodo? No caso de Assis Chateaubriand não o discriminava por ser judeu--discriminou tantos outros judeus, de certo modo, mas quando um judeu se mostrava útil, Chateaubriand o apreciava (como era o caso de Eugênio Gudin). Apreciar e afagar uma pessoa por sua utilidade conjuntural, mesmo com maiores desafetos, era hábito de Assis Chateaubriand. Mas o Última Hora foi o maior fenômeno de vendas do jornalismo brasileiro e Wainer devorou um naco do mercado de Chateaubriand. Já no caso do vil Carlos Lacerda, o udenista inflamado tinha o hábito de combater todos que não se sujeitavam aos seus violentos projetos políticos, mas com Samuel havia uma venenosa rixa pessoal.

Mais do que mera concorrência aos dois jornalistas sacanas, o "Última Hora" foi o único grande jornal do país que tomou a defesa de Getúlio Vargas nos anos 50, no auge da guerra política dos nacionalistas com os entreguistas. E Vargas, ícone máximo do movimento nacionalista, era inimigo jurado de entreguistas assumidos como Lacerda, e só não era inimigo de Chateaubriand porque muitas águas já haviam rolado entre os dois (relação deles se alternava entre a hostilidade e o companheirismo). Getúlio Vargas proporcionou a Wainer a oportunidade de fundar seu próprio jornal, coisa que sob o tacape de Chateaubriand jamais aconteceria, pois nem um cargo de diretor de um dos Diários Associados o velho patrão o concederia, muito embora o talentoso Wainer fizesse por merecer. Com o apoio de Getúlio e um controvertido finaciamento do Banco do Brasil, Wainer fundou o "Última Hora" em 1951, do qual foi editor-chefe e diretor até sua falência em 1971, decorrente da perseguição implacável da ditadura militar contra o único órgão de imprensa que havia combatido o Golpe de 64.

Samuel Wainer teve sua grande estréia no jornalismo durante o Estado Novo, escrevendo no jornal "Diretrizes", publicação de centro-esquerda que acabaria perseguido pelo regime. Seu talento foi descoberto pelo truculento Assis Chateaubriand, e uma convocado para os jornais do milionário paraibano, seu brilhantismo lhe valeu a oportunidade única de entrevistar Getúlio Vargas, então senador pelo Rio Grande do Sul, 1949. No que seria uma das grandes entrevistas históricas do Brasil, o velho caudilho gaúcho revelou a disposição de batalhar para se retornar à Presidência da República de que já fora titular, com a famosa frase "voltarei como um líder de massas". Wainer tornou-se um entusiasta da candidatura e Vargas, vitorioso em 1950, apelidou Wainer de "Profeta" e lhe concedeu sua primeira entrevista como presidente-eleito. Uma forte amizade desenvolvida entre os dois ao longo desses dois anos mostrou a Vargas que a lealdade de Wainer, além de seu talento inegável, o tornava o candidato ideal para dirigir um jornal que fizesse contraponto à grande tendência política da mídia da época: anti-nacionalismo, anti-trabalhismo, anti-populismo, ou seja, hostil a Getúlio. De todos os jornais de Pindorama, o mais ferozmente anti-getulista era o "Tribuna da Imprensa" dirigido pelo intolerante udenista radical Carlos Lacerda, um anti-comunista brutal e ácido difamador (chamava Getúlio de "Patriaca do Roubo").

Lacerda, ex-companheiro de redação de Wainer nos Associados de Chateaubriand, (onde a lendária rivalidade fora ensaiada) acusava Getúlio de crimes gravíssimos e orientou seu séquito udenista (conhecido como "Clube da Lanterna" e famoso por seu anti-comunismo golpista e doentio) a instalar uma CPI para retirar de Wainer o "Última Hora", alegando ser ele estangeiro, falsificador da própria certidão de nascimento--tudo isso para golpear Vargas massacrando o judeu forasteiro. Chateabriand, de olho nas vendagens extraordinárias do "Última Hora", daria espaço irrestrito em sua TV Tupi para Lacerda destilar todo o seu cruel veneno. A acusação de ser estrangeiro era enfática quanto a origem judaica de Samuel Wainer e era especialmente traiçoeira, por Wainer ser justamente um dos grandes nacionalistas de esquerda do Brasil. Mas Wainer não deixaria barato: o cartunista Lan, colaborador permanente do "Última Hora", de origem italiana e simpatias getulistas, criou, por encomenda do patrão, "o Corvo", caricatura mordaz de Lacerda, pelo seu aspecto antipático e sua vilania tirânica. Lançado por Wainer, o apelido de "Corvo" colou e perseguiria Lacerda até a morte, mas ao fim da polêmica da CPI (que acabaria provando que TODOS os jornais eram financiados com dinheiro público, especialmente os de Chateaubriand e inclusive o de Lacerda), Getúlio estava duramente desgastado. Acabou se suicidando depois que o "Corvo" fizera o público crer que o Presidente fora responsável pelo Crime da Rua Toneleiro, no qual Lacerda tomou um tiro e seu guarda-costas, Major Rubem Vaz, foi assassinado. O suicídio de Vargas foi um enorme fenômeno popular e reverteu a opinião pública contra "o Corvo", contando com a ajuda do "Última Hora". Tanto que a sede do "Tribuna da Imprensa" acabou completamente empastelada.

E Wainer não deu trégua a Carlos Lacerda. Foi inocentado em todas as instâncias da acusação de falsidade ideológica e pôde manter o "Última Hora", para o desgosto do amragurado rival, líder da UDN. De quebra, Wainer foi enorme entusiasta do governo Juscelino Kubistchek, que embora tenha entrado para a História como um grande estadista defensor da democracia, era perseguido implacavelmente pela imprensa e pela bancada da UDN no Congresso, sobretudo sua ala mais radical, a "Banda de Música" (da qual Carlos Lacerda era o maior e mais agressivo orador, acusando JK das piores barbaridades). O "Última Hora" defendeu Juscelino (chamado por Lacerda de "O Cafajeste Máximo"), atacou Jânio Quadros, defendeu João Goulart, e atacou a ditadura militar (tudo na contramão do "Tribuna da Imprensa").
Com o Golpe de 64 e o AI-1, outro judeu trabalhista, Raul Ryff, secretário de João Goulart, foi um dos 102 primeiros brasileiros a serem cassados pelo regime ditatorial que Carlos Lacerda ajudara a montar (o próprio Lacerda acabou perseguido pelo regime de 64, quando se deu conta que ele não o faria Presidente da República, jamais). O regime militar perseguiu o "Última Hora" desde o primeiro dia, e Samuel Wainer foi o maior crítico da ditadura dentro da imprensa. Inclusive, por ser defensor do janguismo e ser crítico dos direitistas, Wainer teve o "privilégio" de ser o primeiro jornalista a ser censurado e CASSADO no Brasil. Finalmente, a censura letal da ditadura levou a um melancólico fim do jornal oposicionista: em 1972, devastado por uma censura mortal, o "Última Hora" foi à falência e Wainer teve que vendê-lo a um grupo que não soube administrá-lo, levando ao encerramente definitivo das suas atividades na década seguinte. Samuel Wainer morreu em 1980, já anistiado, como modesto colaborador da Folha de São Paulo.

É curioso que um judeu de grande destaque da sociedade tivesse ganho tanta amizade com Getúlio Vargas, cujo política anti-comunista ficaria para sempre marcada pela deportação de Olga Prestes, esposa de Luís Carlos Prestes (líder máximo do Partido Comunista Brasileiro), que estava grávida, para a Alemanha nazista. Mas embora houvesse anti-semitismo entre grupos varguistas (a começar pelo intragável chefe de polícia Filinto Müller, inimigo histórico de líder socialista Prestes, o grandioso "Cavaleiro da Esperança"), muitos anti-getulistas também foram anti-semitas ferrenhos, sobretudo na tentativa de humilhar e desmoralizar Samuel Wainer. A verdade é que nós, judeus, sempre tivemos nossos simpatizantes como aliados conjunturais em função de circunstâncias históricas. Getúlio Vargas era, antes de tudo, um pragmático. Condenava uma judia que lhe era perigosa como Olga Benário Prestes e glorificava um judeu que lhe fosse proveitoso, como Samuel Wainer.

*Samuel Wainer casou-se com a über-model Danuza Leão, uma das musas da Terceira República (1945-1964), com quem teve os filhos Samuel e Débora
*O "Última Hora" foi o pirmeiro jornal brasileiro a adotar uma seção de cartas do leitor, rapidamente copiado por jornais de todo o país
*Foi para Samuel Wainer quem Getúlio proferiu a lendária frase "Só morto sairei do Catete!", publicada na edição do "Última Hora" horas depois de sua morte
*Samuel Wainer foi o criador de uma nova seção do jornal que ganharia o mundo: o Caderno de Bairro
*É de Samuel Wainer a frase "Assis Chateaubriand foi o verdadeiro 'Cidadão Kane' brasileiro"
*O "Última Hora" consagrou os talentos de figuras históricas como Nelson Rodrigues, Paulo Francis e até o Chacrinha!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Quando um povo por seu povo se esmera
Que dirá de quem herdar o seu legado
Se de novo se reparte dessa esfera
Cada tribo lhe cobrando o negado

Que será de quem não cobra mais que o pouco
Se por pouco não ceifaram os ferozes?
Sei quiçá que sabe mais sem ser mais louco
O contente que a contenda dos algozes

Antes fosse a crueldade causa laica
Mas de cada amor brotaram maus valores
Inclusive da pujança por judaica

Paciência ao que reajo só com flores
Sapiência que a chamo assim hebraica
Chamas que acendem tais meigos calores

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O LONGO CAMINHO PARA A PAZ






















ENCONTRO EM ANNAPOLIS ENTRE MAHMOUD ABBAS E EHUD OLMERT

A Paz Entre Israel e o Povo Palestino Nunca Foi Impossível--Mas Uma Paz Entre Governos Será Efetiva?

A paz no Oriente Médio sempre esteve ao alcance da Humanidade. Se a Guerra não fosse benéfica para ALGUÉM em alguma parte do mundo as pessoas já teriam desistido dela, tamanha é a mentalidade ultra-utilitarista (e impiedosa nesse sentido) dos nossos tempos.

O comércio bélico em nada difere de outros comércios no que tange sua correspondência a uma demanda social. As pessoas precisam de material bélico porque guerrear é uma atividade humana autêntica, tanto quanto quaisquer outras atividades econômicas. A Guerra é mais lucrativa que as drogas--e olha que nem as drogas sofrem tamanha sanção moral. A Guerra comove. Passeatas em defesa da Paz emplogam pessoas de todos os idiomas, de pólo a pólo, as pessoas defendem a Paz de maneira bem mais unânime do que defendem as drogas. Aliás, nenhum posicionamento em relação as drogas mobiliza tantos corações quanto a defesa da Paz.
Não há sanção moral que reprima o mercado. Por sua vez, as sanções legais tem eficácia questionável, quando não risível (como na Lei Seca). A Guerra, então, caramba, ela sequer se submete à circunscrição de uma legalidade--pelo contrário, ela é travada entre legalidades diferentes.

O que impele os seres humanos à Guerra? O mercado só faz atender a essa demanda, mas...possui essa demanda qualquer demiurgo?

O Poder. Mil passeatas não comovem quem está disposto a ter Poder e exercê-lo. Se uma mentalidade busca o Poder e está disposta a ir até o extremo do confronto armado, ela não será demovida por apelos morais. Não será demovida por qualquer sentimento de culpa. Não será demovida sequer por uma percepção da futilidade desse esforço. Não será demovida por qualquer sensação de irreversibilidade dessa trajetória. Não será demovida por um cálculo do alcance potencial que o conflito pode tomar. A guerra hoje pode nos levar ao extermínio de maneira bem mais certa do que no passado. E daí? Por acaso o ser humano tem consciência de espécie? Pobres humanos, não tem sequer consciência de classe, terão consciência de Humanidade??

Pessoas ao entrar em Guerra assumem o risco de seus resultados. As grandes decisões humanas envolvem assunção de riscos. A Guerra envolve a assunção de parte a parte do risco de destruição; a intensidade dessa destruição não pesa a decisão. O fato de uma Guerra de Hoje poder destruir o mundo em contraste com a Guerra de Ontem que destruía somente uma cidade não pesa nessas tomadas de posição. Certamente não mais do que o fato de um investimento no Mercado de Hoje poder render bilhões de dólares enquanto que o investimento no Mercado de Ontem renderia milhares de dólares. A percepção humana da realidade se altera conforme as proporções de seu mundo. Um Senhor da Guerra de Hoje tem a mesma convicção inabalável do Senhor da Guerra de Ontem, como o princípio não se altera, guardadas as proporções da Guerra, o processo de tomada de decisão para desencadeá-la permanece rigorosamente o mesmo.

Esse mês relembramos a morte de Yitzchak Rabin. Um homem que passou parte de sua vida assumindo o risco da Guerra e outra parte assumindo o risco da Paz. E sua própria vida foi o sacrifício pela assunção do risco da Paz. Mil vezes a Guerra poderia ter lhe tirado a vida, mas no final foi a Paz quem o matou. Tivesse Rabin sucumbido à escolha fácil de combater os palestinos, dificilmente teria sido assassinado por Yigal Amir. Em seus disparos, Amir se mostrou o fraco que que apela à violência matando o forte que ousou a Paz. A verdadeira força não reside em sua capacidade de subjugar um adversário; reside em sua habilidade em não sucumbir ao desejo de fazê-lo. Violência é fácil e não exije força; contê-la é que é difícil e para isso força se exige.
Eu não invejo Ehud Olmert e Mahmoud Abbas. Eles são fortes. HaShem, quão forte eu seria se eu tivesse na posição deles? Poderia eu assumir o risco da Paz como eles o fazem? Posso admirar suas forças, suas coragens, e por isso mesmo eu não os invejo. HaShem, tende piedade deles se eles fracassarem. HaShem, tende ainda mais piedade deles se eles lograrem êxito.

Pois haverá fracos que não aceitarão os riscos assumidos em seu nome.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

90 ANOS DA DECLARAÇÃO DE BALFOUR

A PROMESSA DE UM ESTADO JUDAICO TORNADA OFICIAL
O Movimento Sionista conquistaria sua primeira vitória nas relações internacionais, no dia dois de novembro de 1917, mas os desafios se intensificariam
  • O Ministro de Estado do Reino Unido Arthur Balfour assina a declaração se mostrando favorável a criação do Estado Judaico na Palestina
  • Sionistas do mundo todo conseguem o primeiro apoio internacional na causa de um Estado para o povo Judeu
  • O sonho de Theodor Herzl, preconizado por Moses Hess, e alimentado por Chaim Weizmann, ganha uma baliza concreta
  • Os judeus palestinos conquistam o êxito que todo o universo judaico ansiava por milênios: RECONHECIMENTO

Theodor Herzl estava morto há mais de treze anos. Os judeus da Rússia e dos Países Bálticos estavam lutando pela sobrevivência nos partidos social-democratas (Mencheviques, Bolcheviques, e Social-Revolucionários). As finanças do Movimento Sionista estavam praticamente zeradas, os seus adeptos estavam exaustos com décadas infrutíferas de negociações com as grandes potências. A ínfima elite judaica da época estava alheia ao desespero dos sionistas, preocupada com a manutenção de seu próprio status. E quando tudo parecia perdido, os líderes do movimento, com uma brilhante cartada diplomática, conseguiram seu primeiro apoio institucional para uma pátria judaica.

A Primeira Guerra Mundial precipitou o cenário geopolítico do século XX de forma dramática. Com ela, quatro impérios foram esfacelados, três dos quais após decadente agonia. O Império Otomano, o Império Austro-Húngaro, e o Império Russo, tendo vivido o ápice antes da Revolução Francesa e reconquistado a glória com a morte de Napoleão tiveram seus terrítórios despedaçados entre as nações neles existentes, com seus países centrais transmutando em repúblicas de uma ou outra natureza.

O quarto império, a poderosa Alemanha da dinastia de Hohenzollern, foi prematuramente desmontado pelo esforço conjunto dos Aliados naquela guerra em que as tecnologias mais mortais do mundo foram postas em prática: metralhadoras, tanques de guerra, gás nervoso, trincheiras, armas químicas. Mais uma invenção que foi particularmente útil para os britânicos, membros dos Aliados iria virar a maré a favor do movimento sionista na grande disputa pelos rumos da sociedade judaica.

A Cordite é uma pólvora sem fumaça desenvolvida a base de nitrocelulose, testada pela primeira vez pelo cientista francês Paul Vielle em 1886 com o nome de Pouvre B, e aperfeiçoada por Alfred Nobel de tal forma que não se tornasse instável e provocasse explosões retardadas. Com o nome de Ballistite (10% cânfora, 45% nitrocelulose e 45% nitroglicerina) foi preterida em 1889 pela invenção de Sir Frederick Abel e Sir James Dewar: a Cordite Mk I com a fórmula de 58% nitroglicerina, 37% algodão-pólvora insolúvel e 5% que usava acetona como solução. Durante a Primeira Guerra Mundial, com a escassez planetária de acetona, o físico russo e militante sionista Chaim Weizmann criou a fermentação de acetona, que permitiu a confecção da ultra-moderna Cordite Md, outrora obsoleta, que deu à artilharia dos aliados uma das vantagens necessárias para vencer a Guerra. O ultra-politizado Weizmann não buscou a fortuna com a sua patente: pediu concretamente o reconhecimento das autoridades britânicas ao direito do povo judeu de estabelecer um lar nacional na Palestina. Aí nasce a Declaração Balfour. O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, tentados pela lógica bélico-industrial, demonstraram na carta, incialmente endereçada ao judeu milionário Lord Rothschild, uma simpatia pelo estabelecimentos de comunidades judaicas na Palestina, onde as comunidades existentes estavam sendo enxotadas pela polícia do Império Otomano, desconfortável com um suposto caráter subversivo do movimento sionista.

O significado da Declaração Balfour não foi pequeno. Mostrou aos Rothschilds e outros próceres da mínima elite judaica que o Sionismo era um sonho possível, para além dos caprichos de alguns intelectuais de esquerda. Mostrou aos judeus socialistas que a luta por uma pátria judaica sem a divisão do trabalho capitalista era possível com diplomacia. Mostrou aos revisionistas judaicos que as milícias israelitas poderiam lutar em aliança com outros povos--e de fato os exércitos de Jabotinsky se aliaram aos britânicos para derrotar os turcos, a partir desse momento. E principalmente mostrou ao Movimento Sionista que a vitória, Endziel, se concretizaria através da inteligência de líderes radicais de esquerda como Weizmann, e não pela militância xenófoba de Stern ou o pragmatismo subserviente de Wolfsohn e Warburg, o então presidente do Cngresso Sionista. Com o fim do mandato de Warburg, o próprio Chaim Wiezmann, nem tão a esquerda quantos os socialistas do Bund e muito menos à direita queos revisionistas de Jabotinsky, se tornou presidente do Congresso Sionista, representando o partido dos Sionistas Gerais.

domingo, 28 de outubro de 2007

42 Anos da Autocrítica da Igreja Católica













JUDEUS NUNCA MATARAM JESUS
"NOSTRA AETATE" CELEBRA ANIVERSÁRIO DE RECONCILIAÇÃO COM POVO JUDEU: FOI O FIM DE 1900 ANOS DE CONDENAÇÃO INJUSTA
ATRAVÉS DO ESFORÇOS DO PAPA JOÃO XXIII E DO PAPA PAULO VI, COMO DO CORPO ECLESIAL DA IGREJA CATÓLICA DA ÉPOCA, FOI RECONHECIDO QUE OS JUDEUS NUNCA FORAM OS CARRASCOS DE JESUS DE NAZARÉ, PONDO FIM A UMA CONDENAÇÃO ABSURDA QUE NOS VALEU POR PARTE DE AUTORIDADES CLERICAIS A ANTIPATIA E O ANTI-SEMITISMO DE QUEM TERIA MAQUIAVELICAMENTE MASSACRADO AQUELE QUE PROS CATÓLICOS SERIA O MASHIACH

O Concílio Vaticano II começou em 1962, no pontificado do Papa João XXIII e terminou em 1965, no pontificado de seu sucessor, Paulo VI. A Igreja Católica entrou uma no Concílio e saiu outra em apenas três anos. Se pegarmos os cinco anos do pontificado de João XXIII mais os dois anos até o fim do Concílio II, tivemos os sete anos mais intensos e revolucionários no Ocidente na Idade Contemporânea. Dentre as muitas e muito intensas mudanças protagonizadas pelo Concílio II tivemos um divisor de águas na História do Ecumenismo que foi a encíclica "Nostra Aetete". A partir dela nunca mais a Igreja Católica se referiu a morte de Jesus como trama arquitetada por judeus e é bom que se diga de passagem que qualquer clérico católico que insistir nesse absurdo está em descompasso com a própria hierarquia da religião que ele segue.

Como todo processo revolucionário, o pontificado de João XXIII não foi uma unanimidade logo de cara. Sua assessoria tem o mérito de ter implementado uma política revolucionária tão bem aceita, considerando o quão impactante ela foi. Esses esforços permitiram que a Igreja Católica superasse os grilhões do conservadorismo com relativo sucesso. Não se alterou fundamentalmente os marcos da sociedade russa com a Revolução Bolchevique porque algumas de suas formas de opressão foram praticadas pelos protagonistas das mudanças. Muitas cabeças tiveram que rolar porque a população russa não estava preparada para assimilar todos os enfrentamentos dessa política de rupturas. Sem culpar os bolcheviques pelos descaminhos da guerra revolucionária, o fato é que a inexistência de um debate aprofundado e longamente desenvolvido nos diversos segmentos da sociedade exigiu da ruptura um sacrifício incalculável. Graças a João XXIII e Paulo VI, quando os cátólicos embarcarem na ruptura, uma quantidade menor de sacrifício será feito porque o terreno já está preparado para uma tomada de consciência planetária para os católicos assumirem um papel na transformação--e graças a "Nostra Aetete", eles esta~rão do lado dos judeus quando o momento chegar.

Mas nem tudo são flores. Grupos como a T.F.P., que infiltraram suas ideologias reacionárias no seio da comunidade católica ainda não aceitam praticamente nenhuma das revoluções que João XXIII apresentou para o catolicismo. Uma outra religião de doutrina cristã, chamada de "Sagrada Família" nasce especificamente através de uma ruptura com "Nostra Aetete". O caráter anti-anti-judaico da encíclica é justamente o que irrita esses dissidentes que não coseguem aceitar uma Igreja Católica que não responsabilize os judeus (e SÓ os judeus, diga-se de passagem) pela morte de Jesus de Nazaré. O Papa Paulo VI tem fibra, coragem e coração para dar continuidade ao concílio Vaticano II em todo o seu afã libertador, e com a promulgação de "Nostra Aetete" no dia 28 de outubro de 1965, no segundo ano de seu pontificado ele deixou bem claro que o anti-semitismo jamais poderia ser uma política da Igreja. Com isso, ele provocou a ira dos fundadores da "Sagrada Família" que optaram por um cisma com a Igreja pelo pior motivo imaginável.

A verdade é que segundo a tradição cristã, os judeus jamais poderiam ter se envolvido na morte de Jesus. Os cristãos crêem que Jesus foi condenado no Pessach, e que de fato a Última Ceia que tem um significado bem especial no Evangelho seria um jantar de Pessach. Não apenas a tradição judaica sempre proibiu qualquer procedimento judicial de ocorrer no Pessach, seja no sentido de investigação, condenação ou execução, nenhum tipo de esforço administrativo pode ser feito no Shabat, que começa na noite de sexta-feira--o que inclui a Sexta-Feira Santa, o Dia da Paixão, em que Jesus fora crucificado. Inclusive os grandes historiadores do período, como Flávio Josefo, registram que de fato Jesus morreu crucificado, o que corresponde a uma forma de execução tipicamente romana, o que inclusive desmonta a teoria de que sua execução fora exigida pelo povo judeu contra a vontade do oficial romano Pôncio Pilatos. Nunca na história romana a crucificação foi implementada sem uma decisão expressa das autoridades romanas, então é impensável que uma única vez essa prerrogativa fosse entregue á população---quanto mais uma população que nem romana era!

sábado, 20 de outubro de 2007

"Quando eu morrer, D'us não me perguntará: 'Zusya, por que não foste que nem Moisés?' D'us perguntará: 'Zusya, por que não foste mais que nem Zusya?'"

Rabino Zusya, líder Chasídico do século XVIII

Governo Sérgio Cabral Filho Bate Recorde de Massacres

General Nílton Cerqueira, Josias Quintal, Anthony Garotinho, Marcelo Itagiba Se Consagram Pelas Mãos de José Mariano Beltrame
A POLÍTICA DE EXTERMÍNIO DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ATINGE NOVOS VÔOS NO GOVERNO DE SÉRGIO CABRAL FILHO
"É uma GUERRA, e na guerra também morrem inocentes." (José Mariano Beltrame, Secretário de Segurança Pública do Governo Sérgio Cabral Filho)
A política de segurança pública que vigora no Rio de Janeiro é UMA. Não é uma política de trazer segurança ao público. O público não está seguro. Quem tem acesso a segurança privada está proporcionalmente mais seguro que quem não tem. Por conseqüencia, entende-se que a segurança pública, ao qual o público tem acesso, não é segura. A segurança pública, cujo objeto é a segurança, não é pública. Uma política com esse intuito poderia até fracassar, mas não é o caso. Fracasso por fracasso, melhor não fazer nada. Alguma coisa a Secretaria de Segurança Pública faz. Dinheiro ela gasta, gente nela trabalha, mobilização ela faz. O que ela não faz é trazer segurança ao público.

A política de segurança pública que vigora no Rio de Janeiro é UMA. Não é de combate ao crime. Poderia se dizer que a Secretaria de Segurança Pública não traz segurança ao público porque ela combate o crime, e esses combates são duros e afetam as vidas dos cidadãos fluminenses. Não há segurança mas o crime é combatido. Mas nem isso. Não se combate o crime. Tortura é crime. A tortura não é combatida. Chacina é crime. A chacina não é combatida. Trabalho escravo é crime. O trabalho escravo não é combatido. Fala-se de combate ao crime com imagens de traficantes de drogas sendo algemados e colocados em camburões. Sonegar imposto é crime, mas não se associa o combate ao crime a imagens de mirrados fiscais da Receita intimando pessoas a depor. De algum modo não temos registro no Acervo Combate ao Crime de fotos de pessoas de camisas de colarinho branco boquiabertas ao receber agentes da lei em seus apartamentos ou escritórios com mandados de busca e apreensão. Por algum motivo, as fotos do Acervo Combate ao Crime envolvem alguém com farda e uma arma, geralmente contra alguém sem, numa área urbana empobrecida. Combate ao crime trata o crime como um conceito, e não trata de combate a UM crime.

A política de segurança pública que vigora no Rio de Janeiro é UMA. É a de combate de um crime específico? Narcotráfico, digamos? Não. As ações da Polícia fazem uso desse entendimento, lógico. A Polícia do Estado do Rio de Janeiro não é uma daquelas invisíveis, que mal se percebe que existe. Agir, ela age. Age no combate ao tráfico? As ações da Polícia seriam intensas e numerosas o bastante para combater o tráfico. As pessoas usam drogas. As pessoas compram drogas. As pessoas vendem drogas. As pessoas tem maior acesso a drogas do que às suas meias. Isso num aumento exponencial. A Polícia age, mas a ação dela não tem nada a ver com drogas. A Polícia age nas periferias e nas favelas e não há grandes traficantes de drogas nessas áreas. São áreas pobres onde o dinheiro do tráfico não está localizado.

A política de segurança pública que vigora no Rio de Janeiro é UMA. É a de manter a população sob controle? Não. A Polícia sobe favelas mas não entra em condomínios. População se refere a uma totalidade.
É a de manter OS POBRES sob controle? Sim. Mas isso por si só não basta. Afinal, os policiais são seres humanos que nascem, respiram, sangram, gostam de comer quando sentem fome e dormir quando sentem sono. E são pobres. A política de segurança pública é uma que envolve a repressão aos pobres, mas é efetuada por pobres também. Ela serve para quê? Para manter a ordem capitalista? Nem tanto, o narcotráfico não é um kibbutz. Não há absolutamente nada a respeito do narcotráfico que não seja capitalista. O grande consumidor do narcotráfico tem dinheiro. O grande financiador tem muito dinheiro. A mão-de-obra tem pouco dinheiro. E pouca saúde. E não muito espaço de progesso. Me parece um sistema bastante capitalista.

O que temos é uma Guerra? Como disse o Secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame? Se é uma "guerra" é contra quem? Contra o crime? Então as autoridades não cometem crimes? Ah, então não é contra qualquer crime, é contra o crime de quem não é autoridade, aliás, de quem é pobre. Mas espere: quem é o inimigo? E qual é o objetivo militar? E quais são as trincheiras? E quem a declarou? E contra quem a declarou?

Não é uma guerra. Até mesmo uma guerra tem de respeitar as convenções de Genebra. Usa-se uma retórica de guerra, lógico, para justificar o massacre, para passar a impressão de que determinadas condutas incompatíveis com o Estado Democrático de Direito sejam aceitáveis. Mas se for uma Guerra, então José Mariano Beltrame e Sérgio Cabral Filho são Criminosos de Guerra. Entre janeiro e julho de 2007, desde que Cabral Filho tomou posse, a polícia matou 694 pessoas. É um aumento de 33,5% em relação ao mesmo período no ano anterior. O Tribunal Internacional de Haia julgará Sérgio Cabral Filho e José Mariano Beltrame nos termos de uma Guerra? Esse massacre, sob o ponto de vista do agressor, é uma guerra em seu bônus, mas não é guerra no ônus.

O que temos na política de segurança pública no Estado do Rio? Policiais, em sua maioria negros e pobres, muitos descendentes de nordestinos. Com suas incursões em comunidades cuja população é em sua maioria negra e pobre, com muitos descendentes de nordestinos. Por que é tão difícil para as pessoas verem que os opressores só são diferentes dos oprimidos na farda? No emblema? No aval do Estado? É a Polícia que oprime?
Nem tanto, porque se a Polícia do RJ é a que mais mata do mundo, por outro lado também é a que mais morre. Ela oprime e é oprimida. O cidadão desprivilegiado é quase que só oprimido. Quem oprime não morre. Oprime quem nem sujar as mãos precisa, de tão privilegiado. Policias são pobres a serviço de privilegiados com a missão de matar miseráveis. Assim como na Europa nazi-fascista os Judenrat eram judeus a serviço dos nazistas com a missão de policiar judeus. Os Judenrat eram os grandes vilões? Cometeram atrocidades, é verdade. Tiveram outra opção? Argumenta-se que não: judeu sob o jugo do nazismo ou persegue outros judeus ou é perseguido. Pobre sob o jugo da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro ou persegue outros pobres ou é perseguido. Qual o nome dado a uma política de massacres própria de uma guerra mas que não envolve uma declaração de guerra, nem pode ser processada judicialmente com o status de guerra?

A política de segurança pública que vigora no Rio de Janeiro é UMA e ela tem UM nome: EXTERMÍNIO.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

25 ANOS SEM PIERRE MENDÈS-FRANCE

UM LÍDER FRANCÊS DO SOCIALISMO JUDAICO
Reconheceu a Independência do Vietnã e Defendeu a Libertação da Argélia

Nascido Pedro Mendes da França, consagrado com o nome Pierre Mendès-France, um dos grandes estadistas franceses a se bater abertamente contra o imperialismo de seu próprio país sobre as nações da África e da Ásia que viviam sob o jugo do país da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade." Doutor em Direito pela Universidade de Paris e membro mais jovem a ingressar na ordem dos advogados na França. Nascido de origem judaico-portuguesa, um lusitano sepharadi, judeu da Península Ibérica descendente dos tempos em que ela era controlada pelos mouros que, professando a fê islâmica, construíram uma sociedade em que conviviam em harmonia muçulmanos, cristãos e judeus, caracterizando o apogeu da tolerância religiosa e respeito cultural na História dos países que hoje conhecemos por Portugal e Espanha. Os judeus dos domínios dos mouros criaram a cultura sefaradita, e desenvolveram o Ladino, língua que mistura Hebraico e Espanhol Arcaico.

Pierre Mendès-France encarnava o legado dessa integração cultural tendo nascido no auge da colonialismo francês moderno, no dia onze de janeiro de 1907, época em que o imenso império francês se estendia da costa de Guiné até as ilhas da Polinésia, com enormes colônias no Norte da África e através das região sudanesa, bem como em terras indochinesas, conchinchinesas e martinicanas. Como integrante do Partido Socialista Radical, Pierre Mendès-France estaria presente em alguns dos grandes desdobramentos históricos em que as colônias ultramarinas da França iriam arrancar da metrópole sua independência. Filiado desde 1924, e eleito parlamentar pelo distrito de Eure em 1932 (o mais jovem da França até então) integrou o gabinete do governo do Primeiro-Ministro Léon Blum nos anos 30. Primeiro socialista a se tornar chefe de governo no Ocidente, Léon Blum era judeu como Mendès-France (que foi seu Ministro das Finanças em 1936), e assim como Mendès-France, foi um dos únicos judeus a ser chefe de Estado na França. Assim como Blum, Mendès-France foi encarcerado por agentes do governo golpista de Vichy por ser judeu (na época era piloto da Força Aérea Francesa) e entregue às autoridades nazi-fascistas com quem os líderes de Vichy colaboravam. Oficialmente fora acusado de deserção da Força Aérea, embora tivesse sido leal à Pátria a todo momento, mas em 1942 conseguiu escapar das forças do Eixo (Blum não teve a mesma sorte: foi enviado para Auschwitz, onde resistiu e sobreviveu) e se instalou na Grã-Bretanha como parte do Governo Livre Francês, encabeçado pelo General Charles DeGaulle, fundador da Quarta República francesa, que o nomeou Ministro da Economia Nacional em setembro de 1944, com a França já libertada do Eixo.
A aliança com DeGaulle durou pouco: seu Plano Ecônomico de Controle da Inflação previa garantias estatais de integridade dos salários, enquanto que o Ministro de Finanças René Pleven (membro da União Socialista e Democrática da Resistência) aceitava a regulação do livre mercado. O conflito entre os dois levou Mendès-France a renunciar ao cargo, e em reconhecimento ao seu valor DeGaulle o apontou diretor do B.I.R.D. e da UNESCo. Mendès-France se reelegeu em 1947 e em três anos se tornaria o maior antagonista do imperialismo francês no Parlamento. Sua plataforma de libertação das colônias o levou a montar um governo de coalizão em 1953, que ao conquistar a maioria da Casa em 1954, deu-lhe o cargo de Primeiro-Ministro e Minstro das Relações Exteriores, derrotando o gabinete de Joseph Laniel, desgastado pela derrota em Dien Bien Phu (Vietnã) pelas guerrilhas do Viet Minh. A primeira ação de Mendès-France como primeiro-ministro foi justamente o reconhecimento da independência do Vietnã conquistada pelo Viet Minh pelo seu líder Ho Chi Minh (pseudônimo de Ngyuen Sinh Cung); em seguida, assinou um acordo de paz com a colônia da Tunísia, libertada por Habib Bourguiba, marcando sua independência para 1956. Mendes-France conseguiu que 89% da Assembléia Nacional Francesa referendasse seus acordos de paz, mas a extrema-direita na França foi implacável em seus ataques, sempre com fortíssimo teor anti-semita. O mais violento opositor de Mendès-France, Jean Marie Le Pen declarou ter uma repulsa "patriótica", "quase física", pelo primeiro-ministro judeu. Mendès-France inclusive sobreviveu a uma tentativa de assassinato pelo mercenário anti-socialista Bob DeNard.
Pierre Mendès-France não se fez de rogado e continuou com suas iniciativas inéditas, inclusive se reunindo com os grupos nacionalistas marroquinos. Uma tentativa semelhante de negociações com os nacionalistas argelinos recebeu a oposição furiosa de boa parte dos pieds-noires, franceses nascidos na Argélia que chegavam a um milhão. Para avançar nas negociações pela independência dos argelinos, Mendès-France sacrificou sua popularidade e por se recusar a voltar atrás no processo de paz sua bancada na Assembléia se fragmentou, e seu governo se desfez em 1955. O novo gabinete de maioria parlamentar, controlado pelo Partido Socialista da Internacional dos Trabalhadores, acabou cedendo à tenacidade de Mendès-France e em 1956 o Primeiro-Ministro Guy Mollet o convocou para ser Ministro do Estado a fim de sustentar sua coalizão, mas a insistente defesa de Mendès-France pela soberania argelina o pôs em confronto com Edgar Faure, o principal líder do Partido Socialista Radical entre defensores de uma postura ambígua perante a Argélia. Esse confronto levou Mendès-France a renunciar à liderança do Partido mas mesmo assim ele se tornou o protagonista da União das Forças Democráticas, a coalizão de esquerda que se opunha ao retorno de Charles DeGaulle. Quando o Partido Socialista Radical optou por apoiar DeGaulle, o grupo de Mendès-France rachou e junto com a esquerda radical da União das Forças Democráticas formou o Partido Socialista Unido e na posição de líder do partido apoiou as revoltas de Maio de 1968 na França, algo muito incomum entre políticos idosos. Três anos depois apoiou François Miterrand (que fora seu ministro) em 1971 na construção de um novo partido mas jamais regressou à política e morreu há vinte e cinco anos atrás essa noite, dois anos após a chegada do grupo socialista de miterrand chegar ao poder.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

DIA MUNDIAL DE ERRADICAÇÃO DA POBREZA

OS OUTROS 364 DIAS SÃO OS DIAS DE ERRADICAÇÃO DOS POBRES

Erradicação como um processo permanente, interminável, você atira para matar para manter todos sob controle. Exterminar os pobres não é o objetivo, o objetivo é explorá-los, mas quem vai dirigir ônibus, fazer a faxina, catar o lixo, vigiar o portão, fazer a obra, instalar o cabo se não tivermos pobres? A pobreza é o que sustenta o nosso sistema e avaliza os estilos de vida. "A classe média costuma a dizer 'Cuidado com o dia em que o morro descer!' Ele deveria estar preocupado com o dia em que o morro NÃO descer. Quem vai trabalhar para o rico? Ele vai conseguir fazer as coisas sozinho?" (Marcelo Freixo)


segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Abertas, JÁ!!

PELA ABERTURA DO SIGILO BANCÁRIO DE AUTORIDADES ELETIVAS
UM PROJETO DE LEI DE INICIATIVA POPULAR

O que é o "Abertas Já"?
O "Abertas Já" é uma campanha idealizada e planejada pelo M.O.I.S.H.E.-H.E.S.S. para coletar as assinaturas necessárias para encaminhar um projeto de lei de iniciativa popular para o Congresso que busque dificultar a vida política dos corruptos do Brasil.

O que é um Projeto de Lei de Iniciativa Popular?
Um Projeto de Lei de Iniciativa Popular é um mecanismo que o cidadão pode usar para encaminhar ao Congresso uma proposta de legislação sem depender da iniciativa dos deputados e senadores. Qualquer cidadão pode elaborar o texto do Projeto de Lei e ao conquistar um número mínimo de assinaturas, o projeto entra na pauta do Congresso independentemente da vontade dos parlamentares e do Governo.

Qual é o número mínimo de assinaturas que um P.L. de Iniciativa Popular precisa ter para entrar na pauta do Congresso?
O parágrafo segundo do artigo 61 da Constituição da República Federativa do Brasil regulamenta a Iniciativa Popular, e determina que ela seja assinada por 1% do eleitorado brasileiro para ser enviada ao Congresso. Esses 1% de signatários precisam ser de cinco Estados diferentes, pelo menos.

Esse 1% do eleitorado tem que ser distribuído igualmente entre esses cinco estados?
Não, a única restrição de distribuição que a Constituição prevê é que em cada um desses cinco estados tenha 0,3% de seu eleitorado assinando a proposta.

E isso dá um total de quantos assinaturas?
Segundo dados fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral, o eleitorado do Brasil é de 130.969.915 eleitores. A iniciativa popular precisaria, portanto, de 1.309.700 assinaturas, pelo menos. O eleitorado do Rio de Janeiro é de 10.891.293 eleitores, então para o Rio de Janeiro ser considerado um dos cinco estados onde 0,3% do eleitorado assine a Iniciativa Popular, dessas 1,3 milhão de assinaturas, 32.674 signatários terão de ser eleitores fluminenses.


E o que o P.L. do "Abertas Já" propõe?
Propõe que todos os candidatos eleitos para cargos públicos tenham seus sigilos bancários abertos antes de serem diplomados e tomarem posse.

E como isso combate a corrupção?
Se cada político eleito tomar posse com os sigilos bancários já abertos, não será necessário criar uma C.P.I. e através dela aprovar essa quebra de sigilo. Se as contas de um político mostrarem o envolvimento com algum esquema de corrupção, isso poderá ser aferido desde o seu primeiro dia de mandato.

Mas isso não exigiria um esforço enorme o Poder Público? Um presidente, 27 governadores, 81 senadores, 513 deputados, 5.564 prefeitos centenas de deputados estaduais e dezenas de milhares de vereadores, com suas contas bancárias abertas todo o mês? Não seria muito caro sustentar a burocracia de fiscais que pudessem estar checando essas contas todas mensalmente?
Lógico que sim. Isso implicaria num aumento significativo de gastos. Mas é um investimento. Se você abre o sigilo bancário de qualquer pessoa no exercício de um cargo público, você desencoraja pessoas com contas comporemetedoras a disputar cargos públicos. Com isso você economizaria uma fortuna do erário público, é dinheiro que não acaba mais, dá pra cobrir os gastos da fiscalização com 1% do dinheiro economizado. Sem falar que fazer C.P.I. não será aquele empurra-empurra para quebrar ou manter os sigilos bancários dos próprios deputados e senadores.

Mas por que propor isso na forma de Iniciativa Popular? Conseguir essas assinaturas não será uma tarefa hercúlea? Não seria mais fácil pedir para um parlamentar escrever um Projeto de Lei normal com esse teor?
Causas verdadeiramente nobres são mesmo desafiadoras. Com 1.000.000 de sassinaturas de cidadãos, de ELEITORES, esse projeto de lei vai ter muito respeito no Congresso. O parlamentar que criar dificuldades para sua aprovação vai ficar com a pecha de desonesto. É caso de fazer cartazes com fotos dos parlamentares dizendo "ESSE FULANO NÃO QUER ABRIR AS CONTAS" ou "BELTRANO COMBATE INICIATIVA DE UM MILHÃO DE PESSOAS". Isso marca o político. A questão é fazer dessa campanha pelo recolhimento das assinaturas um verdadeiro fenômeno de mídia. Imagina a imagem negativa de quem votar contra!

O Congresso tem uma cacetada de projetos de leis que levam séculos para serem colocados em votação. As mesas diretoras engavetam, parlamentares propõem emendas, substitutivos, o Governo entope a pauta com medidas provisórias e o que interessa mal é discutido. Pois se nós fizermos um fenômeno de mídia com essa Iniciativa Popular grande o bastante para conseguir 1.000.000 de assinaturas, então será grande o bastante para ter um acompanhamento intenso do trâmite, a exposição diária dos parlamentares que estiverem facilitando ou dificultando a aprovação. A pressão popular direta será muito maior e mais eficaz no sentido de aprovar essa lei.

Sem falar que a Iniciativa Popular é uma conquista do povo brasileiro, é uma arma democrática nas mãos do cidadão. É um direito assegurado pela Constituição, mais um dos muitos que nós mal sabemos que temos. Uma campanha dessas irá chamar a atenção nacional desse poderoso instrumento de defesa contra os desmandos dos políticos. E pode encorajar o surgimento de novas Iniciativas Populares, construir uma democracia em que fique bem claro que o político está a serviço do cidadão. É a Democracia Participativa se consolidando.

Nietzsche, que o Nazismo Perverteu e Chaplin, que Subverteu o Nazismo







O Dia Quinze de Outubro Celebra o Aniversário de Dois Alemães Incompreendidos Em Seu Tempo: Friederich Nietzsche e Adenoid Hynkel

Ambos nasceram na década de quarenta. Um, no século XIX. O outro no século XX.
Mas foi o século XX que se identifica através deles. Um declarou a Destruição da Moral; o outro decretou a Moral da Destruição. O primeiro identificou o horror no racionalismo que definiria o século XX. O segundo definiu o racionalismo como horror que identificou o século XX. O primeiro, gênio chamado de louco e o segundo, louco chamado de gênio. Friederich Nietzsche morreu no último ano antes do cruel século XX e quarenta antes de surgimento de Adenoid Hynkel, a encarnação da crueldade desse século.

Nietzsche propôs a abolição do moralismo, filosoficamente sem valor. Com a derrocada do moralismo, a morte de D'us, tudo estava permitido e o Homem poderia partir para um salto na filosofia--o de ser übermensch, o Super-Homem. Após sua morte, entretanto, e com o aval de sua irmã anti-semita, os próceres do totalitarismo genético, os nazistas, se apropriaram do conceito de Super-Homem para decretar a existência de uma super-raça--e pregar o extermínio das raças inferiores.

Essa apropriação pervertida foi absurda por vários motivos, a começar por estar a serviço de uma nova Moral Absoluta--a hegemonia da Raça Superior--quando o Super-Homem de Nietzsche era caracterizado justamente pela superação da moral--que dirá uma moral genética, ainda mais determinista que qualquer moral religiosa. O absurdo da filosofia nazista seria cômica se não fosse tão trágica--mas sua inanidade cômica foi exposta com o filme "O Grande Ditador" em que Charlie Chaplin ridiculariza Adolf Hitler na figura de Adenoid Hynkel. Na época de sua produção, Chaplin foi criticado por enfatizar o cômico em detrimento do obviamente trágico do nazismo. Em analogia a Nietzsche, Chaplin estava adiante de sua época. Foi a Guerra que precipitou a época, e como ela divdiu as águas da História, a partir dela Chaplin e Nietzsche foram alcançados. Na mesma data, com o lançamento de "O Grande Ditador" no nonagésimo-sexto aniversário de Nietzsche, o mundo estava pronto para eles. Não por acaso, Nietzsche falava do Nascer-Póstumo, mal traduzindo, o homem que nasce em um descompasso com sua época.

Nietzsche, um enfático opositor do anti-semitismo, teve sua obra pervertida pela irmã, que se tornaria uma fanática defensora do anti-semitismo nazista. O Luís Fernando Veríssimo costuma dizer que o chargista está adiante de seu tempo, pois hoje faz risada de todas as tragédias com as quais nos resignamos dizendo "um dia olharemos para trás e iremos rir disso tudo." Chaplin é como um chargista, e o Adenoid Hynkel, a risada à ideologia nazista com sua estética obsessivamente helênica-platonista se apropriando de metades de discurso de um ferrenho crítico do racionalismo platônico. Já foi dito que "o artista não está a frente de seu tempo; ele é o seu tempo, e os outros é que estão atrás." Bem, Chaplin e Nietzsche eram seus tempos, os outros estavam atrás e os alcançaram na guerra. Se Nietzsche não tivesse enlouquecido até a morte, a loucura do nazismo o teria enlouquecido, até a morte. Caso contrário, só restaria achar graça, alguma graça, como fez Chaplin.


Parafraseando Woody Allen, "D'us está morto, Nietzsche também, e ninguém está se sentindo muito bem."

domingo, 14 de outubro de 2007

M.O.I.S.H.E.-H.E.S.S.
Movimento Organizado Israelita de Solidariedade, Herança e Estudo
Humanismo, Engajamento Socialista, e Sionismo

Nome em homenagem ao pensador que definiu os marcos do Sionismo político e do Socialismo democrático, Moses Hess, com o nome em hebraico Moishe para enfatizar o caráter cultural do movimento

Organização de judeus jovens reunidos para fortalecer a identidade cultural judaica e resgatar suas contribuições ao pensamento de esquerda mundial

Objetivos:
*organizar a juventude judaica em torno de estudos em prol da valorização do legado cultural do nosso povo;
*promover debates e eventos que busquem mostrar à comunidade maior a riqueza no pensamento judaico bem como estimular um sentimento de pertencimento na comunidade judaica com esse patrimônio histórico, sobretudo entre os jovens;
*estudar as formas de pensamento heterodoxas que judeus apresentaram ao longo da História, e entender o desenvolvimento das escolas associadas a essas linhas de pensamento;
*articular campanhas de civismo e mobilização política em defesa da democracia republicana como fora teorizada por intelectuais judeus;
*disseminar a identidade popular dos judeus mundialmente num movimento pelo estabelecimento de uma república judaica progressista e respeitosa dos Direitos Humanos;
*resgatar as contribuições de acadêmicos judeus para as diversas ideologias associadas com a esquerda e a democratização da sociedade;
*encorajar a participação da juventude nos espaços e nas organizações oferecidas pela comunidade judaica;
*estimular um debate crítico a respeito da trajetória histórica do povo judeu e dos rumos da comunidade judaica contemporânea;
*pesquisar as raízes de linhas modernas de pensamento que se encontrem na sabedoria milenar judaica;
*analisar o impacto cultural do povo judeu na História das Civilizações;
*integrar jovens judeus em atos a favor do equilíbrio social humanitário e em prol da conservação da identidade judaica frente as pressões de assimilação;
*envolver judeus nas grandes manifestações pela construção de uma sociedade mais humana e igualitária;
*fortalecer a discussão sobre a importância da espiritualidade e do ativismo na cultura judaica